Num jogo em que o Porto teve mais bola e mais oportunidades de golo, foi a eficácia de Lima que acabou por falar mais alto. Muito concentrada e agressiva a defender, a equipa do Benfica aproveitou muito bem as saídas para o ataque e as bolas paradas e soube sofrer. Destaque para a qualidade de Nico Gaitán e para a noite atípica de Jackson, que acertou duas vezes nos postes, falhando dois golos cantados de cabeça na pequena área.

O pragmatismo, maturidade e experiência dos campeões nacionais ganharam à iniciativa e domínio de jogo dos dragões caloiros portistas. O FC Porto quis ter bola, sufocar o Benfica e marcar cedo mas a equipa da capital jogou muito coesa, com o bloco médio mas condicionando a primeira fase de construção do adversário e obrigando a jogar longo.

O FC Porto até entrou mais forte e logo no primeiro minuto de jogo, André Almeida foi obrigado a travar Tello à entrada da área, num lance em que o polivalente jogador do Benfica viu amarelo. Aos 7 minutos o Porto ia chegando à vantagem por intermédio de Herrera. O médio Mexicano dos azuis e brancos não conseguiu finalizar da melhor forma a jogada criada por Óliver Torres. Seguiu-se uma perdida de Jackson, que, a passe de Alex Sandro, permitiu bela defesa de Júlio César.

Depois da entrada mais forte do Porto o Benfica começou a equilibrar o jogo. Pressionando muito bem a primeira fase de construção, com Lima a morder os calcanhares aos centrais do Porto e Talisca a não deixar Casemiro construir, o FC Porto viu-se obrigado a jogar na profundidade e mesmo com mais bola não conseguiu criar oportunidade concretas de golo.

Com André Almeida na direita a vigiar Tello e Maxi Pereira a não deixar Brahimi respirar, o Benfica conseguiu anular o fortíssimo jogo exterior do Porto e obrigou os azuis e brancos a procurar o jogo interior, um dos problemas claros deste Porto de Lopetegui. Com a primeira fase condicionada por Lima e Talisca e com os laterais a controlar a profundidade o Porto tinha mais posse de bola mas sem conseguir criar perigo concreto.

À passagem do minuto 36, num lance algo anedótico, o Benfica chegou à vantagem na primeira oportunidade de golo que criou. Maxi lançou na direita e numa abordagem deficiente ao lance de Danilo a bola sobrou para Lima que encostou com a barriga para o fundo das redes dos dragões. Estava feito o 1-0. Até ao intervalo não houve mais lances de perigo eminente e o Benfica conseguiu ir para o balneário a ganhar 1-0 no dragão. Nem Lopetegui nem Jorge Jesus fizeram alterações e os mesmos 22 jogadores subiram ao relvado para a segunda parte.

No reatamento da partida, o Benfica chegou ao 2-0. Segunda oportunidade de golo e segundo golo dos encarnados, prova da eficácia e concentração máxima dos pupilos de Jesus. Talisca ganhou espaço entre linhas e rematou para defesa incompleta de Fabiano, na recarga Lima não perdoou e fez o segundo da sua conta pessoal. Aos 56 minutos o Benfica, com alguma sorte à mistura, engorda a vantagem.

Lopetegui reagiu depois do 2-0 e colocou Quintero e Quaresma no lugar de Herrera e Tello. O Benfica reagiu sem substituições, com Enzo a recuar muito (a jogar de perfil com Samaris) para evitar os desequilíbrios entre linhas de Quintero.

Até ao final da partida, continuou o domínio do Porto que com Quaresma em campo conseguiu criar mais perigo. Já depois de Luisão sair lesionado o Porto conseguiu criar duas oportunidades claras de golo, com Jackson a acertar por duas vezes nos ferros. O Benfica soube jogar com a vantagem e com o relógio e confirmou o 2-0, carimbando a primeira vitória na invicta a contar para o campeonato no reinado de Jorge Jesus.

Destaques do FC Porto 0-2 Benfica:

Júlio César - Exibição segura do guardião encarnado. Num jogo grande entre equipas grandes é isto que se pede aos guarda-redes, concentração máxima e que digam presente nos momentos em que são chamados a actuar. Na outra baliza Fabiano não soube fazê-lo.

Gaitán - Exibição de encher o olho do mágico Argentino. Novamente ao seu nível no momento ofensivo, sempre perigoso quando tem espaço para arrancar e perfurar entre linhas, Gaitán esteve hoje irrepreensível defensivamente, ajudando e muito o lateral a controlar o jogo exterior do Porto.

Lima – Muito contestado este ano o Brasileiro fez uma exibição de grande nível. Tal como Gaitán foi também muito importante no momento defensivo, condicionando e muito a saída de bola do Porto e funcionando sempre como um «primeiro médio» dos encarnados. A juntar a este trabalho batalhador que é habitual Lima esteve hoje goleador e conseguiu marcar nas duas oportunidades que teve.´

Maxi – Não tendo feito um jogo particularmente incrível, o lateral Uruguaio foi o primeiro lateral a conseguer cancelar o «efeito Brahimi». O jogador do Porto teve grandes dificuldades em impor o seu futebol e Maxi é o culpado. Numa altura em que se fala da saída de El Mono exibição consistente do camisola 14.

Jackson Martinez – Num jogo em que os encarnados tiveram alguma felicidade em chegar aos 2 golos, também Jackson esteve simpático para a equipa visitante. O goleador Colombiano falhou 2 golos na pequena área e nunca conseguiu fugir a Luisão.

Brahimi – O craque Argelino nem cheirou a bola. Mérito para Jesus e Maxi que anularam eficazmente aquele que é o mágico dos dragões. Quando conseguiu fugir à marcação, Brahimi agarrou-se muito à bola e não conseguiu criar perigo para os azuis e brancos.

Fabiano – Mau jogo do guardião Brasileiro, no sentido oposto ao compatriota. Num lance em que o Benfica tem duas oportunidades de golo pedia-se mais ao ex-Olhanense, que tem claras culpas no segundo golo, oferecendo um presente de natal antecipado a Lima.

Quaresma – Mais um grande jogo do Mustang, custa a perceber como não joga mais neste Porto. Muito forte no 1 para 1, conseguiu criar mais dores de cabeça a André Almeida em 30 minutos do que Tello em 60. Entrou forte, deu golos a marcar aos colegas e voltou a dar mostras da sua capacidade.

Jorge Jesus – Custou mas foi. O técnico encarnado conseguiu finalmente ganhar um clássico no dragão para o campeonato e fê-lo com todo o mérito. Frente a uma equipa muito forte e bem reforçada o Benfica soube sofrer e procurar o contra-ataque e a bola parada para fazer golo. Teve sorte mas a sorte procura-se e Jorge Jesus, ao contrário do que é normal, sorriu no fim. Muito inteligente na colocação de Lima para ter mais um jogador a defender, no recuo de Enzo para anular Quintero e no posicionamento mais recuado de Talisca, que foi sacrificado para dar músculo ao meio campo.

Julen LopeteguiSegundo clássico em casa, segunda derrota. Fica a ideia de que Lopetegui ainda não percebeu bem a importância destes duelos e a competitividade do campeonato Português. Num campeonato disputado a 2 e meio (Sporting ainda não disputa consistentemente, ano sim, ano sim o título) um candidato ao título não se pode dar ao luxo de perder estes jogos. Com o Benfica fora da Europa o treinador do FC Porto devia saber que estes 6 pontos vão ser muito difíceis de recuperar.