Se os aficionados do ciclismo esperavam uma etapa memorável, as suas expectativas foram totalmente correspondidas pelas exibições estóicas e indómitas de Mikel Landa, Alberto Contador, Steven Kruijswijk, Yuri Trofimov, Andrey Amador e Ryder Hesjedal - a tirada de 177 duros quilómetros entre Pinzolo e Aprica tinha, como susto de tirar o fôlego, o imponente e moroso Mortirolo, obstáculo que colocaria tudo e todos à prova.

O grande derrotado do dia foi o chefe-de-fila da Astana, Fabio Aru. O ciclista italiano não resistiu ao impacto do Mortirolo e muito menos ao consistente fulgor do seu rival da Tinkoff-Saxo, Alberto Contador, dono da «maglia rosa» - cansado e cilindrado pelas íngremes pendentes do Montirolo, o italiano de 25 anos foi tão somente um peso morto arrastado, durante muitos quilómetros, pelo colega de equipa Mikel Landa.

Conexão Astana/Katusha tentou passar a perna a Contador

Mas ainda o Mortirolo se agigantava no horizonte dos olhares dos corredores do top 10, quando Alberto Contador se deparava com um percalço técnico e permitia que a sinergia de forças entre a Astana (puxada por Landa) e a russa Katusha (liderada por Trofimov) o deixasse para trás: 51 segundos atrás, a perder gás juntamente com a embarcação da Tinkoff-Saxo, que se afundava à medida de um homem por cada dez (íngremes) minutos.

Contador sem equipa trepou e transformou-se em miragem para Aru

Roman Kreuziger foi o último dos guardiões de Contador, abandonando a dura estrada antes do Mortirolo começar a tirar dividendos das pernas dos ciclistas. O espanhol ficou sozinho, mas, nessa solidão de aparente condenação, resolveu fazer-se ao caminho com todas as forças que ainda tinha. E tinha muitas. Alberto Contador anulou a desvantagem num piscar de olhos, ultrapassando adversários como quem voava, trancando a mira na dupla Mikel Landa/Fabio Aru.

Aru, em visível e indisfarçável perda, reflectia nas suas feições uma derrota anunciada. Contador e Landa perceberam-no rapidamente; ambos seguiram o seu caminho, numa cadência fortíssima que rapidamente tornou Aru em miragem. Steven Kruijswijk, exibindo-se com categoria, aguentava o ritmo dos dois espanhóis. Aru continuou a perder segundos para os líderes, acabando por perder o segundo lugar da geral individual para o escudeiro Landa, que cortaria a meta em primeiro lugar, bisando de modo brilhante no Giro.

Mikel Landa brilhou no Montirolo, Contador tem o Giro enlaçado

Contador, a 38 segundos do triunfante Mikel Landa (que venceu duas etapas consecutivas e afirmou-se inequivocamente no panorama internacional), cortou a meta atrás de Kruijswijk e, graças à sua brutal recuperação, agarrou o Giro de Itália 2015 e dificilmente o largará sem festejar o triunfo final na prova: tem, à passagem da etapa 16, 4:02 minutos de vantagem sobre Landa e 4:52 sobre Fabio Aru. Uma derrota geral para a Astana, apesar da equipa cazaque ter celebrado a terceira vitória na competição.

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