Uma das grandes curiosidades do futebol está no facto de a partir de apenas um encontro ser possível fazer várias análises, e o Portugal - Holanda em sub-21 é um desses mesmos casos, senão vejamos:

Numa observação mais generalizada, ou seja, a junção das duas mãos e a constatação de que os sub-21 portugueses se superiorizaram à sua congénere holandesa com um agregado de 7-4 que os torna a equipa mais concretizadora entre todas as que disputaram o playoff de apuramento para o Europeu, os adjectivos terão de ser maioritários visto que colocaram a equipa nacional em comparação com todos os adversários com os quais se defrontará na Fase Final.

Quanto a uma visão qualitativa sobre a vitória e ao facto de Portugal ter apontado cinco tentos num só jogo a um rival como a Holanda, ainda que as esperanças ‘orange’ tenham deixado a imagem de uma equipa mal orientada (desorientada?) e, pior, de que a transição da corrente geração de Robin van Persie e Arjen Robben para uma nova era, entre outros, será mais complicada do que se pensava, tenha a opinião terá de ser semelhante.

Devem empregar-se os maiores elogios a uma equipa que demonstra um enorme poder de fogo e um sem-número de alternativas de cariz atacante que condiz com uma equipa de estofo internacional… capaz de garantir títulos, incluindo talentos com uma experiência internacional de monta como presenças em Mundiais, casos de William Carvalho, que chegou a fazer parte da equipa na qualificação e poderá ser ‘repescado‘ para o Europeu, e Rafa.  

Excessivos golos sofridos no encontro foi a única mancha na prestação nacional

Basta perceber que existia muito talento nesta equipa, outros ficaram de fora por diversas razões e ainda são outros os ainda mais jovens, os valores que emergem nas equipas nacionais sub-18, sub-19 e sub-20, que parecem deter condições para dar continuidade a este projecto que parece finalmente garantir a Cristiano Ronaldo a boa companhia que tanto merece na Selecção Nacional A nas épocas que se seguem.

Podem muito bem estar aqui as estrelas do futebol nacional do amanhã…. Ou nem isso. No entanto, nem tudo foi perfeito nesta última participação dos sub-21, saltando á vista a anormalidade dos quatro golos sofridos, uma questão que acabou por ser de somenos importância devido ao facto de o ataque ter estado sublime e ter reduzido ao mínimo o que poderia ter sido um verdadeiro ’berbicacho’. Tudo isto porque a loucura do encontro, permitida pela turma lusa, tornou o desfecho de uma partida de futebol mais parecida com um score de hóquei em patins.

Seria difícil de explicar uma eventual eliminação depois de uma vitória por 2-0 na primeira mão para um conjunto de jogadores que possui já um elevado nível de experiência em virtude de praticamente todos os elementos terem mesmo participações em provas como a Primeira Liga. Contudo, em abono da verdade, esse cenário nunca chegou a estar próximo de suceder.

Alternativas são  muitas, como provou o até então pouco utilizado Tozé

De qualquer forma, uma equipa que sonha em virtude do excelente futebol que pratica não pode dar-se ao luxo de sofrer quatro golos, algo que em circunstância alguma poderá suceder no Europeu. Posta esta chamada de atenção, vale a pena observar de forma mais minuciosa a prestação de alguns atletas em particular nesta partida realizada em Paços de Ferreira, destacando-se dois em particular pela criatividade e acção predominante para o resultado.

Uma das provas de que este plantel possui múltiplas opções encontra-se em Tozé, médio ligado ao Estoril que nem sequer chegou a alinhar em Alkmaar, o que não o impediu de alinhar como titular com uma prestação a um nível em nada inferior ao de Rafa, tendo mesmo sido o autor das assistências para os dois primeiros tentos, da autoria dos dois ‘Rúbens’, Vezo e Neves - será preciso contar também com este pequeno mas muito dinâmico jogador.

Outra escolha óbvia terá de ser Ricardo Pereira, atleta que tem tido a Segunda Liga e o FC Porto B como palco mais habitual e que aproveitou a ’deixa’, leia-se oportunidade, para jogar como avançado, a posição na qual foi formado e na qual poucas vezes tem possibilidade de jogar nos dragões, para brilhar e arrecadar o estatuto de melhor em campo com dois golos apontados, ambos com elevada ’nota artística’.

Para finalizar, deve ser ressalvado o extraordinário trabalho de Rui Jorge, que reciclou o esquema táctico desta equipa, transformando um já perro 4x3x3 num renovado 4x4x2 que fez com que em 10 jogos tivesse conquistado 10 vitórias, ou se quisermos juntar os encontros de preparação um total de 14 triunfos no mesmo número de encontros. Faltando ainda alguns meses para o Europeu sub-21, esta equipa promete.

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