Em vésperas de mais um clássico do futebol português entre Porto e Sporting, a equipa VAVEL Portugal entra em campo para analisar um dos melhores jogadores a actuar no nosso campeonato. O instinto goleador, a técnica, a inteligência tática, a velocidade... Tudo isto descreve o craque Jackson Martínez. Conheça a influência do dianteiro nos grandes jogos e o percurso de dragão ao peito.

Jackson Martínez, o domador de leões... mas só 2 tentos

Aos 28 anos, Jackson Martínez já se tornou numa das pérolas mais brilhantes de sempre do Futebol Cube do Porto. Em Portugal desde 2012, e com a dura tarefa de substituir Falcao, o colombiano disputou já 7 clássicos frente ao Sporting, mas o seu rendimento tem sido pouco eficaz diante dos leões. Até ao momento, o temível ponta de lança apenas bateu Rui Patrício por duas ocasiões sendo um registo aquém do esperado para um avançado de qualidade mundial. Curiosamente, é necessário recuar até outubro de 2012 para relembrar o primeiro golo de Jackson frente aos de Alvalade. Neste clássico, os dragões receberam e domaram os leões por duas bolas a zero com chá chá chá a marcar na sua estreia em grandes jogos.

Para encontrarmos o outro tiro certeiro do ponta de lança em jogos frente aos leões, recordemos a partida de outubro de 2014 na 3ª eliminatória da Taça de Portugal. Neste embate de gigantes, o Sporting começou por se adiantar no marcador, mas pouco depois o mortífero colombiano não perdoou, fugindo de forma audaz da marcação de Maurício para bater Rui Patrício. No entanto, o Sporting eliminaria mesmo os dragões da Taça, saltando à vista mais uma vez a curioso fraco reigsto goleadora de Jackson em clássicos frente aos de Alvalade.

Apesar do fraco rendimento (em golos) diante dos Sportinguistas, o sul-americano tem sido sempre o melhor marcador do Campeonato desde que chegou a Portugal e a título de curiosidade relembramos que na época 2012/2013, o Porto que acabaria por se sagrar campeão nacional teve no global 70 golos marcados, sendo que Jackson balanceou as redes por 26 vezes (37.1% de influência no total de tiros certeiros da equipa).

Depois da época de estreia, o Porto em 2013/2014 não foi além do 3º lugar na Liga, mas o temível dianteiro voltou a ser eleito o melhor concretizador de toda a competição, alcançando 20 golos em 57 do total (35.1% de contributo para o colectivo). Até ao momento, e para não fugir à regra o sul-americano já lidera a lista de melhores marcadores com o registo de 17 golos em 22 jornadas, contribuindo de forma significativa para os 52 tentos que os dragões já somam neste campeonato (até agora 32.7%).

Os números não enganam e a qualidade de Jackson reflecte-se em golos, golos e mais golos… No ano em que a equipa do Porto se revolucionou drasticamente os bons velhos hábitos mantem-se e a equipa VAVEL mostra-lhe a curiosidade de analisar que desde da sua chegada até à jornada passada, o jogador tem aproximadamente 35% de influência em todos os golos que a equipa tem marcado no campeonato nacional nas duas últimas épocas e meia.

Marcar golos, dançar entre defesas e bailar tacticamente no 4-3-3 dos dragões

O futebol praticado pela formação azul e branca depende em grande escala do contributo de Jackson Martínez. Para descrever o potencial de chá chá chá nos dragões atentemos a 3 diferentes funções que o ponta lança tem dentro das 4 linhas.

Antes de olhar para Jackson como goleador de excelência, é essencial observar a inteligência tática que o colombiano evidencia ao baralhar as marcações dos defesas e ao integrar-se em diferentes fases de jogo como um médio que pressiona o meio campo defensivo dos oponentes, acabando por ser fulcral nas recuperações do esférico. Sendo Jackson um jogador móvel e polivalente, não só apoia na recuperação de bola como tem também a rapidez de processos que lhe permite elaborar passes de ruptura que abrem espaços nas alas para que o próprio Jackson se desmarque de imediato para tentar concretizar.

Jackson requer atenção redobrada dos defesas

Por outro lado, quando o Porto se encontra sem soluções de jogo em ataque continuado e com dificuldades para encontrar espaços no centro do terreno, os médios Casemiro e Herrera tentam muitas vezes solicitar os recuos de Jackson no terreno e aí emerge uma das características mais interessantes do colombiano: a capacidade extraordinária de jogar de costas para a baliza, arrastando os defesas, e assim encontrar os tão escassos espaços. Nestas situações o dianteiro recebe o esférico e procura repentinamente os alas para que se criem lances de perigo.

O mérito táctico de Jackson mede-se não só na capacidade de auxiliar os médios como também na propensão que denota ao encostar-se a uma ala onde evidencia as suas potencialidades de driblador, técina apurada e de artista com o esférico nos pés. Posto isto, torna-se evidente que o sistema táctico do Porto joga muito em torno de um jogador que é muito mais que um simples ponta-de-lança que apenas balança as redes contrárias. O futebol de Jackson vai para além disso e faz dele um astro do desporto-rei que poderá ser essencial para contornar a jovem defesa do Sporting.

Perante Paulo Oliveira e Tobias, o colombiano promete ser letal e aqui surge a principal arma do melhor marcador da liga NOS: o espírito, o instinto e a intuição ímpar de não tremer na hora de bater os guardiões contrários. O poder de desmarcação, a mobilidade na área e eficácia letal do sul americano tornam muito difíceis as marcações dos defesas contrários. Em suma, Jackson poderá mesmo ser a chave do clássico, na medida em que se trata provavelmente do jogador mais inteligente e dotado do futebol nacional.

Dois gatinhos na defesa para Jackson matar

Para a partida deste fim de semana frente aos de Alvalade, o colombiano terá pela frente a dupla de centrais mais jovem do futebol português e como tal a experiência, a audácia e mobilidade de Jackson poderão ser fundamentais. Para Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo parararem o «cha cha cha» não será fácil e para este clássico os responsáveis azuis e brancos depositam esperanças no avançado que poderá ser perfeitamente a figura do jogo, tanto na pressão aos centrais como na saída de jogo de William Carvalho.

Ao analisar as mais recentes prestações da tenra dupla leonina fica na retina a péssima exibição na Alemanha, em jogo a contar para a 1ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa, onde os leões defrontaram a temível equipa do Wolfsburgo, que despachou os de Alvalade por 2-0. Resultado esse que acabou por ser decisivo para a qualificação dos germânicos que arrancaram um empate a 0 em Alvalade na passada quinta-feira. Os dois tentos sofridos pelos comandados de Marco Silva foram fruto da inexperiência, do nervosismo e da pouca tarimba em jogos europeus por parte destes promissores atletas. Apesar da qualidade e do potencial que demonstram, foram visíveis as fragilidades defensivas que se traduziram na ineficaz marcação homem a homem. O segundo golo sofrido pelo Sporting nesta partida resultou claramente de uma falta de concentração dos centrais, que perante um ponta de lança maduro e dotado como Dost não tiveram qualquer tipo de hipótese para evitar o tiro certeiro.

Perante isto, e fazendo um paralelismo entre a exigência de um jogo frente ao Wolfsburgo e uma partida frente ao Porto, em que a pressão estará toda do lado leonino, as pernas dos centrais poderão mesmo tremer diante de um avançado como Jackson, que é pródigo em se aproveitar dos defesas como sendo seus parceiros de dança, para depois bailar rumo às redes contrárias e assim fazer jus ao nome chá chá chá.