A poucas jornadas do final do Campeonato foi altura de Benfica e Porto se reencontrarem, desta vez no Estádio do actual líder do Campeonato. A partida poderia ser decisiva visto que, caso o Benfica ganhasse, era quase certa a conquista do título, depois do maior obstáculo ultrapassado; por outro lado, o Porto poderia apanhar o primeiro lugar e ver cada vez mais próxima a possibilidade de conquistar o  título. No entanto, os 90 minutos não permitiram verificar nenhuma das situações, numa partida que acabou mesmo com o 0-0 com que começou. As duas equipas permanecem então exatamente como antes, com o Benfica a depender de si mesmo para conquistar o título pela 2ª vez consecutiva.

1ª parte: Pouco espectáculo, muita táctica

A 1ª parte começou mais favorável aos dragões, que pareciam jogar mais subidos no terreno e deter uma maior posse da bola em relação ao adversário. No entanto, os pupilos de Jorge Jesus procuraram inverter a situação e, ainda que conseguissem impedir os azuis-e-brancos de se aproximarem com perigo das redes de Júlio César, não conseguiam segurar a bola, que era muito mais controlada pelo FC Porto. Isto acabou por se traduzir num início de jogo muito faltoso que se prolongou pela 1ª parte e muito disputado a meio-campo, com poucos ensaios ofensivos de parte a parte. Destaque para o Benfica que, ao minuto 14, se aproximou das redes de Helton através de um frouxo cabeceamento de Gaitán, numa defesa fácil para o guarda-redes. Também o Porto só conquistava oportunidades semelhantes e, com a bola muito presa no centro do terreno, nenhuma das equipas assumia especial destaque, transparecendo um jogo muito tático e com pouca emoção.

Foi só mesmo na entrada do último quarto de hora da primeira parte que o jogo se começou a superiorizar face ao adversário, com destaque para Jackson. O capitão azul e branco, ao minuto 33, rematou com potência mas a bola saiu por cima da baliza, em grande parte devido a uma boa atitude do capitão benfiquista ao atrapalhar Jackson Martínez. Contudo, pouco depois era Alex Sandro que fazia das suas e cruzava em perfeição para Jackson, que falhou a bola por pouco. Ainda que nenhuma das equipas registasse oportunidades claras de golo, o Porto assumia-se claramente como superior e causador de mais perigo, inquietando os defesas benfiquistas que se mostravam eficazes a travar os ataques adversários. Destaque também para o minuto 42 quando Alex Sandro, mais uma vez, cruzou de forma eficaz para um desvio da defesa encarnada, que ofereceu o canto aos dragões – segundo e um dos poucos da partida. Danilo bateu e o golo acabou mesmo por se concretizar, contudo o árbitro auxiliar assinalou o fora-de-jogo que deixou o marcador intacto até ao intervalo.

2ª parte: cresceu a emoção, empatou o dragão

A segunda parte foi radicalmente distinta da primeira que, apesar de muito táctica, foi algo aborrecida. No segundo bloco de jogo ambas as equipas entraram com garra e logo os primeiros minutos foram indicativos de uma mudança de atitude, naquela que foi uma 2ª parte onde as duas equipas souberam criar oportunidades e lutaram verdadeiramente pelos 3 pontos. Logo aos 50’ Talisca destacava-se com um excelente remate, e o primeiro perigoso dos encarnados, para uma defesa eficaz de Helton. O Benfica mostrava-se mais ofensivo, mas o Porto também não se deixava ficar atrás – destaque para Quaresma que, poucos segundos depois de ter entrado, efectuava um cruzamento que muito esforço exigiu a Júlio César para resolver. Mas os encarnados não se deixavam intimidar e Pizzi, pouco depois, promoveu um remate potente que obrigou Helton a uma defesa complicada. Estava aberta a verdadeira luta pelos 3 pontos, que fazia os quase 64 mil adeptos gritarem de emoção pelas suas equipas.

Com o jogo mais perto do fim, e apesar de as duas equipas procurarem incansavelmente o jogo, o Porto mostrava-se mais decisivo em conseguir a vitória, enquanto que as águias pareciam confortáveis com o empate – prova disso foi quando Jorge Jesus promoveu a entrada de André Almeida e a saída de Pizzi, oferecendo maior estabilidade ao setor defensivo, juntamente com o já entrado Fejsa, e dificultando ao Porto a tarefa de encontrar espaços para as suas investidas ofensivas. Apesar das dificuldades o último reduto do Porto não desistia, com destaque para Hernâni que, aos 3’ do tempo adicional, falhou aquela que poderia ter sido uma oportunidade que daria a vitória ao Porto. O 2º tempo ficava assim marcado por um Benfica que, apesar de não suspender o ataque, se mostrava cauteloso, face a um Porto que procurava a vitória e jogava de linhas subidas, imprimindo velocidade no seu jogo.

A partida terminou mesmo com a igualdade nula, um resultado que parece o mais justo e que acabou com o record Benfiquista de 93 partidas em casa a marcar golos. Ainda assim, e apesar de manterem a distância que tinham do Porto, as águias de Jorge Jesus encontram-se cada vez mais próximas de se consagrarem bicampeãs nacionais, visto que não só dependem apenas de si próprias como, em caso de igualdade pontual, se encontram superiores ao Porto dado o resultado conseguido na primeira volta do Campeonato.

Destaque ainda para Samaris, do lado dos encarnados, e Casemiro, do lado dos dragões, que se afirmaram como as figuras do jogo, sustentando o jogo a meio-campo e permitindo às suas equipas jogarem de forma mais eficaz e oferecendo-lhes consistência e segurança.

Contas feitas, Benfica e Porto mantêm a 1ª e 2ª posições, respectivamente, contando agora as águias com 75 pontos e os dragões com 72. As próximas jornadas serão absolutamente decisivas, e delas podemos esperar emoção de duas equipas que vão lutar até à última pelo título de Campeão Nacional.