Se existisse uma banda sonora dominante na primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, o tango seria claramente o som a destacar face à importância que tiveram duas das maiores estrelas do futebol da Argentina para o desfecho dos dois encontros esta semana disputados, nos quais a Juventus derrotou o Real Madrid e o Barcelona desfeiteou o Bayern de Munique.

Excelente resultado do Barcelona conseguido com exibição de gala de Messi

Neste caso, atendendo à expectativa e espectacularidade do jogo, deve começar-se por aquele que foi mais recentemente disputado e no qual o Barça terá conseguido dar uma inesperada ‘sapatada’ na eliminatória atendendo ao equilíbrio de forças que se previa. Nesta primeira mão, a equipa catalã provou mesmo que se encontra pelo menos neste momento melhor servida em termos de opções de plantel, o que faz toda a diferença.

De qualquer forma, nem isso poderá servir de desculpa ao campeão alemão que apesar de não contar com duas das suas maiores estrelas, Franck Ribéry e Arjen Robben, contou já com o seu ‘patrão’ Bastien Schweinsteiger, de regresso mas ainda apagado, tal como outras figuras como Thomas Muller, e ainda assim apresenta no seu alinhamento titular a espinha dorsal da selecção da Alemanha que há menos de um ano se sagrou campeã mundial.

Por seu turno, mais do que um vistoso plantel o Barcelona teve o ‘x-factor’ que muitas vezes permite vencer competições, um factor chamado Lionel Messi que ao efectuar uma exibição ao seu nível de múltiplo Bola de Ouro apontou dois grandes golos, com o segundo a revelar-se um autêntico hino ao futebol ao positivamente deitar Jerome Boateng com a facilidade de um predestinado.

Para terminar mais uma noite para recordar, Messi assume ainda a assistência para o terceiro tento apontado por Neymar - um 3-0 que parece afastar dúvidas quanto ao desfecho da meia-final. Poderá o Bayern recordar a recente ‘remontada’ conseguida em casa perante o FC Porto.

Todavia, as esperanças neste momento serão bem menores, primeiro porque, com o devido respeito pelos dragões, o Barcelona apresenta um nível completamente superior e apenas num dia de tragédia sofreria quatro tentos sem resposta, mesmo em Munique e perante uma das mais poderosas equipas internacionais.

Não deve esquecer-se a forma como o FC Porto tudo apostou nessa eliminatória com as penalizações que se seguiram, tanto na Champions, prova na qual caiu com estrondo no inferno alemão, como na Liga, na qual o Benfica tirou proveito do desgaste físico, mental e da pressão a que os azuis-e-brancos se viram sujeitos. Ora, isso não deve suceder com o Barcelona, que para cúmulo foi capaz de vencer qualquer golo, o que torna quase milagrosa a reacção do Bayern na segunda mão.

Em Itália, Tevez foi protagonista, deixando a Juventus a sonhar com a final

No caso do Real Madrid, as ausências de Luka Modric e Karim Benzema contaram bastante, mas mais importante ainda foram as ausências… de vários dos que estiveram em campo, com destaque para o internacional português Pepe que sem problemas físicos que se conheçam esteve bem distante do nível a que habituou os adeptos do futebol internacional, e com isso ganhou a Juve e a sua unidade atacante de maior preponderância.

Em aproveito da visível ineficácia da defensiva madrilena, com Pepe entre as maiores desilusões pela sombra de si próprio, um jogador que se entrega de corpo e alma, que desta feita não o parecia ser, foi para além de Messi na outra partida mais um argentino a imperar, mais concretamente o aguerrido Carlitos Tevez que, pasme-se, vem sendo falado para retornar à sua Argentina natal no final da época.

Tendo em conta a forma como contribuiu para a jogada do primeiro golo e como construiu em solitário o segundo, tendo sido carregado em falta para uma grande penalidade que o próprio se encarregou de converter, será caso para pedir a Tevez que não o faça - jogadores deste calibre fazem sempre falta à nata do futebol europeu.

Ao Real, para além de bons momentos de James, que ainda contribuiu com uma assistência, valeu mesmo o ‘abono de família’ habitual chamado Cristiano Ronaldo, sempre na senda dos recordes, batendo por 24 horas o recorde de golos apontados na Liga dos Campeões com 76 golos marcados e ao mesmo tempo alcançando Alfedo Di Stéfano como maior goleador de sempre da História do clube madrileno.

Se mantém as suas aspirações de apuramento em aberto depois de cumprir as expectativas e chegar a mais uma meia-final, uma vez mais o Real o deve a CR7... No entanto, apesar de o golo do Bola de Ouro manter o favoritismo dos merengues pelo facto de apenas um golo bastar para o apuramento para a final, a Juve terá ainda uma palavra a dizer ao ainda poder utilizar como trunfo o talentoso Paul Pogba, que não foi ainda utilizado nesta primeira mão.