Depois da derrota para a Taça de Portugal frente ao Braga, os encarnados receberam o último classificado da Liga acabando por vencer o Gil Vicente por 1-0. Numa partida em que Lima e Jonas estiveram ineficazes, destaque para as estrelas Talisca e Gaitán que perfumaram o relvado da luz com técnica e lances deliciosos. O jogador argentino acabou mesmo por ser o herói do jogo, ao marcar o tento solitário que deu a vitória aos comandados de Jorge Jesus, consolidando a liderança isolada do campeonato.

1ª parte: Jonas ameaçou mas Gaitán acertou

O estádio da Luz foi palco de mais um empolgante jogo entre o 1º Benfica e o último Gil Vicente. Depois do desaire para a Taça de Portugal, os sócios e simpatizantes do clube encarnado quiseram dar um voto de confiança à equipa de Jorge Jesus e para este embate em época natalícia é de realçar os mais de 40 mil adeptos presentes no reduto das águias.

Os primeiros 10 minutos da partida foram repartidos em termos de posse de bola com as duas formações a iniciarem o 1º tempo com ritmo e cruzamentos para as respectivas áreas. A estratégia de José Mota surpreendeu Jorge Jesus, com relevo para alguns contra-ataques promovidos por Paulinho e Diogo Viana. A equipa do Gil Vicente apresentou-se bastante subida no terreno mas a audácia dos galos durou pouco e sem lances de verdadeiro perigo para Júlio César.

À passagem do primeiro quarto de hora da 1ª parte, o Benfica tomou conta do jogo territorialmente, mas faltava sempre o último passe para os avançados Lima e Jonas. Perante isto, Talisca subiu no terreno passando a distribuir jogo para os jogadores da frente, onde Jonas e Gaitán se mostraram irrequietos e com intensidade. Depois dos 20 minutos, surge finalmente a 1ª grande oportunidade de golo, com o mágico Talisca a fazer um passe magistral para Jonas, que esteve pertíssimo de inaugurar o marcador valendo para o efeito uma parada impecável do guardião gilista.

Sem criar lances de perigo, o Gil Vicente limitava-se a defender e tratando-se do último classificado da Liga é de destacar a atitude positiva dos gilistas e a boa estrutura defensiva que José Mota criou. Para esta fórmula mais calculosa, o médio João Vilela foi a chave essencial para evitar ao máximo o 1º tento do Benfica. À passagem da meia hora e sem que o Gil Vicente conseguisse evitar, eis que os encarnados fizeram mesmo balançar a rede. A jogada do golo foi precedida de fora de jogo, mas não deixa de ser um lance bem desenhado por Ola John que consegue furar a defesa do Gil fazendo um passe implacável para Maxi, que remata ao poste. Na recarga o artista/génio Gaitán não facilitou colocando os comandados de Jorge Jesus em vantagem.

No comando do marcador, os homens da luz dominaram territorialmente até ao intervalo com nota de destaque para Samaris, Talisca e Gaitán, que tiveram a classe de conservar a posse de bola, sem que o Gil Vicente pode-se contrariar. Até ao apito para o descanso, nota apenas para um cabeceamento de Jonas que cheirou o golo, mas à semelhança do que fez em lances anteriores faltou eficácia ao avançado brasileiro.

2ª parte: Benfica de serviços mínimos arriscou-se a sofrer um galo

Os primeiros 25 minutos da 2ª parte foram intensos por parte do Benfica, onde Maxi Pereira esteve incrivelmente endiabrado com subidas constantes pelo flanco direito que começavam a desequilibrar o muro gilista que com o passar dos minutos se estava a desmoronar. Os médios Samaris e Talisca estiveram irrepreensíveis a distribuir jogo para Gaitán e Ola John, mas faltava sempre o último toque que nem Lima nem Jonas continuavam a conseguir alcançar. Neste período era o brasileiro Talisca que mais desequilibrava, e para quem aprecia o desporto rei é de salientar a visão de jogo e a capacidade de passe extraplanetária que o canarinho evidenciava.

No entanto, os avançados insistiam em desperdiçar oportunidades, o lance de maior perigo deste segundo tempo por parte das águias iniciou-se nos pés de Gaitán que trocou completamente as voltas ao último reduto dos galos encontrando Lima solto na extrema-direita, acabando o brasileiro por cruzar com conta, peso e medida para o compatriota Talisca rematar de forma extraordinária, que apenas foi contrariado pelo guardião gilista que defendeu mais uma vez de forma fantástica. O último período da partida foi desinteressante com os comandados de Jorge Jesus a tirarem o pé do acelerador permitindo aos homens de José Mota acreditarem que seria possível chegar ao empate, os benfiquistas apenas se podem queixar de si próprios para justificar a passividade e a falta de rigor defensivo nos últimos minutos onde Paulinho e Diogo Viana estiveram em evidência.

O envolvimento atacante de maior perigo por parte dos galos de Barcelos teve como protagonista o melhor jogador dos gilistas, João Vilela que obrigou Júlio César a uma defesa de recurso na sequência de um livre em que a defesa do Benfica esteve muito displicente na marcação à zona. Até final, o Gil bem tentou e já de cabeça perdida, Diogo Viana viu o 2º amarelo deixando a sua formação reduzida a 10 unidades nos últimos 2 minutos. A vitória do Benfica pela margem mínima acaba por se justificar apesar do tiro certeiro ter sido em fora de jogo.

Benfica consolida a liderança e o Gil afunda-se cada vez mais

Da partida desta tarde destaque no lado encarnado para a posição mais recuada de Talisca no meio-campo, a substituir Enzo Pérez que esteve impedido de actuar frente ao Gil Vicente, o brasileiro demonstrou as credenciais de polivalente actuando como o pivô de forma irrepreensível com passes soberanos e com uma inteligência táctica invulgar para um jogador tão jovem. Outros dois grandes destaques vão para Maxi e Gaitán que foram os homens-turbo na luz com fintas e cruzamentos constantes que acabavam sempre por encontrar os desinspirados Lima e Jonas. Neste jogo é ainda de salientar o jogo sem Jardel na defesa do Benfica em que o brasileiro esteve em bom plano vestindo a capa de líder na ausência de Luisão. A classificação encarnada dita um fantástico 1º lugar com 37 pontos, com a curiosidade de o Benfica ter exactamente o mesmo registo do Porto em termos de golos marcados e sofridos (31-7).

Do lado gilista, José Mota construiu uma equipa muito bem organizada para actuar esta tarde na luz, onde o trinco João Vilela foi peça fundamental para pautar os diferentes momentos de jogo. O médio foi a grande figura dos galos, mas é ainda de salientar o central Pecks que conseguiu parar algumas investidas dos temíveis avançados benfiquistas. Apesar da boa atitude no reduto do campeão, o Gil Vicente mantem o último lugar com os mesmos 6 pontos, com a particularidade de ter os mesmos golos marcados que o médio Talisca (8 tentos).