O derby do último Domingo foi um jogo que opôs uma equipa que precisava de vencer para continuar na luta pelo título e outra que não podia perder, de modo a não perder a folga pontual que levava. E foi exactamente com isso em mente que os treinadores montaram as suas equipas.

Jesus optou por jogar com um bloco baixo e com um duplo pivot meramente preocupado em anular as iniciativas ofensivas do Sporting, enquanto que Marco Silva montou a equipa no seu 4-3-3 habitual. Apesar do Sporting não ter exercido um domínio avassalador, teve quase sempre o jogo sob controle. Jogou como uma equipa adulta à espera do erro do adversário. Erro que surgiu no final do encontro, mas que não passou de um momento fogaz de ímpar extase para os adeptos leoninos.

O Benfica não fez um único remate enquadrado com a baliza do Sporting até ao golpe de teatro que se sucedeu aos 93 minutos. Se a forma como as equipas se apresentaram em campo ajuda a explicar esta incomum ocorrência, o jogo de elevadíssimo nível preconizado pela tripla Paulo Oliveira, Tobias Figueiredo e William Carvalho também merecem menção honrosa. Se não é novidade ver o William a exibir-se neste nível (o monstro das primeiras 25 jornadas da época passada voltou), sentir segurança no centro da defesa é algo que os Sportinguistas ainda não tinha experienciado nesta época.

Muita da imprensa e crítica afiava as facas para fazer o funeral a Tobias antes do jogo. Era praticamente um dado adquirido para muitos dos experts de futebol que o miúdo não iria aguentar a pressão e iria ceder. Que seria por ali que o Benfica poderia ganhar o jogo. Pois bem, enganaram-se redondamente. Por muita inexperiência que Tobias tenha neste tipo de ambiente e jogos, não nos esqueçamos que esse mesmo Tobias foi capitão das selecções de base de Portugal e do Sporting. Não nos esqueçamos que Tobias tem características que fazem dele, no presente, superior aos 2 centrais que entraram a titular na primeira volta na Luz. Digo-o sem medo desde as primeiras jornadas do campeonato, após uma sucessão de exibições medíocres da dupla de então, que Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo são os 2 melhores defesas centrais do Sporting e agora, vão provando-o em campo.

A dupla de centrais começa a ficar rotinada. É natural que Tobias cometa erros, fazem parte do seu crescimento. Mas pelo menos são erros que valerão a pena. Farão parte do crescimento de um produto com um grande potencial. Não havendo alternativas válidas (Sarr é uma aberração como central e Ewerthon está em pré epoca), o lugar ao lado de Paulo Oliveira é dele.

Por falar no Paulo Oliveira , começam a faltar palavras para a sua afirmação. E algo me diz que será um central que ficará pelo menos mais 2 anos no clube. Isto porque não é o típico central show off. O mercado não valoriza tanto o tipo de central que Paulo Oliveira é. Comedido, certinho e que limpa tudo sem grande estilo, mas com uma tremenda eficácia. O mercado, regra geral, prefere um jogador espalhafatoso, que suba muito, marque golos, etc, esquecendo os erros e defeitos. Para além disto, não me parece que o Sporting venda o Paulo Oliveira por menos de 20-22M.

“Do nada”, o Sporting descobriu dentro das suas fileiras que iniciaram a temporada, uma dupla jovem, portuguesa e com um potencial brutal. E mais importante, uma dupla que está blindada (apesar de 50% do passe de Tobias ter sido vendido a um fundo). O Sporting precisa de estabilidade. O clube precisa de estabilidade para que se possa dar o clique e se possa passar às conquistas. E essa estabilidade, dentro das 4 linhas, constrói-se de trás para a frente. 

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