«Tenho de ser responsável pelos meus actos e pelos meus compromissos e não de outras pessoas, por isso esta dívida não tem de ser paga por mim. Estou aqui para defender o meu frigorífico e a minha família», afirmou o jogador Carlos Fernandes, de 36 anos, aquando da sua presença na sede do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol. Isto porque é-lhe imputada pelas Finanças uma dívida que o atleta, hoje na Naval, diz ser da responsabilidade do Olhanense, seu antigo clube.

«Não posso ficar calado perante uma situação destas, porque é demasiado injusto e daí a minha revolta», justificou Carlos Fernandes, que denunciou irregularidades fiscais no clube de Olhão aquando da sua passagem pelos Rubro-Negros, entre 2009 e 2011. Na base da questão levantada pelo jogador estão recibos de vencimento pagos pelo Olhanense, onde, além da devida quantia, estariam, segundo o atleta, despesas adicionais - alegadamente, para fugir ao fisco.

O jogador, natural de Lisboa, fez-se acompanhar pelo presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, Joaquim Evangelista. O organismo apoia o atleta agora ao serviço da Naval, defendendo que terá de ser o clube da cidade de Olhão a responsabilizar-se pela dívida (cerca de 5 mil euros) atribuída a Carlos Fernandes.

Carlos Fernandes aponta o dedo a Isidoro Sousa

«A determinada altura reparámos que o recibo de vencimentos tinha designações como ajudas de custo, deslocações em viatura, subsídio de alimentação, e perguntámos aos responsáveis do Olhanense o que se tratava, já que não tínhamos negociado o contrato daquela forma. O presidente Isidoro Sousa garantiu-nos que era tudo legal e que não iria prejudicar ninguém no futuro», explicou o jogador, que garantiu que não é o único profissional a atravessar esta difícil situação. 

«Eu e os meus colegas não beneficiámos em nada e fomos sempre prejudicados, porque não fizemos os descontos para as Finanças e Segurança Social. Negociei o meu contrato com vencimento líquido de 3.500 euros e foi isso que recebi sempre. Se me tivessem dito logo o que se passava, eu não aceitaria», clarificou. 

Olhanense reagiu através de um comunicado

«O Sporting Clube Olhanense foi alvo de uma auditoria interna por parte da Direcção de Finanças no ano de 2013 e neste sentido fomos notificados para corrigir algumas irregularidades, no que diz respeito ao IRS. Desde o 1.º contacto com o ex-jogador Carlos Fernandes, bem como outros jogadores, o Clube se prontificou a responsabilizar-se pelos valores que iriam ser apurados depois da alteração da respetiva declaração de rendimentos, através dum plano de pagamento faseado, uma vez que o Clube atravessa um período de dificuldades financeiras», avançou o clube de Olhão, que assegurou estar constantemente em contacto com Joaquim Evangelista.

«O jogador durante as duas épocas que esteve ao serviço do Clube, sempre recebeu todas as importâncias a que teve direito. Lamentamos, no entanto, esta conferência de imprensa e a forma como o ex-jogador Carlos Fernandes se tem dirigido ao Clube e em particular ao Sr. Presidente, Isidoro Sousa», declarou o clube no seu site oficial.