O Sporting defronta hoje o poderoso Wolfsburgo, actual segundo classificado da Bundesliga, e, caso pretenda continuar a lutar pela Liga Europa, terá de subir um degrau na escadaria qualitativa e aumentar o nível exibicional - a formação dos lobos está habituada a competir num ritmo frenético onde a intensidade de jogo é nota dominante; desmarcações velozes, subidas em bloco e resistência física invejável são traços de uma equipa tacticamente corajosa mas que está longe de ser inultrapassável - analisemos então seus pontos fortes e fracos.

Wolfsburgo: Tracção à frente e velocidade atroz

Dieter Hecking dispõe as suas peças num 4-4-2 que tende a desmultiplicar-se num aguerrido e ofensivo 4-2-4 onde o quarteto atacante se desdobra em subidas vertiginosas rumo à avalanche ofensiva. Conhecido pela competência e eloquência atacantes, o Wolfsburgo desdobra-se rapidamente em transições ofensivas que juntam uma linha de quatro elementos, quais setas que, coordenadas, atacam em bloco. Com o médio de ataque belga Kevin De Bruyne pisando terrenos típicos de um avançado, Hecking pretende ligar o meio-campo ao sector concretizador - De Bruyne desce, e, não raras vezes, conduz as jogadas da equipa.

Sempre atenta às possibilidades de um rápido contra-ataque, a formação germânica possui uma genética propícia à veloz exploração dos espaços, uma vez que é composta por intérpretes de talento técnico assinalável, como De Bruyne, Maximilian Arnold, Ivan Perisic, Aaron Hunt e o reforço de luxo Andre Schurrle. Explosivo quando adquire a posse de bola, o Wolfsburgo faz subir as suas peças em lances de contra-ataque, usando quatro jogadores de ataque e juntando-lhes, muitas vezes, o apoio do médio central Arnold - algo que pode desequilibrar a estrutura alemã em alguns momentos do jogo.

Com uma defesa composta por centrais gigantescos e rígidos e uma dupla de laterais versáteis, o Wolfsburgo mistura, na sua acção mais defensiva, poderio físico de choque, lentidão central e velocidade nas faixas - Naldo e Knoche formam a parelha de centrais e Vierinha e Ricardo Rodríguez pontificam nas laterais. Se o eixo se pauta por lacunas de velocidade mas inteligentes posicionamentos, as laterais jogam a mil à hora, devido às qualidades físicas e técnicas de Vierinha (extremo adaptado por Hecking) e do suíço Rodríguez (habituado a atacar regularmente pelo flanco esquerdo).

Vierinha é titular luso no onze do Wolfsburgo

A zona intermédia do Wolfsburgo funciona como trampolim de rasgos de contra-ataque, já que as virtudes da equipa residem nas alas e nas zonas de ataque. A formação joga habitualmente com Luiz Gustavo e Arnold - o brasileiro actua como médio defensivo, vocacionado para cobrir a defesa e supervisionar o sector defensivo, enquanto o jovem alemão entrega-se a funções mais pendulares. Na ausência do internacional «canarinho» (que é hoje o caso, tal como Josuha Guilavogui), Christian Trasch poderá ser adaptado ao lugar de médio defensivo. Na linha da frente, Bas Dost, goleador do momento, será o jogador mais avançado no terreno.

Plano anti-Bayern provou apetência estratega

O Wolfsburgo tem impressionado a Bundesliga pelos resultados positivos que tem alcançado: a equipa segue na segunda posição da liga alemã e graças aos avultados resultados averbados tem andado nas bocas do mundo. Numa exibição estrondosa, a equipa de Hecking anulou categoricamente o colosso Bayern (4-1) e mostrou que, apesar das badaladas fragilidades defensivas (fruto de uma abordagem táctica atacante), sabe desenhar estratégias de contenção que permitam, após perda de bola do oponente, sair com perigosidade para o ataque - o plano implementado contra o Bayern de Guardiola foi um sucesso que assentou nessas premissas.

Anulando o maestro Xabi Alonso, os lobos obrigaram os bávaros a posse de bola arriscada, feita de jogo lateralizado e passes longos com menor probabilidade de singrar. Com posicionamentos inteligentes por parte da dupla de avançados, o Wolfsburgo isolou Xabi Alonso e desligou-o da sua equipa, mantendo a defesa do Bayern com poucas opções credíveis de passe. Mal o Bayern perdia a bola, os lobos exploravam repetidamente as costas dos laterais, colocando Dante e Boateng em perigo constante. Sendo real a fragilidade defensiva do Wolfsburgo, muito devido à forma volátil como aborda a postura táctica do adversário, a partida do 4-1 provou que o clube alemão sabe estudar o oponente e anular os seus pontos fortes.

Sem William Carvalho, Sporting perde o centro de gravidade

O Sporting jogará no seu habitual 4-3-3 mas hoje apresentará uma grande novidade: a entrada no onze do espanhol Oriol Rosel. O médio ocupará a vaga deixada pela ausência de Wiliiam Carvalho, que está castigado. Crónico dono do lugar, William é o centro de gravidade do Sporting, o primeiro jogador a pautar os pensamentos da equipa e a monitorizar a área que antecede o quarteto defensivo. Sem a bússola habitual, Marco Silva lançará Rosel, ciente de que tal solução não poderá equivaler-se à escolha primordial de William - a pouca quilometragem do espanhol será pecha que o Wolfsburgo tentará explorar.

Ainda assim, o meio-campo do Sporting pode e deve explorar a inferioridade numérica do Wolfsburgo na zona central do terreno, que irá ocorrer a espaços. Com um trio de médios capazes de trabalhar em prol da recuperação de bola, os leões terão que cortar a ligação entre Gustavo e Arnold e os médios de ataque, procurando, de forma cautelosa, não deixar espaços alargados que possam ser explorados pela velocidade e oportunismo de Perisic, Hunt, Schurrle ou De Bruyne. Para tal, Rosel terá que ser apoiado por Adrien - só assim o Sporting conseguirá suster a linha de 4 que tenta enredar a presa. Será pertinente a inversão do triângulo, para um 4-3-3 com dois médios defensivos jogando de perfil? Talvez - João Mário actuaria como médio mais ofensivo, podendo beneficiar dos apoios interiores de Nani (sempre perigosos) e do envolvimento de Montero.

Onzes prováveis do Wolfsburgo x Sporting