A partida que opôs na manhã deste domingo o Atlético de Madrid ao Deportivo da Corunha, e que despoletou uma onda de confrontos violentos entre adeptos dos dois clubes dos quais resultaram uma vítima mortal e mais de uma dezena de feridos, está a provocar uma verdadeira convulsão no futebol espanhol.

Já apelidado de «Juego de la vergüenza» (jogo da vergonha), o encontro está a levantar uma série de questões acentuadas pelo facto deste rescaldo de violência ter ocorrido ainda antes do seu apito inicial.

Às 12 horas da manhã deste domingo (11h em Portugal Continental), a partida referente à 13.ª jornada da Liga BBVA era iniciada ao mesmo tempo que os órgãos de comunicação espanhola davam como "clinicamente morto" um adepto do Deportivo recuperado pelos bombeiros no rio Manzanarre, após para ali ter sido lançado pelos «hinchas» madrilenos.

A Liga espanhola já se demitiu de quaisquer tipo de responsabilidades, tendo emitido um comunicado a dar conta da sua intenção de suspender a partida, algo que se terá apresentado como impossível por «oposição da Real Federação Espanhola (RFEF)», acusam.

O encontro, esse, lá acabou por se desenrolar de forma perfeitamente "natural", como se nos seus minutos precedentes nada se tivesse passado. Assim, os pupilos de Simeone bateram os rivais galegos por 2-0 ao som dos gritos de revolta dos adeptos do Deportivo, apelidando os rivais de «assassinos».

Noutro comunicado, os «colchoneros» afirmaram condenar «energicamente os incidentes ocorridos em Madrid horas antes do jogo da nossa equipa com o Deportivo da Corunha. Os valores que o desporto fomenta devem prevalecer sobre qualquer rivalidade e todos devemos lutar contra a violência».

O balanço final da tragédia é de 1 vítima mortal (após traumatismo craniano e paragem cardiorespiratória) e 11 feridos, resultado de violentos confrontos entre grupos dos dois clubes de futebol em redor do Estádio Vicente Calderón.

Entretanto, desde o início da manhã que a Comissão Nacional Antiviolência para o desporto se encontra reunida a debater o ocorrido, num balanço que é já de 11 mortos por violência no futebol espanhol desde 1982.