Uma corrida interessante, com os suspeitos do costume a assumirem os primeiros lugares do grid, a tão aguardada resposta de Rosberg a Hamilton e a introdução de muitas novidades nos carros, cujos resultados práticos não se traduziram em alterações na ordem esperada. Este foi o GP de Espanha. Mas vamos por partes:

Mercedes - O Regresso de Rosberg

Depois de muito se falar sobre a forma de Rosberg e da sua incapacidade de responder a Hamilton, eis que surge de novo no 1º lugar do pódio. Um fim de semana em que conseguiu afinar melhor o seu carro que Hamilton e conseguiu assim a vantagem necessária para conseguir a sua primeira vitória do ano. Uma vitória que sabe duplamente bem pois veio antecedida de uma pole. Animicamente, este resultado vale ouro para o alemão, que pareceu visivelmente aliviado. Dominou de início ao fim da corrida e não teve adversários à altura. Já Hamilton não teve um fim de semana descansado. Nunca acertou com a afinação do seu W06 e o começo da corrida foi francamente mau, ficando para trás, o que logo ai lhe retirou a possibilidade de lutar pela vitória. 2º lugar é um mal menor numa “guerra” que ainda está agora a começar. Há muitas corridas pela frente e para já a contabilidade é bem favorável ao britânico.

Ferrari - Muitas mudanças mas resultados…zero.

Muito se falou sobre as melhorias introduzidas para este fim de semana e a Ferrari foi agressiva. 70% de novos compostos introduzidos no carro e o resultado final? 45 segundos a mais que Rosberg no final da corrida. A distância entre as equipas aumentou e a Mercedes jogou melhor as suas cartas. A Ferrari tentou mas não conseguiu e as melhorias não trouxeram nada ao carro. Um golpe numa equipa que vinha a crescer cada vez mais animicamente. Vettel voltou a subir ao pódio e fez o que lhe competia. A estratégia da Ferrari não terá sido a melhor e se tem “imitado” a Mercedes nas boxes, talvez pudessem lutar por algo mais. Mas cometeram o mesmo erro da Mercedes na Malásia e não foram flexíveis o suficiente. Já Kimi voltou a comprometer a sua corrida na qualificação e como tal pagou caro na corrida. Recuperou bem é certo mas começam a ser demasiadas as vezes que falha na qualificação. Bottas, que é apontado como o seu sucessor na Scuderia, aguentou-o no final da corrida. Teoricamente não é um mau resultado mas é bom que o Iceman melhore ainda mais. O seu futuro começa a estar em causa.

Williams - Para quando mais e melhor?

Nada de novo pela equipa de Sir Frank e companhia. O andamento é o mesmo. Não chega às equipas da frente e não é comprometido pelas outras equipas. O 3º lugar é confortavelmente deles mas, para quem prometeu tanto no inicio, não deixa de ser desapontante. Bottas voltou a ser o melhor. Mais uma prestação muito boa do “futuro ex” piloto da Williams. Pelo que se vê, o piloto finlandês quererá dar o salto em 2016 e já afirmou isso mesmo. A Ferrari poderá ser o seu destino e com desempenhos destes, justifica-se a vaga. Já Massa voltou a claudicar e tal melhor forma de sempre não se reflectiu. Já viu o seu colega de equipa ultrapassá-lo na tabela classificativa. E o brasileiro tem uma corrida a mais. Demasiado discreto em pista.

Red Bull – segurem esses motores!

Com tantos problemas nos motores e com um chassis que não é o melhor, a Red Bull tem de continuar a recolher o máximo de pontos possíveis, num ano para esquecer como já foi dito por Horner. A boa noticia é que nenhum motor se desfez em fumo. Já não é mau. Ricciardo voltou a ser o melhor da equipa, com boas lutas, boas ultrapassagens e um positivo 6º lugar. Depois de uma qualificação fraca, o australiano compensou na corrida e fez pela vida. Está a cumprir o seu papel de nº1. Já Kvyat andou tremido durante a corrida mas uma chamada das boxes, alertando-o para a necessidade de aumentar o ritmo fez o russo acordar e ser mais agressivo. Acabou nos pontos é certo mas ainda não convenceu e aquele que era o talento que tanto se falava no ano passado está agora em fase probatória perante as chefias… e os fãs.

