Em poucos dias a carreira de um Real Madrid que parecia invencível mudou de rumo e coloca em alerta os adeptos e especialmente os responsáveis do colosso espanhol que após 22 triunfos consecutivos seguidos de dois desaires, um particular ante o AC Milan e uma visita a Valência em mais uma jornada de La Liga, viam o calendário fazer uma ’maldade’ ao Real ao obrigar a uma visita ao terreno do vizinho e rival Atlético de Madrid.

Apesar do excelente percurso em La Liga e na Liga dos Campeões até ao momento, liderando a competição doméstica e tendo conseguido o apuramento, como se esperava, para os oitavos-de-final como vencedor do seu grupo na Champions, o Real não tinha pela frente o melhor dos dias para voltar às vitórias, e com o decorrer do jogo ficaria a perceber porquê.

A dificuldade do próprio jogo, associada á rivalidade existente e à boa forma do Atleti tornava difícil a contenda dos ’merengues’, e mais difícil se tornou quando cedo se percebeu que os comandados de Diego Simeone entravam apostados em colocar-se na dianteira da eliminatória referente a Taça do Rei, jogando com o estilo intenso que nas últimas épocas tem caracterizado esta equipa.

Real Madrid acusou algumas ausências, entre as quais a do poupado Cristiano Ronaldo

Ao mesmo tempo jogou claramente contra o Real o facto de não ter contado com duas peças fundamentais para a sua estratégia como o médio Luka Modric, afastado por lesão, e Cristiano Ronaldo, neste caso numa surpreendente opção da qual neste momento Carlo Ancelotti estará profundamente arrependido.

Verificou-se assim que nem mesmo a presença de outros craques também em boa forma como Karim Benzema, que não sendo um criativo como o era Zinedine Zidane se tornou uma unidade indispensável pelos golos que aponta mas acima de tudo a forma como assiste e combina com companheiros que se relacionam intimamente com o golo como o quase sobre-humano CR7.

Isto porque da poupança da estrela portuguesa tirou proveito o Atlético, que já antes havia ganho a luta do meio-campo, sector onde o Real não tinha, como foi acima referido, Modric, e no qual ascendeu Raúl Garcia como uma unidade preponderante que seria mesmo o melhor jogador em campo por ainda ter conquistado e posteriormente convertido com sucesso a grande penalidade que resultaria no primeiro tento da noite, apontado aos 58 minutos de jogo.

Ainda assim não poderá ser apenas atribuída à falta de Modric a menor acutilância do meio-campo do Real visto que na ausência do croata nem assim esse sector perdeu experiência - seria facilmente justificável o insucesso caso a vaga tivesse sido ocupada por um jogador mais jovem e menos habituado a este tipo de encontros, o que nem sequer foi o caso.

Derrota frente ao Atlético começa a abrir uma ‘mini-crise’ com a qual o Real terá de saber lidar

Cinco minutos após o tento, hora de entrar o ‘salvador’ Cristiano Ronaldo, que acabou por não conseguir ter a influência desejada numa partida na qual os colchoneros se encontravam já confortáveis, tendo decidido o encontro e quem sabe a eliminatória com o segundo tento conseguido através de um pontapé de canto ao qual correspondeu o jovem central José Gimenez à passagem do minuto 76.

Com o terceiro desaire seguido começa a ser indisfarçável uma para já ’mini-crise’ no Real que poderá subir de tom com a habitual pressão tantas vezes negativa imposta pela imprensa espanhola e que talvez não seja tão densa porque o grande opositor, o Barcelona, vive uma série de problemas e uma guerra aberta.

Ainda assim, a Taça do Rei tornou-se um objectivo difícil, pois será obrigatório atingir uma diferença de três golos para que seja possível virar a eliminatória no Bernabéu e mesmo em La Liga o ainda campeão Atleti parece ainda respirar muito bem… Para seu próprio bem, o Real esperará acordar a sua versão europeia de forma a não descontrolar a sua própria temporada.