Afirmou Jorge Jesus em recente entrevista publicada nesta época natalícia que «reconheço que este ano de 2014 será difícil para qualquer um repetir» - e afirmou bem. Aliás, o sucesso desportivo conseguido neste ano que agora finda foi mesmo tão elevado que poderá muito provavelmente acrescentar-se que entre o “qualquer um” se encontra… o próprio Jesus, que dificilmente voltará a conseguir tamanho feito numa só temporada.

2014, especialmente a sua primeira metade, foi mesmo de sonho para os benfiquistas, que festejaram com uma regularidade impressionante mercê da conquista da Primeira Liga, o que precipitou uma euforia nacional com epílogo no Marquês de Pombal.

Abriu-se um verdadeiro ’mar’ de adeptos com quem o plantel pôde celebrar num clima de enorme festa mas que obrigou também a equipa a nem sequer poder abandonar o autocarro na chegada ao Estádio da Luz por razões de segurança, uma euforia justificada também com uma nunca antes vista hegemonia nacional que resultou também na conquista das Taças de Portugal e da Liga.

Em ambas as ocasiões a águia afastou na meia-final o grande rival FC Porto e também encontrado nas duas ocasiões o mesmo adversário na final, o Rio Ave também em ano histórico. Por entre essas duas eliminatórias, na Taça de Portugal existiu um brilhantismo ainda maior pelo facto de ter operado uma reviravolta em condições muito difíceis e que foi sentida também negativamente no Dragão na altura comandado por Luís Castro.

Temporada ainda decorre e para já as águias poderão terminá-la de forma positiva

O treinador dos azuis-e-brancos que actualmente orienta a equipa B lamentou o facto de ter estado a 90 minutos do apuramento para a derradeira partida no Jamor onde o Benfica venceu e assim fechou com ’chave de ouro’ uma brilhante época 2013/2014.

Para além disso, os encarnados ainda ficaram ‘à porta’ das reconquistas internacionais com mais uma final europeia no entanto perdida para o Sevilla devido à acção de um português, o guarda-redes Beto, que travou os intentos benfiquistas no desempate por grandes penalidades.

Após uma primeira metade de 2014 na qual apenas faltou a conquista da Liga Europa para tocar a perfeição, a restante metade não foi tão brilhante mas de qualquer forma não deixou de ser positiva. Se de facto na temporada que por ora decorre o Benfica foi já afastado das competições europeias e da Taça de Portugal, um título foi já conquistado, a Supertaça numa partida disputada novamente ante o Rio Ave e agora graças à apetência do guarda-redes Artur Moraes.

Hoje ’proscrito’ e de saída do clube, para travar pontapés da marca de grande penalidade, Artur perdeu o seu lugar para Júlio César, que justifica a sua presença numa equipa que ainda tem muito por conquistar, duas provas para revalidar, a Taça da Liga e o objectivo mais importante, a Liga.

Esteve na Liga dos Campeões a grande pecha do ano benfiquista visto que uma eliminação europeia no último lugar do seu grupo será sempre encarada como uma decepção para um clube que desta forma contrasta com o seu enorme historial, em especial os seus anos 60 nos quais atingiram o cume europeu e internacional, tornando-se mesmo a maior potência desportiva mundial e logo com a conquista de duas Taças dos Campeões Europeus.

Depois de uma época mágica, o Benfica lidera a Liga com uma vantagem considerável

Com uma participação europeia bem longe de corresponder aos requisitos de um clube que outrora dominou com velhas glórias como Eusébio, Mário Coluna ou Costa Pereira, incidem mesmo na prova doméstica os pontos de maior destaque do ano encarnado entre os meses de Junho e Dezembro, passando pela estratégica vitória no Dragão.

Um 2-0 aplicado ao FC Porto num encontro que vinha gerando muita expectativas tornou possível o segundo ponto alto da época até agora, mais concretamente a vantagem pontual até agora angariada que consiste em seis pontos de vantagem para os dragões e de 10 relativamente ao Sporting.

Com exibições não tão bem conseguidas, é certo, mas com um pragmatismo mais vincado, o Benfica não tem facilitado na Liga, tendo derrotado não só o FC Porto como todos os adversários de menor ou maior nível, com excepção do Sporting de Braga, a única equipa nacional que logrou derrotar as águias… e logo por duas vezes, destacando-se vários triunfos preciosos fora de portas e algumas recepções complicadas entre as quais um encontro ante o Belenenses que gerou alguma polémica.

2015, é certo, não será tão sensacional quanto este 2014 verdadeiramente pintado a vermelho. De qualquer forma, com Liga (que ao mesmo tempo garante apuramento directo para a Champions e ainda a presença na Supertaça) e Taça da Liga, 2015 parece também ter tudo para ser feliz na Luz.