Jorge Jesus e Julen Lopetegui perseguem o título de campeão nacional, mas, na luta entre os dois treinadores, o técnico português leva vantagem - três pontos de maior tranquilidade e um estádio pronto a juntar-se à luta de Domingo, para apoiar o actual campeão e líder da presente temporada. O experiente treinador do Benfica está a um passo de garantir o bicampeonato (que foge há 30 anos) e o técnico basco persegue o primeiro título enquanto comandante do FC Porto.

Jorge Jesus à beira do sucesso, Lopetegui do precipício

Em termos de cenário actual, o treinador encarnado vive um momento estável alicerçado nas vitórias internas e na antecâmara de um cada vez mais real bicampeonato, feito que levará à euforia um Benfica afastado de tais glórias há três décadas. Distantes ficaram as querelas de amor-ódio na relação com os adeptos e os fantasmas da perdição ao cair do pano das competições - Jesus é hoje um treinador consensual no reino da Catedral da Luz.

Já Lopetegui vive dias de tormento misturado com esperança - após um épico 3-1 diante do Bayern, para a Liga dos Campeões, a derrota pesada em Munique, no reverso da medalha, abanou o ego do Dragão e fragilizou a vertente psíquica da equipa. O basco nunca gozou do estatuto de treinador consensual, antes pelo contrário: desde a sua vinda até aos dias de hoje, muitas são as franjas de adeptos que acreditam mais no fracasso do espanhol do que no seu sucesso.

Ainda sem provas dadas nos meandros clubísticos, Julen Lopetegui persegue o seu primeiro título ao serviço do FC Porto, goradas que foram as chances na Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga dos Campeões (apesar do excelente percurso). Uma derrota na Luz significará a iminente derrota total no campeonato, e, consequentemente, a perda de confiança (quase incontornável...) por parte dos adeptos, apesar da mensagem de apoio do presidente ao técnico.

Jorge Jesus, por seu turno, poderá subir aos píncaros (internos, é certo) do sucesso, imitando Sven-Goran Eriksson e reavivando parte da potência nacional de um Benfica há muito afastado do domínio interno. A concretizar-se, será o seu terceiro campeonato conquistado, um feito partilhado por poucos técnicos durante a História benfiquista. Mas, caso falhe, o fantasma da perdição será materializado num clima de incredulidade geral. Basta relembrar o percurso de rivalidade entre Benfica e Porto nos últimos seis anos.

Mas...e se o precipício se abeirar de Jorge Jesus?

Porque, caso o Benfica falhe a conquista do campeonato (que liderou durante praticamente todo o tempo), será o quarto campeonato perdido para o rival FC Porto num espaço de seis anos. Um triunfo em 2014/2015 fará toda a diferença para o futuro de Jorge Jesus na Luz, e, a bem dizer, no seu currículo: um falhanço em prol do tão criticado Lopetegui deixará o registo de Jesus deficitário - seis Ligas disputadas, apenas duas ganhas.

Vencer o clássico torna-se, assim, imperativo para Lopetegui; para Jesus, um empate chegará para manter a liderança segura, rumo ao desejado bicampeonato. Mas uma derrota - tanto para portistas como benfiquistas - terá o condão de abalar os mundos dos dois clubes. O Porto poderá ficar em jejum pela segunda época seguida, o Benfica poderá voltar a ser tomado pela fantasma terrorífico das últimas jornadas, que Jesus conhece de cor.