A questão parece arrastar-se desde o dia em que Fredy Montero deixou de marcar golos na época transacta e assume-se, talvez, como a questão central a resolver no jogo do Sporting. A equipa de Marco Silva produz, sabe jogar futebol mas quando chega à hora de finalizar acontece por exemplo o que se viu no passado fim de semana, com Islam Slimani a falhar sucessivos golos.

A escolha entre um e outro jogador prende-se talvez neste caso, com uma questão de gostos ou daquilo que o treinador pode querer para o jogo da sua equipa: se uma equipa com um ponta de lança muito mais posicional e forte no jogo aéreo, ou uma equipa com um ponta de lança móvel, capaz de aparecer entre linhas e de criar a dinâmica de jogo.

A Seca de uns, a sorte de outros…

Se formos comparar os registos de ambos os jogadores, temos Slimani com 43 jogos e 15 golos de leão ao peito (sendo que 5 deles foram apontados em 12 jogos na presente temporada) e Montero com 46 jogos e 19 golos (sendo que 3 foram apontados em 13 jogos esta época). Se tivermos em linha de conta o registo total, Montero leva clara vantagem, sendo que com mais 3 jogos que Slimani leva mais 4 golos, contudo esta época Slimani vai à frente, por uma curta margem mas também com mais jogos a titular do que o colombiano.

Partindo agora para uma opinião mais pessoal, e sem qualquer desprimor pelo argelino, Montero tem que ser o avançado do Sporting. No entanto, para tal acontecer, a equipa tem que saber adaptar um estilo de jogo que era em grande parte dedicado a munir Slimani de oportunidades, ao estilo de jogo diferente de Fredy Montero.

Slimani teve na época passada também a chamada «estrelinha da sorte», pois no momento em que o colombiano deixou de marcar golos, o argelino fez o processo inverso. Não marcou tantos como o camisola 10 dos leões, mas teve a sorte e também, diga-se, a capacidade de os fazer em momentos chave de uma segunda volta atribulada e em clara descida de rendimento que a equipa, outrora liderada por Leonardo Jardim, teve.

Com isto não quero dizer que Slimani seja um mau avançado, longe disso, contudo apresenta graves limitações e lacunas que não o podem fazer um titular indiscutível dos leões. É letal no jogo aéreo e um avançado extremamente agressivo, mas peca por ter um fraco jogo de pés e uma notória dificuldade em se desenvencilhar de adversários (mesmo que esta época se note uma ligeira evolução nesses processos). Em lances de bola corrida pelo chão, denota dificuldades de finalização, falhando muito mais golos do que aqueles que marca.

Em contrapartida, Montero é um jogador muito mais móvel e dotado de uma técnica apurada que lhe permite jogar para a equipa, criando roturas. Movimenta-se entre os defesas de forma ábil e tem talvez na parte psicológica a sua maior lacuna. Muitos dizem que os 13 golos foram apenas “fogo de vista” e que o jogador não é efectivamente um ponta de lança. Na minha singela opinião, um jogador que marca 13 golos no curto espaço de tempo em que Montero os marcou, tem que que saber fazê-lo e ter habilidade para tal, caso contrário, muitos golos certos teriam ficado pelo caminho, como aliás, vemos por vezes com Slimani.

Ambos os jogadores emprestam diferentes coisas em diferentes momentos do jogo, no entanto, considero que Montero reúne todas as qualidades para ser o titular da equipa de Marco Silva, enquanto que Slimani seria talvez o “abre-latas” da equipa, uma arma útil a ser lançada quando é necessário um estilo de jogo mais directo.