Quem diria? Surpresa no Dragão: o FC Porto foi contra todas as expectativas e, com uma entrada fortíssima, plena de pressão e atitude competitiva, espantou o colosso Golias, Bayern Munique. Dois golos em apenas dez minutos serviram para expôr debilidades do favorito Bayern e para motivar o Dragão, que rejubilou com as «ganas» de Ricardo Quaresma, do retornado (em boa hora) Jackson Martínez e de toda a armada portista. No final do debate, 3-1 a favor do FC Porto e contra todas as probabilidades - afinal, quem disse que no indecifrável futebol havia vencedores antecipados?

Entrada de Dragão chamuscou o Bayern adormecido

O Porto entrou em campo com a surpresa da inclusão do goleador salvífico Jackson Martínez - recuperado da lesão (ocorrida na partida contra o SC Braga), o avançado viria a ser crucial na manobra dos portistas. O atleta roubou a bola ao adormercido pivot Xabi Alonso, e, logo aos 3 minutos, encarou Manuel Neuer, obrigado o guarda-redes da selecção alemã a cometer grande penalidade; para sorte bávara, o árbitro espanhol decidiu empunhar o cartão amarelo quando deveria, sim, penitenciar Neuer com a cartolina encarnada. Ricardo Quaresma, frio como gelo, escolheu um lado, Neuer, enganado, escolheu o errado.

Guardiola desceu ao Inferno nos primeiros 10 minutos (REUTERS)

A vencer por 1-0 o FC Porto manteve a estratégia leccionada por Julen Lopetegui, que mostrou ter estudado na perfeição o oponente: pressão forte e contínua sobre os defesas do Bayern, Boateng, Dante e Rafinha; Xabi Alonso, o pivot de construção que inicia a maioria das jogadas da equipa de Pep Guardiola, também não se livrava da constante pressão portista, que, diga-se, frustrou totalmente o jogo do espanhol, tornando-o num dos piores da sua carreira. O segundo golo, logo aos 10 minutos, acentuou a vergonhosa entrada do Bayern na partida - Dante, também ele adormecido, viu a bola ser-lhe roubada pelo lesto Quaresma, depois, o extremo, isolado, voltou a bater Neuer - tranquilidade na hora de finalizar.

Quaresma show (Foto: Miguel Vidal/REUTERS)

Alcântara atenuou mas o Dragão voltou a soprar fogo

Dez minutos de jogo sem incidências que não fossem os golos do FC Porto, dois murros no estômago do Golias forasteiro, dois golpes que poucos esperavam. O Dragão, com cinquenta mil espectadores nas bancadas, rejubilava de alegria e esperança. Mas tal toada não se manteria, naturalmente - o Bayern carregou no acelerador e, obrigado a subir no terreno, em bloco, iniciou manobras de sufocamento do adversário. O golo acabou por surgir aos 28 minutos após uma competente subida de Boateng pelo flanco direito: o centro, a meia altura, recebeu um pontapé certeiro do desmarcado Thiago Alcântara.

Na segunda parte, a tarefa do FC Porto adivinhava-se difícil: o Bayern, motivado pelo golo do médio Thiago e pela clara subida de forma desde a metade da segunda parte, iria partir de novo para cima do Dragão, empurrando-o para as cordas de Fabiano até ao golo (para muitos previsível) do empate - mas a história da segunda parte foi tudo menos isso. O FC Porto foi quem repetiu a entrada fulgorante, mordendo os calcanhares aos bávaros e obrigando-os a mastigar o jogo na zona média-baixa do seu meio-campo. Xabi Alonso, sem espaço para desenvolver os seus passes teleguiados, empenava o jogo do Bayern; sem profundidade nas alas, o colosso germânico estagnava.

E foi precisamente na segunda parte que o Porto mostrou uma cadência regular de controlo das incidências de jogo, obrigando o Bayern a ter cautelas defensivas - as próprias substituições de Pep Guardiola (entradas do médio Rode e do defesa Badstuber) reflectem as preocupações do colosso bávaro. Thiago Alcântara, sem espaço para furar na zona baixa do Porto, limitou-se ao golo marcado; Lahm, apesar de competente na circulação de bola, nunca se mostrou a nível elevado, fruto da boa acção defensiva de Casemiro e Herrera. E, mal sabia o Bayern, o 3-1 estava ao virar da esquina.

E o tal virar da esquina foi um lugar belo para Jackson Martínez: Alex Sandro lançou a bola para as costas da atabalhoada defesa do Bayern e Jackson, lesto a desmarcar-se, ultrapassou Boateng e, não satisfeito, ultrapassou também Neuer antes de rematar para a baliza deserta. Aos 64 minutos, o Porto via-se, justamente, a vencer por 3-1. Respirando confiança, a equipa da Invicta fechou os trilhos da baliza de Fabiano, frustrando as paupérrimas tentativas do Bayern em alvejar as redes da casa. Carente de golos que amenizassem a má exibição, o Bayern não se mostrou capaz de abalar o controlo defensivo do Porto.

Jackson fez gato sapato de Neuer (Foto: REUTERS)

Jackson Martínez e Quaresma: os destaques de uma equipa assertiva

Para além das boas exibições dos laterais Danilo e Alex Sandro (única falha no lance do golo, onde o corredor esquerdo ficou desarmado), o Porto teve como principais destaques o retornado goleador Jackson e o extremo mágico Quaresma; os dois foram duas peças essenciais na movimentação do ataque e na pressão aplicada à estrutura defensiva do Bayern - os dois primeiros golos surge após desarmes de ambos. a técnica do colombiano, após brilhante lançamento de Alex Sandro, é típica dos avançados de classe mundial. Palmas também para as exibições do incansável Herrera, do pivot defensivo Casemiro e do driblador Brahimi.

Na linha defensiva, aplausos também são merecidos para o eixo portista: Maicon e Martins Indi chegaram para as encomendas, cometendo apenas um erro - a bola centrada por Boateng percorreu toda a área, caindo caprichosamente nos pés de Thiago Alcântara. De resto, trabalho esforçado e concentrado, permitindo uma noite relativamente calma a Fabiano Freitas.