A Académica tem penado durante esta temporada, facto que não é segredo para ninguém. O histórico clube de Coimbra arrancou com dificuldades técnicas apesar do bom empate arrancado a ferros, na primeira jornada, diante do Sporting. Com um plantel curto e debilidades a nível individual, a Académica de Paulo Sérgio sofreu, jornada após jornada, com a superior qualidade dos adversários - cedo se percebeu que a luta pela permanência seria árdua.

Paulo Sérgio sem margem de manobra

O clube ultrapassou a vigésima jornada mas a sua pontuação, paupérrima, adivinhava mudanças no horizonte - a instabilidade do comando de Paulo Sérgio, provocada pelos maus resultados, era exponenciada pelo visível descontentamento da massa adepta de Coimbra. O crescente desencantamento dos adeptos conduzia a interrupções dos treinos, confrontações entre equipa técnica e fãs, incerteza no futuro e prenúncios de insustentabilidade.

A solução, sempre a mais fácil, passou pela saída, expectável, do treinador português. Após um nulo empate frente ao Boavista, no Estádio Cidade Coimbra, Paulo Sérgio abandonou o clube - 21 jornadas e apenas 15 pontos contavam a história do percurso dos «estudantes» na Liga NOS 2014/2015. Condenado pelas fragilidades do plantel, o antigo técnico do Sporting saiu sem glória mas de cabeça erguida -  com poucos recursos (e, por vezes, pouca paciência...) é difícil atingir as metas propostas. 

Frágil na baliza (Cristiano e Lee debatem-se por um lugar mas nenhum demonstrou ainda créditos indubitáveis), instável no sector defensivo (muitas saídas e entradas, poucas referências para além de João Real), medíocre no meio-campo (Fernando Alexandre e Marcos Paulo são os únicos pilares) e insuficiente no ataque (Rui Pedro é o craque de serviço, Marinho surge a espaços e até Rafael Lopes permanece-se sumido), o plantel da Académica não está ao nível das seguras equipas da Liga - a luta pela permanência era, desde cedo, uma certeza, assim como as dificuldades inerentes a essa batalha.

José Viterbo lidera revolta coimbrã

A chicotada psicológica, à passagem da jornada 21, mudou o cenário, ainda que tal análise possa pecar por prematura. Mas, à primeira vista, factos incontornáveis emergem para, pelo menos, abrilhantar o contriburo do dedicado técnico José Viterbo, de 62 anos, homem da casa e experiente profissional do futebol - em apenas três jornadas, a Académica de Viterbo angariou sete pontos, praticamente metade dos pontos obtidos pelo clube até à jornada 21 - autêntica revolta coimbrã.

O clube tinha amealhado 15 pontos durante 21 jogos e, agora, renascido das cinzas, conseguiu juntar sete pontos em três duelos, batendo o Estoril (por 1-2, fora, na estreia de José Viterbo como técnico principal), empatando diante do Arouca (em casa, 1-1) e vencendo o organizado Moreirense de Leal (por 0-2 com bis de Rui Pedro). Banhado pela alegria dos adeptos, Viterbo fez-se iluminar pela aura do salvador, transportando consigo a sorte e a boaventura. Será apenas sol de pouca dura, ou terá o plantel adquirido nova motivação que supra, daqui para a frente, as debilidades até agora apresentadas?