«Acertada», foi assim que Cajuda classificou a recente contratação de Fernando Santos, para o cargo que o próprio indica já ter estado perto de tomar. Segundo as declarações em plataforma radiofónica, o treinador português revela que poderia ter sido seleccionador aquando a escolha de Paulo Bento, em 2010. E as críticas ao poder decisor surgem como insinuação de um jogo de interesses para lá do futebol.

«Fui hipótese quando o Paulo Bento entrou. Nessa altura percebi a realidade. Um vice-presidente perguntou-me se eu conhecia alguém importante no Espírito Santo, depois perguntou-me se eu era amigo de um determinado empresário e se tinha alguma coisa com uma marca de equipamentos. Disseram-me que em princípio não seria o seleccionador nacional», revelou.

Paulo Bento foi «vítima»

O actual treinador dos chineses do Tianjin Songjiang, utilizou um discurso recto para descrever a última campanha da Selecção Nacional. «Foi a pior selecção do Mundial», analisou, num contexto em que Paulo Bento foi mais uma «vítima» de más análises federativas. «Até o Paulo Bento estranhou a conclusão (apresentada pela FPF) de que só o médico era responsável”.

E forma como a rescisão com o ex-seleccionador foi processada também não deleita Cajuda, defensor assumido da qualidade profissional do seu par; «Renova um contrato com um treinador para o despedir dois meses depois". É, provavelmente, sinal de que alguém não sabe o que está a fazer».

No decorrer da entrevista, as suas críticas acabariam por assumir um tom mais delator: «No futebol português há excessivas mesas redondas com demasiadas pessoas quadradas à volta dela».

Escolhas de Fernando Santos agradam

«Se eu estivesse no lugar do Fernando faria quase a mesma coisa. Eu convocaria todos, mesmo os que assinaram uma carta a dizer que não queriam mais representar o país. Todos os jogadores que estiverem na plenitude das suas potencialidades devem ser convocados».

É num discurso positivo que Manuel Cajuda analisa os primeiros sinais de uma nova Era na Selecção, que conta com a reintegração de alguns atletas que haviam recusado representar o país, aquando os comandos de Paulo Bento, como é o caso de Ricardo Carvalho ou Tiago.

Para o técnico, a ruptura com uma mentalidade de reformulação da equipa, contando com os melhores reforços disponíveis, independentemente da sua idade ou filiação, é o caminho a seguir,

«As selecções não têm que ser reformuladas. (…) Têm é que jogar melhores em cada momento, tenham eles 37, 38, 39 ou 20 anos e joguem nos clubes grandes ou nos clubes pequenos», opinou.