Uma viagem ao Dragão é sinónimo de um bilhete de ida sem volta: o temor encarnado é grande sempre que o Benfica pisa o inferno do Dragão, palco terrífico de derrotas vermelhas repetidas e de triunfos caseiros que a chama portista se encarrega de relembrar, numa constância aterradora. A História empoleira-se nos ombros da armada benfiquista, que esta noite invade o Dragão com o peso da tradição nas costas - em inquestionável desvantagem histórica, é mesmo caso para dizer que, esta noite, o Benfica jantará no magistral inferno do Dragão.

Em 80 partidas disputadas no campo portista, para a Liga nacional, o Benfica apenas logrou vencer uma dúzia de vezes, enquanto o FC Porto bateu as Águias por 49 ocasiões, ou seja, 61% de triunfos em recepções ao rival Benfica. Mais: desde 1978, os encarnados apenas tiveram êxito em duas deslocações ao reduto das chamas portistas, autêntico cenário dantesco para um clube que se habituou, ao longo das últimas 3 décadas, a sair do Porto sem conhecer o saboroso travo da vitória.

Na década de 70 o Benfica venceu por cinco vezes no Estádio das Antas, parando abruptamente de o fazer a partir de 1977, seguindo-se um hiato que durou até 1991. Desse ano adiante, novo hiato que apenas terminou em 2005 - sempre que o Benfica venceu no campo do FC Porto, para a Liga desde 1978, um só homem encarnado marcou os golos de uma vitória sempre construída com um bis sem resposta; primeiro César Brito, em 91, e depois Nuno Gomes, em 2005.

O domínio do FC Porto não merece contestação: nos últimos 20 anos os Dragões ganharam 16 desafios, não dando qualquer hipótese a um débil Benfica que apenas foi capaz de vencer uma vez e empatar três jogos. É contra o registo da memória que a armada encarnada terá que combater, ou não fosse o pesado fardo da História um violento Inferno que, jogo após jogo, teima em relembrar às Águias quem manda nas quatro linhas do Dragão.

A presente década ainda vai a meio mas já vai longa o suficiente para o Benfica ter presenciado alguns dos momentos mais humilhantes, desgostosos e perturbantes da sua centenária História de vida: o pesado 5-0 imposto pelo Porto de André Villas-Boas, em 2010, e o dramático golo do soldado desconhecido Kelvin, nos segundos finais do duelo da decisão do título, em 2013. Vítor Pereira festejou enquanto Jesus se ajoelhou, resignado. Nos cinco desambarques no Porto, para a Liga, Jorge Jesus nunca foi capaz de liderar o Benfica à vitória.

Luisão, símbolo da raça encarnada, é o capitão experiente que, calejado, irá capitanear as tropas encarnadas, enquanto que pelo lado do FC Porto, Jackson Martínez será o cavaleiro negro dos pesadelos benfiquistas. O colombiano já ultrapassou Talisca na lista de melhores marcadores, e promete voltar a fustigar o Benfica. No terreno portista, discutir-se-á a liderança da Liga, e, como bem nos narra a História...será o Benfica que, às 20 horas deste Domingo, jantará no Inferno...do Dragão.

Onzes prováveis do FC Porto x Benfica: