A F1 está de volta!

Há 15 dias atrás uma boa maioria dos fãs de F1 acordaram cedo e ficaram desiludidos com o espectáculo que viram. Poucos carros, pouca emoção. O desalento instalou-se e pensamos “queres ver que isto vai ser assim todo o ano?”

Hoje todo o desalento desapareceu. O sorriso voltou aos fãs, que puderem voltar a dizer aos mais cépticos “tás a ver, eu não te disse que isto da F1 vale a pena”. Foi uma corrida sensacional. Emotiva, com muitas ultrapassagens, muita história para contar e acima de tudo, com o nascer da esperança que há quem possa fazer frente aos Mercedes. Vettel, que há dois anos atrás era acusado de estar a “matar” o desporto com tal domínio, é agora encarado como o salvador. Isto na F1 não são só os carros que andam depressa. Também as regras do jogo mudam com uma rapidez impressionante.

Ferrari – Eles estão de volta!

Eles tinham prometido que iam voltar às boas exibições e esperávamos que a subida ao primeiro lugar do pódio fosse possível, embora difícil. Mas A Ferrari fez questão de lembrar que tudo é possível na F1 e Vettel explicou em pista o porquê de ter sido 4 vezes campeão do mundo. É uma Scuderia completamente diferente e muito melhor do que se viu no passado. James Allison e Arrivabene fizeram um trabalho espantoso e Vettel foi a cartada decisiva para a melhoria. Continuo a achar que não tem o talento de Alonso ou Hamilton, mas tem uma inteligência e uma ética de trabalho fantásticas e dá muito mais à equipa do que apenas um par de mãos para conduzir um monolugar. Ele tenta perceber tudo e tenta usar todo esse conhecimento em seu favor e em prol da equipa. O carro apresentou um grande trunfo que foi a poupança no desgaste dos pneus (característica dos carros de Allison, pois já os Lotus do tempo de Raikkonen eram assim). Foi aí que esteve a chave da vitória. Vettel soube gerir a corrida de forma irrepreensível. Para mim foi claramente o melhor em pista. Kimi seria também candidato a esse lugar, mas o azar não o larga. Depois de uma qualificação fraca, o Iceman teve ainda um furo no início da corrida atirando-o para o fim do pelotão. Acabar em 4º depois de tudo isso, é prova que Kimi não está tão mal quanto se possa pensar. Quando o azar o largar poderemos ver se é capaz de fazer frente a Vettel. É cedo para dizer que a Ferrari é já concorrente directo da Mercedes, pois a Scuderia ainda tem muito para melhorar, mas com isto colocaram os Silver Arrows em sentido.

Sebastian Vettel: nota 9

Kimi Raikkonen: nota 8

Scuderia Ferrari: nota 9

Mercedes – Apanhados com as calças na mão

Uma equipa que vence da forma como a Mercedes fez, pode cair no facilitismo. E a vitória em Melbourne fez a equipa pensar apenas na luta interna de pilotos e esquecer-se dos outros adversários. Resultado? Estratégia pouco trabalhada e uma clara desorganização na corrida, que ajudou a Ferrari a alcançar o merecido triunfo. Hamilton fez o que lhe competia. Mais uma pole espectacular e em corrida fez o melhor que pôde, mas o carro não lhe permitiu fazer durar os pneus médios, o que o fez perder terreno para Vettel. Hamilton era um homem frustrado pois já não estava habituado a ter de correr atrás do prejuízo. Mas conquistou pontos preciosos para o campeonato. Já Rosberg provou que não está bem. A versão 2014 ficou perdida algures e agora temos um piloto que se esquece do princípio básico da F1 que é não ser ultrapassado. Escancarou a porta a Vettel, pensando que isso beneficiaria a sua estratégia. Parece claramente perdido e estes primeiros resultados não são nada animadores. Foi a primeira vez nesta era dos V6 Turbo que a Mercedes foi realmente “apertada” e deu-se mal. Confusão na pitwall, com Paddy Lowe a enganar-se o botão rádio transmitindo uma mensagem a Hamilton por engano, estratégia que não beneficiou a equipa. Um fim de semana que vai servir para rever processos e acima de tudo para lembrar que se não continuarem a trabalhar no duro poderão ter problemas.

Lewis Hamilton: nota 8

Nico Rosberg: nota 7

Mercedes: nota 7

Williams – Promessas ainda não confirmadas

Afirmávamos no início do ano que a Williams era aquela que se perfilava como a mais capaz de ameaçar a Mercedes. Mas até agora ainda não vimos nenhum sinal de ameaça. Pelo contrário, a única coisa que se viu claramente é o avanço que a Ferrari deu a equipa britânica. Nem Massa nem Bottas foram capazes de acompanhar o andamento de Ferrari e Mercedes. Os Williams foram pouco poupados nos pneus e nem a sua famosa velocidade de ponta esteve em evidência. A Williams precisa de melhorar bastante. Bottas voltou às pistas e teve como prémio de compensação ultrapassar o seu colega de equipa nas últimas voltas (ainda bem que a Williams não impediu esta bela luta). Já Massa foi prejudicado com um problema numa das suas paragens, mas foi mais uma vez claro que Bottas tem um pouco mais de velocidade que o brasileiro, que pode fazer melhor. Os sinais de alarme soaram na equipa. Ou melhoram ou poderão ver ao longe a luta entre as equipas da frente. Ainda há tempo para melhorar e as contas no campeonato ainda são favoráveis.

