A dupla de centrais Maicon-Marcano que se estabeleceu desde a reacção à última derrota do FC Porto (jogo na Madeira contra o Marítimo a 25 de Janeiro), cota-se agora entre os adeptos portistas, na generalidade, como um garante de segurança e sobriedade defensiva acima de qualquer suspeita. Martins Indi, o mais badalado dos centrais do FC Porto, foi já utilizado, com sucesso, num destes jogos da série de vitórias sem golos sofridos.

Esta realidade mostra que o eixo central da defesa dos azuis-e-brancos não tem abanado e os jogadores dessa posição que compõem este plantel (posição essa onde, reconhecidamente, a qualidade dos intérpretes é menor) mostram uma concentração competitiva que pode deixar os adeptos descansados.

Ainda assim, nem só pelo bom momento de forma dos centrais portistas se explica o registo defensivo impecável dos dragões neste momento. Já se sabe que, em qualquer organização defensiva, o papel desempenhado pelo trinco (ainda mais numa equipa que joga em 4-3-3) é decisivo: a equipa atacará melhor sabendo que tem as costas protegidas e os adversários têm mais dificuldades em activar os seus jogadores de decisão ao nível do passe (os médios ofensivos) se estes se virem pressionados rapidamente por um recuperador de bolas e descomplicador de jogo incansável.

Rendimento de Casemiro disparou

Este papel tem sido cumprido, numa performance de altos e baixos ao longo da temporada, por Casemiro. O médio emprestado pelo Real Madrid nunca foi o jogador mais consensual do 11 de Lopetegui mas é inegável a sua subida de rendimento nos últimos jogos (essa subida de rendimento culminou numa presença no 11 da UEFA que escolhe os melhores jogadores da ronda da Liga dos Campeões). Casemiro parece mais adaptado que nunca ao estilo de jogo do FC Porto e se continuar com esta capacidade de trazer a equipa para a frente a pressionar, recuperar bolas, sufocar e morder o adversário, então os portistas podem esperar por mais jogos com a segurança e qualidade dos últimos tempos.

Helton espreita a titularidade

Apesar de tudo parecer muito animador para o lado defensivo do FC Porto, a verdade é que aquele jogador que mais se dedica a defender numa equipa de futebol, o guarda-redes, não é um assunto encerrado para os lados do Dragão. Fabiano compromete, sempre comprometeu e numa equipa campeã a principal função do gurdião é garantir tranquilidade à equipa, dar uma resposta de classe, eficiência mas não demasiado exuberância sempre que chamado a intervir. Um guarda-redes de uma equipa campeã tem de ter a técnica, a antecipação e a velocidade de raciocínio que os guarda-redes das outras equipas não têm de ter e Helton já provou que, terminada a sua recuperação, tem ainda as condições de pegar num lugar que quase que é seu por direito.

Esta travessia de Helton, a acabar bem para o brasileiro, tem quase contornos épicos mas a verdade é que, num momento em que se sabe que Hélton vai fazer os próximos dois jogos do FC Porto e num momento em que o FC Porto sabe que enfrentará aquela que é talvez a melhor equipa do mundo da actualidade, abdicar da diferença que a classe que um guarda-redes destes pode fazer não seria nunca uma boa opção.

Fazer das contrariedades...forças

O FC Porto ultrapassou uma primeira fase de grandes desafios, mas o Benfica não vacilou e quando se olha agora para o calendário e se vê que, dentro de pouco tempo, o FC Porto terá de enfrentar um sofisticado Benfica e a eliminatória com o Bayern quase ao mesmo tempo, isto enquanto tenta garantir o título que se afigura menos difícil (a Taça da Liga), o cenário não é muito animador para os azuis-e-brancos mas sabe-se que, naquele clube as contrariedades trazem mais força e essa força que, defensivamente, os dragões têm demonstrado fará, nos próximos tempos, mais falta que nunca