Poder-se-ia abrir esta crónica com a verdade matemática de que o Sporting garantiu ontem o terceiro lugar na Liga, ao bater por 2-0, em Alvalade, o Nacional da Madeira; mas tal era, há muito, dado mais que confirmado, apenas preso por improbabilidades que, ainda assim, poderiam alterar a lógica do rumo dos acontecimentos. Mas o SC Braga, muito distante, nunca iria alcançar o Sporting - depois do triunfo de ontem, as chances, antes mínimas, são agora nulas.

Garantido que está o acesso ao «play-off» da Liga dos Campeões, o Sporting tem agora um mês para preparar o ataque à final da Taça de Portugal, objectivo busílis de toda a época, meta que muitos afirmam ser a derradeira para aferir da continuidade ou não de Marco Silva ao leme do clube leonino. O treinador tem levado a cabo alguma rotatividade nos últimos jogos e ontem voltou a executar alterações - Nani e Miguel Lopes foram poupados, Adrien e Carrillo ficaram no banco.

Sporting de rotatividade soube ser competente

O Sporting alinhou com Rosell no lugar do suspenso William Carvalho, André Martins pisou os terrenos de Adrien, Mané no lugar de Carrillo e o crónico suplente Diego Capel no posto do comandante Nani; na frente, a dupla Tanaka/Montero voltava a pontificar, depois de ter marcado 3 golos na partida da semana passada, frente ao Moreirense. E foi mesmo Fredy Montero, que passou por um deserto de titularidade (desde 1 de Março que não era titular, até ao dia do embate contra o Moreirense), a ser o herói da partida.

Segunda vida de Montero aproveitada com sucesso

O avançado colombiano tem vindo a aproveitar da melhor forma a segunda prolongada ausência de Slimani, o dono do ataque leonino. Depois de ter falhado o ressurgimento aquando da lesão que apoquentou Slimani no início do ano (depois da CAN), Montero passa agora um período feliz: marcou 4 golos em dois jogos e tem-se mostrado eficaz quando encaixado num sistema táctico munido de dois avançados. A parceria com Junya Tanaka tem-se revelado frutífera.

O Nacional da Madeira alinhou com um sistema assente em três médios apostados a ganhar a luta do meio-campo contra a dupla Martins/Rosell, e, de facto, o jogo começou por revelar-se equilibrado: Boubacar, Tiago Rodrigues e Nuno Campos tentavam suster a manobra construtiva do Sporting, com Rodrigues a tratar do pensamento ofensivo alvinegro. O Sporting teve na cabeça de Montero a sua melhor chance da primeira parte - o colombiano cabeceou, sozinho, ao lado do poste de Gottardi, na sequência de um canto.

Tiago Rodrigues liderou equipa e quando saiu...não houve mais equipa...

O Nacional foi o único a obrigar o guarda-redes contrário a uma defesa de alto calibre: Tiago Rodrigues disparou com toda a potência, já dentro da área, mas Rui Patrício, com reflexos felinos, sacudiu a bola para fora. Na segunda parte, aos 57 minutos, o golo caseiro surgiu, muito por culpa da maior dinâmica leonina que Carrillo, recém-entrado, imprimiu no desenvolvimento do jogo sportinguista - dos seus pés sai o centro que encontra Montero, na pequena área. «El Avioncito» antecipou-se a Freire e marcou.

Após o golo leonino, Manuel Machado agitou as águas mas as substituições efectuadas (principalmente a saída de Tiago Rodrigues e a entrada de Soares) deixaram a equipa vazia no meio-campo, e o Sporting agradeceu; os Leões passaram a controlar o jogo de modo absoluto, enquanto os insulares queimavam os últimos cartuchos à passagem dos sexagésimos minutos. O segundo golo, aos 93 minutos, apenas confirmou uma vitória anunciada desde o minuto 57. Montero encostou após trabalho de Mané - o jovem extremo rematou, Gottardi defendeu e o colombiano aproveitou para sentenciar a partida.