Nunca como agora Lionel Messi revelou a astúcia e a leitura táctica de um maestro que organiza e pauta o jogo da sua equipa - ontem, na partida contra o Manchester City, o astro argentino realizou uma excelente exibição e provou que a maturidade fê-lo assumir, gradualmente, o papel de maestro do jogo «blaugrana», quer seja construindo de raiz as jogadas de ataque quer seja na arte de assistir os seus colegas. E inúmeras vezes solicitou o golo aos seus companheiros...mas Joe Hart fechou, incrivelmente, o caminho das redes.

Messi está hoje a viver uma fase de transformação técnico-táctica que se adivinha mas que agora está no seu estádio mais avançado - o jogador carrega a bola com o intento de gizar as jogadas logo a meio-campo, transporta a dinâmica colectiva de ataque do Barcelona e assume o papel de distribuidor de jogo, algo que, antes, estava estritamente a cargo de Xavi e Iniesta

«Avançado-maestro» é papel de jogador omnipresente

Ontem, no relvado do Camp Nou, Messi não se cansou de procurar o golo (mais que justo, devido à óptima exibição) mas foi ainda mais acentuada a sua vontade de servir os colegas, com passes salpicados de puro recorte técnico. Da inteligente percepção do espaço e das movimentações dos seus colegas nasceu o único golo da partida - Messi transportou a bola até perto da área dos «Citizens» e numa fracção de segundo vislumbrou a desmarcação de Rakitic, no flanco oposto.

O passe, automático e mortal, deixou o colega croata na cara de Joe Hart. O festival de assistências de Messi prosseguiu mas os intentos da equipa da casa esbarraram na portentosa exibição do homem do jogo, Joe «Brave Hart». Cada vez mais acostumado a pisar terrenos intermédios, o argentino parece estar totalmente confortável com as funções de «avançado-maestro»: sendo a principal referência do ataque, Messi partilhou tal responsabilidade com as tarefas de construção de jogo, parecendo omipresente dentro de campo.

Com as suas movimentações, variadas, Messi cobriu grande parte do meio-campo contrário, desdobrando-se no transporte de bola desde o miolo do terreno até às incursões ameaçadoras nas imediações da área dos «Citizens». A visão apurada de jogo permitiu-lhe suplantar Iniesta e tornar-se, claramente, no distribuidor de jogo dos catalães. Concentrando atenções em si, Messi abriu, por ele mesmo, a porta das desmarcações dos seus colegas, que se libertam do foco da marcação, quer seja directa ou zonal.