Lotus – Grosjean frio como o gelo e o 13 do costume

Foi uma corrida complicada para Grosjean. Teve um toque com Maldonado no inicio da corrida, a caixa resolveu complicar-lhe a vida e quase que “passava a ferro” o seu mecânico na boxe. Já vimos Grosjean perder a compostura e errar por menos, mas já longe vão os tempos das paragens cerebrais do francês. Manteve-se frio e conseguiu mais 3 pontos importantes para a equipa. Já Maldonado… continua acompanhado de perto pelo azar. Podia ter sido mais esperto, dando mais espaço a Grosjean mas confiou demasiado e o toque levou a que a sua asa traseira partisse. Ainda tentou continuar mas não tinha condições de segurança para isso. Continua sem pontuar este ano. Mas desta vez viu-se um Maldonado aguerrido, rápido e sem erros… Faltou-lhe sorte. Tem de pensar em mudar de número.

Toro Rosso – Os miúdos continuam a não se dar mal

Depois de uma qualificação espectacular esperava-se que os Toro Rosso brilhassem mais em corrida. Mas a afinação dos carros não foi a melhor e os pilotos sentiram dificuldades, especialmente em recta. Sainz parecia que ia ter uma tarde para esquecer, mas a correr em casa, arregaçou as mangas e subiu até aos pontos. Uma boa corrida do espanhol que voltou a ser melhor que o seu colega de equipa. Verstappen mostrou os seus dotes defensivos por várias ocasiões e não se atemorizou, mas ainda assim não esteve ao nível do seu colega. Mas estes rapazes têm futuro na F1.

Sauber – O retrocesso esperado

Ninguém esperava que o bom inicio da Sauber fosse para manter. Afinal o dinheiro é curto e não dá para grandes melhorias. Nasr assumiu-se como o nº1 da equipa. Ericsson teve de ceder o seu lugar nos treinos livres a Marciello, piloto Ferrari ( também porque o patrocínio do sueco não é tão forte) e na corrida não teve ordem para passar o brasileiro. Nasr é melhor e tem mais dinheiro. A sentença de Ericsson está feita. Terá de se contentar com isto ou mostrar mais… esta ultima parece mais difícil. A partir de agora serão poucas as corridas que a Sauber poderá tentar pontuar e cada ponto será uma vitória. Terem sobrevivido ao Inverno já foi muito bom e estão de parabéns por isso.

Force India – Muita “Force” nos pilotos, menos nos carros

O line up da Force India é excelente disso ninguém duvida. E mais uma vez ficou provado que os rapazes se não merecem mais dinheiro pelo andamento, merecem pela dedicação. O carro não é minimamente competitivo e mesmo assim terem de se motivar para tentar fazer o melhor, não é fácil. Hulkenberg começa a mostrar alguns sinais de impaciência. Depois de ter corrido no WEC com um carro que luta por vitórias, “descer de nível” para tentar um pontinho custa. Ainda assim ambos recuperaram de posições menos favoráveis, depois de uma qualificação onde não arriscam nada para poderem poupar pneus para a corrida. Pérez voltou a ser melhor que “Hulk” e está num momento de forma mais positivo que o alemão ( desconfiamos que Hulkenberg está para se despedir da F1 e assumir de vez o WEC e como tal a motivação é menor).

McLaren – É impressão nossa ou aquilo parece assombrado?

Nada parece correr bem nesta reedição da dupla McLaren-Honda. Primeiro o acidente de Alonso, depois os inúmeros problemas de motor, o chassis que afinal não é tão bom quanto se dizia. Os sorrisos começam a desvanecer. Alonso ia levando um mecânico à frente com uma falha nos travões, provocada por uma protecção da viseira de um capacete que bloqueou a entrada de ar nos travões ( versão oficial mas que parece desculpa) e Button viveu as “30 voltas iniciais mais assustadoras” da sua carreira, com o carro a querer fugir de traseira cada que pensava em acelerar. Quando confrontado com a questão dos pontos em 2015, a resposta do britanico foi sintomática…Não espera que isso vá acontecer. São demasiados problemas e demasiados azares. E o fim de semana prometeu tanto com melhorias ao nível do andamento e com a passagem dos dois carros à Q2.

Manor – Nada a dizer

Carro 5seg fora do ritmo competitivo, melhorias apenas esperadas para a Áustria, e pouco mais. Mehri mostrou mais uma vez que é mais lento que Stevens. Não há muito a dizer .