Ambiente de festa, 38 mil pessoas acorreram ao Estádio de Alvalade para assistir ao embate entre Sporting, o anfitrião, e FC Porto, o visitante. O Porto, que não vencia o Leão em casa deste há seis temporadas, tentava impôr a superioridade que os milhões assim exigiam. Mas foi o Sporting a entrar de modo avassalador, com um golo madrugador, logo aos dois minutos. Jonathan Silva, herói improvável, cabeceou para as redes portistas após jogada brilhante de Nani e centro de Carrillo.

Sporting aturdiu Porto e fez do rival vassalo

A primeira parte resumiu-se a um total domínio leonino, tão substancial como há muito não se via em Clássicos. O golo do jovem Jonathan, que arredou Jefferson para a bancada, aturdiu o Porto e cedo semeou a dúvida no coração e na mente da formação de Lopetegui, que se amedrontou perante a forte pressão leonina, feita em todos os metros quadrados do campo. Sem capacidade de reacção colectiva, o Porto cedia o meio-campo e perdia todas as batalhas perante a pressão do tridente central do Sporting e a intensidade de jogo apresentada pelos extremos Nani e Carrillo e pelos laterais Cédric e Jonathan.

A superioridade sportinguista consumou-se em duas ocasiões flagrantes de golo, ambas finalizadas por João Mário: na primeira, Fabiano respondeu com perícia ao tiro do jovem médio, feito à entrada da área, na segunda, pouco poderia fazer o brasileiro, já que o cabeceamento de João Mário foi executado a curta distância da linha de golo - valeu a errónea direcção do disparo. O Porto, confundido pela sua própria (in)definição a meio-campo, era incapaz de construir e transportar jogo de forma apoiada, esbarrando na densidade da pressão leonina.

Nani, que através dos seus movimentos interiores foi dinamitando as linhas portistas (o golo surgiu de uma arrancada na zona central), teve nos pés uma chance fenomenal para aumentar a vantagem no marcador, mas o remate desferido, à entrada da área de rigor, foi directamente para as mãos de ferro do guardião Fabiano, tantas vezes solicitado a jogar com os pés devido ao tremor portistas em sair a jogar, a que se juntou a competente e incansável pressão táctica do Sporting.

Óliver pegou na batuta e o Porto regenerou-se

Ao som do compasso cerebral de Óliver Torres, o Porto finalmente começou a pensar o seu jogo a meio-campo, ligando-se entre a zona média e o trio ofensivo do seu típico 4-3-3. Lopetegui não adiou a decisão e lançou, aos 46 minutos, o jovem espanhol juntamente com o extremo seu compatriota, Tello. Com Óliver em campo, o Porto ganhou um organizador de jogo capaz de transportar a bola em velocidade e definir passes de ruptura que propiciassem rasgos a Jackson, Tello e Brahimi.

Logo essa vantagem teórica se materializou: o Porto ganhou profundidade e largura na órbita de Óliver e Herrera, projectando os seus alas (Danilo e Alex Sandro) e ganhando espaços para a progressão dos seus jogadores mais adiantados. Foi assim que o golo do empate surgiu - jogada de três passes, Danilo perfurou pela direita e centrou para o interior da área, onde Sarr, atabalhoado, marcou auto-golo. Antes, Jackson falhara o empate de modo inacreditável: isolado pelo passe mágico de Brahimi, rematou para a defesa de Patrício.

Taco-a-taco na recta final com o Porto a esbanjar o triunfo

O Porto superiorizou-se na segunda parte mas nunca o Sporting baixou os braços, não abdicando de colocar a baliza de Fabiano em perigo. Capel estoirou um míssil que embateu na trave, e Herrera respondeu com um remate em arco, defendido com mestria por uma das grandes figuras do Clássico, Rui Patrício. Quem sintonizasse a televisão no Clássico nos últimos 10 dez minutos pensaria certamente que o Porto teria dominado a partida, pela forma clamorosa como desperdiçou o golo da vitória.

Jackson, depois de uma jogada que percorreu ambos os flancos, rematou de calcanhar contra Maurício (pediu-se penalidade devido à mão do central brasileiro) e Tello, fugido à defesa leonina, rematou, no coração da área, a rasar o poste, desperdiçando uma ocasião flagrante para materializar o 2-1. Novo empate em clássicos jogados em Alvalade - o Benfica poderá ser o vencedor da jornada, beneficiando, em caso de triunfo na Amoreira, do atraso de Sporting e de Porto.

Clássico feito de talento

Pontuações VAVEL

Sporting (1) FC Porto (1)

Rui Patrício 8 Fabiano 6
Cédric 6 Danilo 6
Sarr 5 Alex Sandro 6
Maurício 6 Martins Indi 6
Jonathan Silva 6 Marcano 6
William Carvalho 6 Herrera 6
Adrien 6 Rúben Neves 6
João Mário 7 Casemiro 6
Carrillo 6 Quaresma 5
Nani 7 Brahimi 6
Slimani 6 Jackson Martínez 5
Substituições
Capel 6 Óliver 7
Montero 6 Tello 6
Mané 6 Reyes 6