Valteri Bottas: nota 7

Felipe Massa: nota 6

Williams: nota 7

Toro Rosso – O talento não tem idade

É altura para começar a engolir algumas das nossas palavras, quando dissemos que a Toro Rosso ia sofrer com a falta de experiência dos seus pilotos. O campeonato é longo ainda é certo, mas até agora ambos os jovens estiveram em muito bom plano e nenhum deles meteu a “pata na poça”.Verstappen bateu o record de Vettel ao ser o piloto mais jovem a marcar um ponto na F1 (record que manterá por muito tempo, dadas as mudanças da FIA para a atribuição das super-licenças) e fez uma corrida muito boa, tal como Sainz. Ao espanhol coube a tarefa de correr com apenas 2 paragens e talvez tenha sido essa apenas a diferença para Verstappen que acabou à sua frente. A Toro Rosso conseguiu fazer outra vez melhor que a Red Bull e mesmo Horner já admitiu que estão melhores que os Bull´s. Fazer melhor que a casa mãe é motivo de orgulho para Tost e companhia e talvez mais um motivo para a Renault comprar a equipa.

Max Vertappen: nota 7

Carlos Sainz : nota 7

Toro Rosso: nota 8

Red Bull – Entre a espada e a parede

Mais uma corrida pobre dos Bull´s, mostrando que não têm capacidade para mais do que mostraram na pista malaia. O motor é fraco e isso nota-se mas não é só o motor que tem problemas. O chassis não é a melhor criação de Newey e tem problemas, essencialmente no eixo traseiro onde a estabilidade não é a ideal. Tudo isto a juntar com a ameaças de sair da F1 e a troca de acusações entre Renault e Red Bull que resultaram num mau golpe publicitário, em que a Red Bull ficou no papel de “chorona” e onde agora a Mercedes aponta para a Ferrari dizendo “ sempre acham que é preciso a FIA tomar uma atitude?”. A Scuderia mostrou que com trabalho se consegue resultados e a Red Bull perdeu o argumento. A Renault está como quer. Podem ficar na F1, podem comprar uma equipa, podem sair. O problema é que a Red Bull se perder a Renault perde assim fornecedor de motores. E sem motores não se fazem carros. Como irá Horner lidar com esta situação? Do lado dos pilotos pouco a dizer. Os carros tiveram problemas de sobreaquecimento dos travões, o que prejudicou ambos e Ricciardo com um toque no inicio, danificou a asa dianteira, o que não o ajudou. Kvyat ficou na frente mas as prestações foram similares. E quando Ricciardo tem de fingir um sorriso, está tudo dito em relação ao fim de semana da Red Bull.

Danil Kvayt: nota 6

Daniel Ricciardo: nota 6

Red Bull: nota 5

Lotus – O azar ainda esconde o potencial

A Lotus continua sem mostra o verdadeiro potencial.Maldonado teve mais um furo, mais um toque e teve de desistir da corrida com problemas nos travões e de sobreaquecimento. O numero 13 está claramente bem atribuído. Já Grosjean esteve perto de marcar os primeiros pontos mas um toque de Perez roubou-lhe essa possibilidade também. O francês queixou-se de problemas no turbo o que o prejudicou também. A base parece ser boa mas enquanto os azares persistirem é difícil. Mas acreditamos que poderemos ver em breve um Lotus no top 5.

Romain Grosjean: nota 6

Pastor Maldonado: nota 5

Lotus: nota 6

Sauber – longe dos sorrisos

A corrida de Melbourne foi excelente e dadas as circunstâncias, bem saborosa para a equipa. A Malásia não trouxe nada de bom para a equipa, com Nasr longe do excelente desempenho da primeira corrida. A qualificação correu-lhe mal e na corrida não foi capaz de mostrar um bom andamento. Já Ericsson falhou o tempo de travagem para a primeira curva e ficou preso na gravilha. A equipa já mostrou que tem potencial para mais, mas há fins de semana onde tudo corre mal. A Sauber teve muitos desses em 2014 e este ano voltou a esse nível. As próximas poderão correr melhor.

Felipe Nasr: nota 5

Marcus Ericsson: nota 3

Sauber: nota 5

Force India – Esperar pela versão B

Limitação de danos enquanto não vem a versão B do carro. É esta a afirmação do director da equipa indiana. A mudança para o túnel de vento da Toyota levou a um retrocesso no projecto do carro VJM08 e por enquanto o novo carro não dá para mais. É provável que seja uma versão disfarçada do carro do ano passado com algumas (poucas) melhorias. Enquanto não chega a versão melhorada resta a Hulkenberg e Perez fazer o melhor que podem com o material à disposição. Ambos foram penalizados em 10 segundos devido a toques ( parece-me que a penalização de Hulkenberg foi algo exagerada, ao contrário da decisão tomada no caso de Perez). No final o mexicano ficou na frente do alemão mas a equipa deu ordens a Hulk para não passar Checo. Quando o carro novo chegar veremos o que realmente valem.

Sérgio Perez: nota 5

Nico Hulkenberg: nota 5

Force India: nota 5

Manor – O regresso!

É verdade que apenas um carro rodou e é verdade também que Mehri levou 3 voltas de avanço, mas com um inicio tão atribulado, era difícil fazer melhor. Só o facto de estarem em pista e acima de tudo estarem a fazer render o que o talento de Bianchi lhes deu no ano passado é positivo. Não darei notas neste caso. Mas louva-se o esforço da equipa toda.

McLaren – Treino interrompido a meio.

Mais uma sessão de treinos para a equipa de Woking. O carro mostrou evolução em relação à corrida passada e até foram capazes de se misturar com o Sauber, Force India e até Red Bull. Ambos os carros sofreram com problemas de aquecimento ( algo normal dado o pouco espaço que o motor tem para “respirar”) mas a equipa deu um passo em frente e se mantiver a taxa de evolução poderá começar a aspirar por algo mais a partir do meio da época. Até Alonso e Button terão de ter paciência e continuar a lutar.