A táctica de Marco Silva saiu triunfante num fim de tarde pródigo para o Sporting. Antes do ínicio do jogo já vários meios de comunicação previám aquilo que foi a inovação que o treinador do Sporting apresentou, um ataque dinâmico com o regresso de Nani, Carrillo na direita, Slimani como ponta de lança e a entrada de Carlos Mané para o vértice mais avançado do meio campo dos leões. Era como que um grito de união entre todas posições do terreno que servia como analogia para os adeptos do clube de Alvalade depois de semanas que mais faziam lembrar uma explosão dentro do próprio clube.

Do lado do Estoril, José Couceiro apresentou a equipa na máxima força de modo a aproveitar qualquer tipo de fragilidade que o Sporting pudesse exibir dentro das 4 linhas. E a verdade é que o ínicio de jogo até parecia favorecer a equipa do Estoril visto que o Sporting demonstrava alguma pressão nas sucessivas perdas de bola e na construção de jogo confusa.

Dinâmica surpreendente

Com a entrada de Jefferson e, sobretudo, Nani, o Sporting ganha coisas que na sua ausência não conseguia produzir. É um Sporting mais tranquilo, mais mexido e que compreende claramente os tempos de jogo, quando têm de acelerar e quando têm de recuar as linhas para sair em velocidade. Foi muito graças a Nani, Carrillo e Slimani que os leões começaram a baralhar a defesa do Estoril. As trocas de posições eram sucessivas, as movimentações executadas da melhor maneira e os passes saíam para as costas de Anderson e Diogo Amado, os dois tampões do meio campo, que viam-se cercados por 3 e 4 jogadores do Sporting na saída de bola.

O primeiro lance de perigo foi de Carrillo numa excelente jogada individual, colocando em xeque Kiezcek. Pouco tempo depois surge o golo do Sporting, numa jogada toda construída pela esquerda, Jefferson executa um cruzamento exemplar que encontra a cabeça do peruano Carrillo que, por sua vez, amortece para o principio da grande área. Anderson Esiti tenta dominar a bola mas Adrien é mais rápido e num remate fulminante faz balançar as redes de Alvalade pela primeira vez. Era o ínicio de uma grande exibição do médio dos leões.

De explosivo para cerebral

Até ao fim da primeira o Sporting continuou dono e senhor do jogo. Nani e Carrillo estavam impetuosos e Adrien estava o ser um autêntico patrão num meio campo que parecia não ter lei nos últimos jogos. Havia demasiado Sporting para um Estoril que não conseguia ciar qualquer perigo. Kuca e Sebá eram anulados pelos laterais leoninos e Tozé estava completamente desinspirado o que deixava Kléber à mercê de Paulo Oliveira e de Maurício que deram bem conta do recado.

No ínicio da segunda parte, Marco Silva resolveu tirar o elemento desestabilizador do meio campo, Mané, para colocar alguém que acompanhasse Adrien a pautar o jogo de transições do Sporting, e esse alguém foi João Mário. Foi numa das muitas jogadas de entendimento perfeito entre os vários elementos atacantes do Sporting que Slimani chegou ao golo. Novamente Jefferson na esquerda a receber um grande passe de Slimani e a cruzar para o interior da área onde aparece... o argelino para encostar e alargar a vantagem dos leões. A exibição em campo fazia esquecer todos os problemas que fora dele assolavam Alvalade.

«Estamos todos juntos a trabalhar para dar alegrias aos adeptos»

Esta frase de Marco Silva na Flash Interview depois do jogo resumiu aquilo que foi o resto do jogo em Alvalade. Apesar do Estoril se ter solto mais, principalmente com a entrada de Matias Cabrera, os leões conseguiram sempre mandar e exibir futebol de muita qualidade, ao nível do que fizeram frente ao FC Porto no Dragão para a Taça de Portugal. Triangulações muito bem executadas, passes curtos sempre com jogadores em movimento, passes longos a procurarem desmarcações, inclusive duas soberanas que Carrillo desperdiçou na cara de Kiezcek, enfim, futebol que fez vibrar os adeptos e que alegrou um clube que tem tido dias tão cinzentos.

A sentença final na partida foi criada pelos jogadores que tiveram maior influência no decorrer do jogo. Carrillo que partiu para cima de Ruben Fernandes e com um grande finta forçou o defesa a cometer grande penalidade, e Adrien que, eficazmente, atirou para o fundo das redes do Estoril carimbado assim o resultado final em 3-0. Antes de acabar o jogo, ainda houve tempo para Nani ser expulso por acumulação de amarelos, de propósito, de modo a limpar a suspensão frente ao Famalicão e poder efectuar frente ao Braga, algo que não acontecia com o cartão amarelo exibido por Artur Soares Dias.

Fim de tarde feliz em Alvalde, com a excelente exibição a entregar um pouco de paz ao Sporting. Isto personficado pelo aperto de mãos entre o treinador Marco Silva e o presidente Bruno de Carvalho, o que não aconteceu por exemplo na vitória em Guimarães para a Taça da Liga.