O Real Madrid apurou-se, ontem à noite, para os quartos-de-final da Liga dos Campeões, juntando-se ao FC Porto no lote dos oito eleitos da elite europeia 2014/2015. Mas, para isso, a turma «merengue» sofreu a bom sofrer, deixando o Santiago Bernabéu a palpitar, pasmado e assustado com a exibição paupérrima de uma equipa intranquila e desgarrada perante a combatividade germânica. O Schalke 04 gerou, com quatro golos, uma vitória inesperada que não trouxe a factura da eliminação Real porque Cristiano Ronaldo não permitiu tal veleidade.

Cristiano Ronaldo salvou mas dos sustos não se safou o Real

O internacional português foi capaz de, mesmo num momento de menor pujança exibicional, marcar dois cruciais golos que deram maior segurança ao nervoso e desconcentrado Real Madrid - caso o génio finalizador de Ronaldo não tivesse surgido, os madrilenos poderiam agora estar a chorar a eliminação surpreendente, às mãos de uma equipa que se viu em palpos de aranha para bater o Sporting nas duas ocasiões em que enfrentou o Leão. Poucos acreditavam numa reacção forasteira do Schalke 04, mas ela existiu e esteve perto de tombar o galáctico Real.

Falhas defensivas, lacunas de concentração e apatia caseira inversa à vontade de golo alemã: Fuchs surgiu perante Casillas e com frieza inaugurou, aos 20 minutos, o marcador. Cristiano Ronaldo respondeu com um golo nascido de um canto mas os alemães de Gelsenkirchen voltaram à carga: o holandês Klaas-Jan Huntelaar rematou uma, rematou duas e à terceira bateu Casillas - vantagem merecida. 

A pulsão goleadora de Ronaldo voltou a vir ao de cima, quando, de cabeça, o jogador do Real finalizou com assertividade um cruzamento realizado pelo compatriota Fábio Coentrão. Apesar do intervalo quebrar o bom ritmo emotivo da partida, o jogo continuou a ser, na segunda parte, cheio de incerteza, suspense e surpresa - o Schalke 04 continuaria a ser mais equipa e o filme do jogo continuaria a ser, para a plateia da casa, uma película de terror.

O Real até começou o segundo tempo a marcar, por intermédio do francês Benzema, mas aos 57 minutos o contragolpe alemão resultou num golo de Sané, que colocava a partida novamente num impasse. O Real sentia dificuldades para se exibir a um nível consistente e as bancadas percebia tal incapacidade, apesar do volver dos minutos dar aos «merengues» maior tranquilidade e, até, controlo do jogo. Mas aos 85 minutos...novo susto no Bernabéu.

Huntelaar bisou na partida, a cinco minutos dos 90, deixando toda a eliminatória nas mãos da incerteza. O Real Madrid, actual campeão europeu, turma de galácticos de uma constelação milionária, esteve perto de cair aos pés do visitante de valia inesperada, o Schalke 04, realizando uma exibição asténica e desligada, que mal serviu para passar aos quartos-de-final. Entre assobios e feições de insatisfação, o Real recolheu aos balneários, vaiado. 

Real vive momento de má forma

A equipa confirmou ontem, em casa, que o momento que atravessa é mau. Em campo, onze jogadores desligados das mais básicas noções de colectivo apresentaram-se no relvado do Bernabéu, não fazendo jus à reputação de colosso internacional que o emblema madrileno faz respeitar. Cristiano Ronaldo salvou a noite dos «merengues», bisando e tornando-se, com 76 golos, o melhor marcador de sempre da prova.

Palmas, a serem ouvidas, seriam todas elas para os bravos de Gelsenkirchen: batalharam contra um resultado desfavorável de 0-2 trazido da primeira mão e nunca baixaram os braços, mesmo quando tudo parecia perdido. Destaque para o bis do holandês Huntelaar, que perseguiu o golo durante todo o jogo - esta foi, certamente, a melhor exibição do Schalke 04 na Europa em 2014/2015.

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