A profunda crise em que o Olhanense se encontra mergulhado está a ser aproveitada pelo seu eterno rival, o Sporting Clube Farense, que nos últimos tempos tem recrutado vários antigos ex-colaboradores do clube de Olhão dispensados pela actual estrutura da SAD rubronegra.

O objectivo do Presidente do Farense, António Barão, passará por atacar o "inimigo" e dessa forma reforçar a posição do Farense no futebol algarvio, relegando o Olhanense para um plano secundário.

Depois da contratação de pelo menos um funcionário do departamento comercial do emblema de Olhão e mais recentemente de Abel Xavier, segue-se agora o ataque à figura principal do rival, o capitão Rui Duarte. Em comum entre todos estes antigos-quadros do Olhanense, a ruptura total com a actual administração da SAD liderada pelo italiano Igor Campedelli.

Um «histórico capitão» de partida para o rival

Depois do início de temporada atribulado, a notícia da saída do capitão Rui Duarte do Olhanense, naquela que é a sua décima época ao serviço do clube, vem ajudar a dramatizar ainda mais a grave crise vivida pelo clube de Olhão.

Sem mais nenhuma referência no seu plantel, os adeptos rubronegros entendem a saída do seu capitão, ainda para mais directamente para o rival de Faro, como uma forte machadada numa época turbulenta cujo desfecho está a gerar grande apreensão no seio da família Olhanense.

Perante a oportunidade de garantir um jogador de qualidade para o seu plantel, os «leões de Faro» não se fizeram rogados e encetaram novo golpe ao seu eterno rival. Aos 36 anos, Rui Duarte é mais um elemento da armada rubronegra a desembarcar no São Luís e os números podem muito bem não ficar por aqui. Abel Xavier, conhecedor da maioria dos actuais jogadores do Olhanense, estará interessado em recrutar mais atletas do José Arcanjo para o seu grupo de trabalho, ainda para mais tendo em atenção a iminente situação de litígio entre estes e a SAD do clube de Olhão.

Paixão confirma notícia VAVEL avançada em junho

A forte rivalidade entre Olhanense e Farense, esbatida nos últimos anos, tem vindo a ganhar novos contornos com a inversão de trajectória competitiva das duas formações algarvias. Tal inversão surge associada a dois modelos distintos de gestão que começam agora a ter repercussões diferentes daquelas que tiveram numa fase inicial da sua implementação.

Se no início o avultado investimento levado a cabo pelo Olhanense teve uma correspondência em termos de resultados desportivos, com o clube a permanecer na I Liga por 5 épocas consecutivas, com o avolumar de dívidas, a instabilidade directiva e a mudança de estratégia traçada pela actual administração acabou por se repercutir nos resultados desportivos que atiraram o clube para a II Liga e para a situação financeira dramática em que se encontra.

Jorge Paixão, hoje técnico do Olhanense, confirmou esta semana essa conjuntura e dessa forma a informação avançada em primeira mão por VAVEL, em junho deste ano, chegando ao ponto de dizer que «os jogadores do Olhanense pagam para jogar», numa entrevista que deverá ditar a sua saída do clube. 

A notícia VAVEL, dando conta da existência de salários em atraso a jogadores, técnicos e funcionários por parte da administração que em julho de 2013 comprou 80% da SAD do Olhanense por 1 milhão de euros, alertava para as consequências nefastas dessa instabilidade para a equipa, e a actual 18.ª posição na II Liga, a 2 pontos da «linha de água, assim o parece confirmar.

Os restantes factos revelados em exclusivo por VAVEL, nomeadamente a indiciação do italiano Igor Campedelli, líder da SAD, em processos judiciais relacionados com fraude fiscal e falsa facturação, e a compra de jogadores de qualidade duvidosa com ligações a fundos e empresários do «radar italiano» de Campedelli, antigo Presidente do Cesena, lançaram de resto o alarme junto dos adeptos rubronegros, preocupados com a estrutura amadora que lidera o clube e com a relação conflituosa que tem pautado as relações da Sociedade rubronegra com a presidência do clube, comandada por Isidoro Sousa.

Farense resiste ao capital estrangeiro

Enquanto o Olhanense traçava um caminho de forte investimento, o Farense iniciava um processo de recuperação depois da descida às profundezas dos campeonatos distritais, em 2001/02

O regresso às provas profissionais deu-se em 2012/13, sob o mandato de António Barão, depois de mais de dez anos a tentar reerguer o clube a partir de uma política de rigor que nunca foi abandonada e que faz do Farense uma das poucas formações da II Liga com a sua situação financeira regularizada

Com a estabilização na prova, a ambição do clube da capital do Algarve passa agora pelo regresso sustentado ao escalão maior do futebol português, pegando no exemplo do rival para evitar cometer erros que comprometam o futuro da Instituição. Daí a relutância em aceder, por exemplo, à abertura da sua nova SAD, constituída em 2013, a capital estrangeiro, a exemplo do que aconteceu no Olhanense.

O contrato de uma época e meia oferecido a Abel Xavier pressupõe por isso um ataque em força à subida de divisão já na próxima temporada.