Têm corrido dentro do esperado as carreiras das equipas portuguesas na Liga Europa, Estoril-Praia e Rio Ave, que desde a altura do sorteio estavam cientes das grandes dificuldades que sempre teriam em ultrapassar a fase de grupos da prova - surpresa sim seria um eventual apuramento de um destes conjuntos, verificando-se que tal ainda poderá suceder no caso do Estoril, ainda que nesta altura esteja pouco mais do que agarrado a uma pequena ‘luz’ que, quem sabe, poderá bastar.

No caso do grupo do Estoril foram muitos foram os especialistas que apontaram desde logo o PSV Eindhoven como grande favorito à passagem, esquecendo-se a sua grande maioria talvez por desconhecimento do poderio do plantel do Dínamo de Moscovo, que entrava a partir do Pote 3 mas ameaçava tornar-se o grande ‘outsider’ do grupo.

Não tivesse um plantel composto por estrelas da categoria de Mathieu Valbuena, que há poucos meses atingia os quartos-de-final do Mundial 2014 ao serviço de França, cedo o Dínamo passou para o campo a superioridade que se antevia, tendo já carimbado à passagem à próxima fase depois de ter vencido no Estoril e na noite de hoje enquanto anfitrião ter repetido a dose.

Com um solitário tento em fora-de-jogo do veterano Kevin Kuranyi os russos complicaram as contas do emblema nacional, podendo agora inverter essa tendência e tornar-se o grande aliado da equipa portuguesa visto que ainda defrontará ambos os concorrentes dos ‘canarinhos‘ por um lugar na fase seguinte.

Apesar de faltarem os pontos, o Estoril tem valorizado jogadores na experiência internacional

Para que tal aconteça, na próxima jornada o Estoril terá uma verdadeira final pela frente, recebendo o PSV, deslocando-se depois ao terreno do Panathinaikos, gozando ainda da vantagem estatística que mostra que esse rival teve por derrotas ambos os encontros que disputou em casa e o facto de se encontrar bem distante dos tempos em que dominava o futebol grego para ainda sonhar com uma qualificação que seria a todos os títulos histórica.

Seria uma enorme vitória para Tiago Ribeiro, o presidente do clube da Linha. A acontecer, a eventual passagem muito dependerá da astúcia de José Couceiro, que cumpre a sua primeira época no clube após a saída de Marco Silva para o Sporting, e da inspiração de unidades como Tozé, criativo que vem deixando uma imagem positiva na sua estreia em competições europeias de clubes.

No entanto, ditará o realismo que a contenda é pelo menos complicada, uma vez que apenas a vitória interessa aos estorilistas para além da obrigatoriedade de pelo menos não perder na Grécia - o Estoril terá de recuperar do atraso pontual para o PSV, que se situa em quatro pontos, quando ainda apenas faltam disputar-se seis.

Assim, o Estoril terá de esperar que o já apurado Dínamo continue a apostar tudo para assegurar o primeiro lugar tão cedo quanto possível, vencendo assim os conjuntos grego e holandês enquanto o próprio conjunto luso também tem de o fazer no António Coimbra da Mota visto que ao PSV apenas basta um ponto para confirmar a qualificação. Resumindo, altamente complicado, sim - mas ainda possível.

Já eliminado, o Rio Ave pode lamentar as oportunidades perdidas ante o Steaua

Já o Rio Ave não possui já qualquer hipótese, um insucesso bem distante de um início de época no qual esteve perto de conquistar a Supertaça perante o Benfica. De qualquer forma, em seu benefício os vila-condenses terão o facto de terem sempre tido a consciência de que teriam possibilidades muito reduzidas num grupo encabeçado pelo Dínamo de Kiev, onde alinha Miguel Veloso.

Para além dos milionários ucranianos, o agrupamento do Rio Ave conta também com adversários incómodos como o Aalborg, que esteve perto de se apurar para a Liga dos Campeões, embora em abono da verdade não reúna capacidades para disputar essa mesma competição e por isso estará na prova adequada ao seu potencial desportivo.

Como tal, era expectável que os finalistas vencidos da última Taça de Portugal sentissem dificuldades para somar pontos, tendo esta noite conquistado o primeiro num encontro ante o Steaua de Bucareste no qual esteve por duas ocasiões na frente do marcador e no qual demonstrou uma gritante falta de experiência internacional.

Por via da sua primeira época numa competição internacional e, acrescente-se, ao facto de a Liga Portuguesa não ser ainda tão competitiva quanto o desejável, o Rio Ave pode lamentar o facto de se encontrar já afastado da Liga Europa ainda com dois encontros por disputar.

Sem aspirações desportivas, caberá aos nortenhos aproveitar essas duas oportunidades para continuar a sua aprendizagem e ajudar como puder Portugal no ranking UEFA - quem deu o que tinha, a mais não poderá ser obrigado.