Nunca se começou tão bem na era Jesus

Se for aplicada a análise exclusivamente à prestação na Primeira Liga, nesta altura o Benfica realiza uma prova praticamente intratável, tendo iniciado a temporada doméstica de uma forma até histórica tendo em conta que nunca conseguiu registo idêntico desde que Jorge Jesus tomou posse como treinador das águias - encontra-se invicto e com apenas uma igualdade em sete jornadas, mais precisamente no derby frente ao Sporting.

Num primeiro olhar, será sempre um facto indesmentivelmente positivo para os encarnados, tendo em conta que os dois rivais directos, Sporting e FC Porto, especialmente este último, se reforçaram em relação à época anterior e por isso se apresentam ainda mais fortes na corrente temporada, o que por si só representa um bom sinal para uma equipa que procura o bicampeonato e desde já lidera, o que não sucedia há um ano em semelhante altura.

Por outro lado, será a confirmação de que Jorge Jesus tira de facto, finalmente, dirão alguns, das excelentes condições de trabalho que lhe são oferecidas, um Centro de Estágio de excelência e um poder absoluto no que diz respeito às aquisições que chegam à equipa, o que torna bem mais fácil a margem de manobra de quem lidera as tropas e busca resultados.

Evolução para um futebol mais pragmático ajuda a uma maior coesão defensiva

Para estes resultados positivos contribuirão também algumas mudanças que o tempo, leia-se o passar das épocas, trouxeram ao conjunto encarnado, que antes se conhecia como um ‘carrossel ofensivo’ com reduzidas preocupações defensivas e desde há um ano se apresenta bastante mais pragmático embora bem menos espectacular.

Essa ainda recente abordagem ao jogo motivou queixas anteriores de alguns adversários como Antonio Conte, actual seleccionador de Itália e na época passada treinador da Juventus, na altura em que os campeões italianos foram eliminados precisamente pelas águias na Liga Europa, ainda que com algum exagero e rodeado de alguma ironia, ou não fossem precisamente os italianos os conhecidos criadores do famoso ‘catenaccio’.

Não se deva, contudo, exagerar ao ponto de afirmar que este Benfica utiliza essa estratégia ao estilo italiano, mas sim compreender que a circulação de bola se tornou mais consistente e as características transições rápidas se tornaram mais assertivas e menos problemáticas para quem defende, o que imediatamente permite melhores resultados.

No seguimento de uma época que terminou com uma celebração noite dentro em pleno Marquês de Pombal, a consistência ao nível dos resultados parece indiciar que essas imagens se poderão repetir apenas um ano depois.

Águias darão total prioridade à revalidação do título em relação a garantir outras provas

Ainda assim, o calendário aponta encontros que serão determinantes para o sucesso ou a falta deste, principalmente os dois encontros que oporão as águias ao FC Porto, sendo que duas vitórias, pela forma como decorre esta Liga e em especial a ausência de pontos perdidos frente a equipas de menor dimensão, poderão ser a chave para a revalidação do título nacional.

Que ninguém se iluda: esse será um feito ainda mais desejado pelos responsáveis benfiquistas do que a eventual repetição de vitória de qualquer outra competição. Mais, serão poucos os adeptos a desdenhar dessa mesma vontade que poderia resultar numa época quase perfeita caso a caminhada europeia (cenário mais difícil) e os títulos nas Taças de Portugal e da Liga se viessem a repetir.

No entanto, terá ainda de ser ultrapassada a superstição: na última ocasião na qual arrancou um tão poderoso início de temporada, aos comandos de Jupp Heynckes, os encarnados não lograram a obtenção de qualquer conquista…