Crónica VAVEL

Analisando globamente esta jornada e os lugares cimeiros do campeonato português, observa-se que se jogou uma boa e especialmente conclusiva ronda daquele que tem sido um campeonato que se vai, agora, definindo e ganhando vários diferentes pontos de interesse. O treinador basco, Julen Lopetegui, venceu o seu primeiro clássico (e que vitória!) no mesmo jogo em que confirma a melhor sequência de vitórias no campeonato deste FC Porto.

De uma vez, o FC Porto mostrou ao futebol português provas de uma qualidade e de uma, até agora desconhecida, regularidade que pressiona mais que nunca o pragmático, motivado e sedento de um bi-campeonato Benfica. Deve também enaltecer-se a resposta da máquina de Jesus ao regresso da sua peça mais importante. O Benfica provou que, com Gaitán, tem mais que estofo, conhecimento e experiência para gerir esta vantagem na tabela. Quanto ao Sporting, demonstrou que, na fase da época em que emergem as equipas que têm soluções e estaleca para lutar por várias frentes, o seu plantel não estava à altura e deve tentar garantir o 3ª lugar numa luta com o Sp. Braga, que também está na Taça de Portugal, e que, à semelhança do FC Porto, atravessa a melhor sequência de vitórias no campeonato.

A partir do parágrafo anterior, conseguimos compreender qual é, neste momento, o contexto em que o FC Porto está inserido e a verdade é que a posição não é nada cómoda para o clube e, dir-se-ia, que a sequência de mini-finais que se iniciaram contra o Vitória de Guimarães e que findam na próxima sexta-feira em Braga não era, também, especialmente cómoda para o treinador.

A verdade é que Julen Lopetegui, com os últimos resultados e opções, atravesserá, neste momento, a sua fase de maior reconhecimento entre a massa adepta dos dragões. O FC Porto partia para este terrível ciclo (Vit. Guimarães (C), Boavista (F), Sporting (C) e Sp. Braga (F) para o campeonato e intercalados com os jogos contra o Basileia) sabendo que, com este treinador e estes ditos valiosos jogadores, não tinha ainda ganho a nenhum dos outros candidatos ao título, nem mesmo ao vizinho e rival Boavista num muito apreciado derby da cidade invicta.

A pressão era grande para um grupo de jogadores que não pode falhar e, não falhando, poderá ver o sonho de mais um campeonato ganho com a persistência e a resistência à adversidade. No fim do clássico, esse jogo em que Lopetegui conseguiu gerir a ausência do seu melhor médio (Óliver) com uma solução à partida imprevisível mas visivelmente ponderada e que se mostrou verdadeiramente acertada, resgatando mais um jogador, Evandro, para a fase decisiva da época - um jogador com experiência e qualidade suficientes para ser uma mais-valia no plantel do FC Porto.

O tempo começa apertar e, a cada jornada que passa, se vê mais claramente o desenvolvimento desta equipa de Champions que o FC Porto conseguiu criar. É verdade que os dragões tiveram alguns tropeções muito comprometedores enquanto os seus bons jogadores ainda não tinham formado um sólido colectivo, e que esses tropeções se revelam agora decisivos, mas também é verdade que o FC Porto tem demonstrado mais qualidade que o Benfica na segunda volta e futebol suficiente para discutir o jogo na Luz.

A verdadeira questão, neste momento, e aquela que melhor poderá distinguir a questão do título será esta: «Em que condições jogará o FC Porto o clássico com o Benfica?». Estou convencido que, se o FC Porto beneficiar de algum mau resultado do Benfica antes do jogo da Luz, e chegar ao campo do Benfica com condições de se isolar no topo do campeonato, teremos um jogo muito imprevisível, intenso mas com os dragões a controlar as operações e a jogar no campo adversário com a determinação e personalidade que conhecemos.

Caso ocorra o oposto e o Benfica consiga não reduzir a vantagem antes do jogo da Luz, parece-me que o Benfica tem tudo para ganhar o campeonato. No fundo, continuaremos a seguir o campeonato sabendo que a equipa, dos primeiros classificados, que perder pontos primeiro fica em bastantes maus lençóis e arrisca-se a ver os seus objetivos, a nível de campeonato, defraudados.

Neste momento o FC Porto não me parece obrigado a vencer o campeonato, mas parece-me obrigado a vencer todos os seus jogos até ao fim do campeonato e obrigado, também, a demonstrar perante a Europa a astúcia e qualidade que as equipas geridas por portugueses ou afamados do nosso campeonato potuguês têm demonstrado. A corrida para o título tem, na próxima semana, uma semana particularmente importante e um último grande teste a Lopetegui que procurará vencer em Baga algo que, até agora, só o Sporting, com o milagre de Tanaka, conseguiu. 

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