O incidente ocorreu na passada Terça-feira, dia do duelo entre os parisienses do PSG e os londrinos do Chelsea: um pequeno grupo de adeptos dos «blues» entoou cânticos e afirmações racistas para com Souleymane S., que se encontrava na estação de metro (Richelieu-Drouot) da cidade de Paris - atónito, Souleymane foi até impedido de entrar no metro. No entanto, a intimidação não demoveu a vítima de denunciar o sucedido às autoridades francesas.

«Não falo uma palavra de inglês. Percebi que se tratavam de adeptos do Chelsea e relacionei-os com o jogo do PSG que seria naquela mesma noite. Percebi também que eles me estavam a atacar por causa da cor da minha pele. É que sabem, eu vivo com o racismo», declarou ao jornal francês «Le Parisien». O sucedido foi exposto pelo jornal inglês «The Guardian» e as reacções do mundo do futebol foram duras para com o acto xenófobo.

Além da reprovação e censura da FIFA, os adeptos racistas foram também alvo de frontal e inequívoca censura e repúdio por parte do próprio clube de Londres.  O Chelsea divulgou que está neste momento a decorrer uma investigação para apurar a identidade dos prevaricadores; enquanto a investigação decorre, três suspeitos foram já suspensos e impedidos, temporariamente, de entrar no estádio Stamford Bridge.

Caso a investigação (em colaboração com a das autoridades francesas) consiga provar que tais actos racistas foram perpetrados pelos três adeptos suspeitos, as medidas do clube adivinham-se duríssimas: «Se forem reunidas provas suficientes da sua implicação no incidente, o clube interditará os adeptos em causa de forma vitalícia», avisou o Chelsea, através de um comunicado ontem emitido. José Mourinho juntou-se à repúdia e indignação: «Sentimo-nos envergonhados», afirmou assertivamente, numa conferência de imprensa, realizada ontem.

«Recuso-me a estar conectado com este tipo de pessoas», declarou o técnico luso, que convidou Souleymane S. a visitar a casa do Chelsea. Steve Atkins, responsável pela comuncação dos «blues», também deixou vincada a censura para com tais comportamentos: «Queremos pedir desculpas a Souleymane pelo comportamento de um ínfimo número de pessoas (...) as pessoas involvidas não representam o Chelsea, não partilham os valores do clube (...)».

Numa acção célere, determinada e madura, o clube londrino repudiou os comportamentos ultrajantes dos seus adeptos, tomando parte activa na investigação do caso e desligando-se terminantemente de actos de vandalismo moral que apenas denigrem o desporto, a harmonia social e os valores intrínsecos do ser humano. Uma actuação série que merece atenção por parte dos clubes portugueses.

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