Arrancou nesta terça e quarta-feira a ronda inicial dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, que proporcionou vários desafios equilibrados, o que se denota pelo facto de em quatro encontros disputados apenas um se ter concluído com uma vitória. Vejamos então o resumo de cada um dos quatro:

PSG - Chelsea

Desde há muitos anos que a uma sempre favorita selecção de França e um país poderoso como o gaulês falta um clube a condizer - poderia bem ser este PSG, que ano após ano tenta surpreender a Europa do futebol mas a partir de certa fase na Liga dos Campeões acaba derrubado por um gigante internacional, como poderá ser o caso do Chelsea.

A um espectáculo envolvente acaba por adequar-se o empate a uma bola final, podendo encontrar-se figuras de parte a parte, sendo que pela equipa da casa deve realçar-se a prestação de Blaise Matuidi que realizou um trabalho gigante próprio de um enormíssimo jogador. O internacional francês nascido em Angola arrancou a assistência para o golo apontado por Edinson Cavani no que foi apenas uma entre várias iniciativas de uma participação incansável que o conduziu pelo centro do terreno e ainda em incursões pela ala esquerda, algo apenas possível face a um pulmão inesgotável.

Por seu turno deve sublinhar-se a prestação da defesa dos londrinos que para além de ter segurado as suas redes, com muito mérito para o guardião Thibaut Courtois, os companheiros que o guardaram jogaram ainda a preceito pois ainda foram capazes de render os atacantes na obtenção do golo que para ser plenamente construído pelo quarteto defensivo apenas faltou passar por César Azpilicueta.

De resto, a jogada do tento do Chelsea sucede a partir de um centro aparentemente pouco perigoso de John Terry que no entanto chegou ao espaço ocupado pelo companheiro de eixo defensivo Gary Cahill que num assomo de classe endossou de calcanhar para o cabeceamento vitorioso do lateral direito Branislav Ivanovic. Assim resultou num golo improvável mas não menos importante que coloca os comandados de José Mourinho a apenas um nulo do apuramento para os quartos-de-final. No entanto, o PSG ainda terá uma palavra a dizer…

Shakhtar - Bayern

Em Lviv - Donetsk encontra-se ‘a ferro e fogo’ e por isso sem condições para receber uma partida de futebol- o único perigo que existia era mesmo para a equipa da casa, o Shakhtar, em enfrentar um gigante europeu sem há muito competir oficialmente, um problema que foi completamente ultrapassado ao ter-se entregue fisicamente de corpo e alma a um jogo muito impetuoso promovido por ambas as equipas.

Nesse aspecto o conjunto ucraniano conseguiu surpreender, especialmente por ter resistido ao poderio dos bávaros, mas em sentido contrário acabou por não conseguir sobrepor-se territorialmente mesmo perante um rival que passou a jogar com menos um elemento face à expulsão de Xabi Alonso. Pelo lado alemão, a impressionante posse de bola do Bayern é um facto e foi novamente visível, mas desta feita não trouxe os resultados desejados, principalmente pela inesperada expulsão de Xabi… mas não só.

No entanto, pela positiva deve destacar-se a solidez defensiva, mais fácil de obter quando no sector mais recuado se encontram vários jogadores de altíssimo nível comandados pelo guarda-redes campeão do Mundo Manuel Neuer, mas sempre complicada de manter num encontro com demasiadas faltas e entradas duras que poderiam ter conduzido ao descontrolo de parte a parte. No final, o nulo prevaleceu e beneficia o conjunto alemão, normalmente fortíssimo no seu estádio, e que por esse motivo dificilmente será afastado dos ‘quartos’, esperando-se uma segunda mão altamente crítica para o Shakhtar Donetsk.

Basileia - FC Porto

Ao único representante português sobrevivente na Champions colocava-se uma equipa que poderia surpreender pela sua personalidade irreverente conseguida pela juventude de vários dos seus intervenientes, boa parte deles provenientes da formação que nos últimos anos tem vindo a dar cartas - o Basileia.

No entanto, e apesar de terem sido os suíços os primeiros a marcar, e cedo, num contragolpe superiormente convertido pelo ex-Benfica Derlis Gonzalez, o domínio portista foi bastante evidente e se neste momento o conjunto comandado por Julen Lopetegui se encontra apenas bem encaminhado e não quase apurado para a próxima fase muito o poderá dever à infeliz arbitragem do inglês Mark Clattenburg.

Derlis marcou para o Basel 

Com efeito, o juiz da partida não sancionou uma grande penalidade clara sobre Jackson Martinez e ‘perdoou’ a expulsão aos dois defesas centrais do Basileia, Marek Suchý e Walter Samuel, sendo que o primeiro ainda assim foi admoestado com a cartolina amarela e encontra-se de qualquer forma estará afastado da partida da segunda mão.

Já o veterano Samuel, que protagonizou várias entradas duras, cometeu duas grandes penalidades entre as quais apenas uma foi sancionada… em nenhum desses lances foi punido, tendo também visto o cartão amarelo numa exibição pouco conseguida que contrasta claramente com a do portista Danilo. Para além de ter sido o jogador em melhor plano na defesa azul-e-branca no aspecto defensivo o lateral brasileiro foi ainda o primeiro a tentar encaminhar a equipa para o golo, tendo sido premiado com a conquista de uma grande penalidade que se encarregaria também de converter num pontapé indefensável.

Schalke 04 - Real Madrid

Gelsenkirchen tornava-se o palco de dois regressos em português, o de Pepe, jogador conhecido muitas vezes pela agressividade mas que pelo contrário injecta a serenidade que a defesa do Real tanto necessita, e especialmente o de Cristiano Ronaldo, não à competição pois já antes havia retornado de castigo e lesão, mas sim num retorno simbólico às grandes prestações.

Detentor de uma fama mundial até nos países mais remotos, e a poderosa Alemanha, como é claro, não poderia constituir excepção, e em Gelsenkirchen ainda mais, Ronaldo puxou para si as memórias da época passada, na qual brilhou a grande altura na deslocação ao terreno do Schalke 04, e colocou-as novamente em prática, transformando o que para um jogador vulgar poderia representar pressão em energia positiva. Estando a falar-se de um  ‘extraterrestre futebolístico’, essa energia apenas poderia ser utilizada como motivação para nova brilhante noite europeia na qual os merengues venceram por 2-0 com dois tentos com ‘chancela’ CR7.

Uma cabeçada bem ao seu estilo na primeira parte seguida na segunda de uma assistência apenas ao alcance dos melhores ao ter sido criada num lance individual de excelência no qual deixou dois rivais que o marcavam em simultâneo, Marco Hoger e Atsuto Uchida, para trás e assistir Marcelo para um ‘míssil’ de pé direito com direito a figurar entre os melhores golos da temporada foram os momentos altos da partida da estrela portuguesa.

Com dois ‘highlights’ de tamanha monta, assim Cristiano apura o Real para a fase seguinte salvo um milagre alemão que não parece muito crível até porque exigiria uma histórica vitória por três golos de diferença no Bernabéu que parece reservada ás lendas e não a operários germânicos.

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