«O Benfica vai melhorar ainda nesta segunda volta, os meus seis anos no Benfica foram sempre assim, somos sempre melhores na segunda volta do que fomos na primeira. Acreditamos que vamos melhorar», afirmou Jorge Jesus antes do embate contra o Paços de Ferreira, fazendo então a retrospectiva da brilhante primeira volta encarnada - o Benfica apenas cedeu 5 pontos nas dezassete jornadas em questão.

Melhor nas segundas voltas? Nem por isso...

A análise de Jorge Jesus começa inquinada: não é verdade (nem de perto nem de longe, por muitos que sejam os parâmetros usados) que o Benfica das segundas voltas seja mais competente que o das primeiras, e a simples aritmética prova que apenas por duas vezes isso pôde ser comprovado, precisamente nas duas temporadas em que as águias se sagraram campeãs (2009/2010 e 2013/2014).

Por muita confiança que tenha na curva ascendente da sua equipa na segunda metade da Liga, a verdade é que Jesus falou antes de tempo e com certezas aparentemente infundadas - logo no primeiro jogo da segunda ronda, o Benfica perdeu mais de metade dos pontos que perdera nos dezassete jogos anteriores, ficando praticamente impossível a consumação do tal desígnio de Jorge Jesus no que respeita às fortes segundas voltas.

Sem Gaitán, este Benfica coxo de Enzo (ausência que se disfarça diante de adversários macios) sofreu na Mata Real para descobrir caminhos até à baliza de Defendi, mostrando-se sem ideias e com tremendas dificuldades em desenhar jogadas com princípio, meio e fim. No exacto momento em que poderia ter deixado o Porto a uns incontornáveis 9 pontos, o Benfica das segundas voltas foi perdulário e contrariou Jesus.

Antes pelo contrário...

Poderá parecer peregrina a ideia de Jorge Jesus de que o Benfica é sempre melhor na segunda volta; a verdade é que há um nome que atesta bem a falta de veracidade dessa afirmação, chama-se Vitor Pereira. O treinador, agora no Olympiakos, roubou dois campeonatos (os únicos que disputou) ao Benfica de Jorge Jesus precisamente no despique da segunda volta, ganhando o de 2012/2013 na aceleração final. Nessas duas temporadas, o Benfica realizou uma segunda metade abaixo dos valores pontuais (são os pontos que interessam no fim...) da primeira.

Na Mata Real, o Benfica viveu uma pequena montanha-russa de estados de alma: entrou forte e mandão, decidido a multiplicar a desgraça portista. Rapidamente passou da assertividade à falta de confiança e ao nervosismo (a marcação da penalidade é um acto que reflecte esse estado), vivendo na segunda parte momentos de estranha apatia técnico-táctica. No fim, uma imensa frustração mas a certeza de que a vantagem é ainda de 6 pontos sobre o rival Porto