Hoje, quando marcharem pelo relvado do estádio de Berlim adentro, prontos para a batalha futebolística do ano, Juventus e Barcelona não só disputarão o mais desejado troféu de clubes como também contemplarão a entrada para um restrito «hall of fame» mundial que eterniza apenas aqueles que tudo tomaram de um acesso de gloriosa ambição conquistadora - os vencedores da famosa «treble», os indómitos campeões que ao absolutismo interno juntam o sucesso europeu.

Juventus e Barcelona poderão, ambos, atingir tal domínio inquebrável - as duas formações chegam à final da UEFA Liga dos Campeões depois de espalharem o seu total controlo por terras nacionais, conquistando quer o campeonato de seus países quer a Taça. Os transalpinos reclamaram com facilidade o Scudetto enquanto os «blaugrana» bateram o rival Real Madrid na recta final da «La Liga». Em adição, ambas as equipas ergueram as suas Taças, estando agora à beira da sagrada e memorável «treble».

Allegri - Luis Enrique

Juventus brilha longe da sombra dos negros anos

A Juventus brilha no panorama europeu, numa reentrada no lote das melhores equipas do mundo, depois de vários anos na sombra da sua própria condenação; já o Barcelona, habituado às glórias europeias deste seu novo milénio repleto de troféus, acena com o favoritismo de quem já conquistou três Ligas dos Campeões em apenas nove anos (2006-2015), número que poderá hoje subir para quatro, caso os «culé» batam a oposição «bianconeri».

Os italianos, comandados por Massimiliano Allegri, procuram colocar as mãos num troféu que não é saboreado pelas gentes de Turim desde a época 1995/1996, altura em que a Juventus mediu forças com o Ajax, e, nas grandes penalidades fatídicas, suspirou de alívio e comoção, festejando a sua segunda vitória na competição. Marcello Lipi, homem do leme dessa Juve triunfal, conduziu um colectivo carismático com nomes como Peruzzi, Pessotto, Ciro Ferrara, Paulo Sousa, Conte, Vialli, Deschamps, Ravanelli e um jovem Del Piero.

Vialli ergue Taça em 1996

Da dourada «Era Platini» de 1984/1985, época em que a Juventus pela primeira vez cravou o seu nome na Taça dos Campeões Europeus, saltando uma década, até ao triunfo de 1996 de Lippi e, agora, olhando para uma Juve que pode voltar a tocar o céu, deparamo-nos com um clube que, apesar de dominador em Itália, ainda está longe de ser assíduo nas conquistas da UCL, apesar de todas as oito finais já presenciadas. Caso vença hoje, a Juventus enterra o recente passado sombrio e, qual fénix, ressuscita internacionalmente.

Barcelona procura intensificar milénio áureo

O Barcelona, ao contrário da Juventus, tem vivido um novo milénio pleno de sucesso externo; os catalães, que já venceram quatro Liga dos Campeões na sua História, celebraram três em apenas nove anos, podendo mesmo atingir a quarta Taça nesse mesmo período de tempo. Depois do Barcelona mágico de Rijkaard, Ronaldinho, Deco, Eto'o e companhia, em 2006, os catalães prosseguiram a fase vitoriosa com Pep Guardiola e seu «tiki-taka» hipnotizante - a era de Xavi, Iniesta, Messi, Dani Alves, Puyol e companhia, espetava a bandeira «blaugrana» em solo mundial, fazendo dos relvados os quadros de suas obras de arte.

Barcelona vencedor absoluto em 2009

Em 2009 e 2011, o Barcelona de Guardiola festejaria o sucesso na competição, batendo o Manchester United de Alex Ferguson por duas vezes; com a dupla de maestros Xavi/Iniesta a comandar a sinfonia do meio-campo e Messi a plantar magia no último terço do terreno (com as ajudas de Thierry Henry em 2009 e David Villa e Pedro em 2011), o Barça viveu um reinado que ultrapassou a beleza dos golos e das vitórias, tingindo também, de «blaugrana», a filosofia futebolística mais bela das últimas décadas. Depois de bater três equipas inglesas (Arsenal e United por duas vezes) o Barça poderá voltar a triunfar perante um finalista italiano (em 1992 bateu a Sampdoria).

«Treble» sempre histórica: Juve tenta entrar na História, Barça pode realizar feito único

Ambas as equipas jogam a sua oitava final da Liga dos Campeões e ambas podem conquistar a famosa tripleta, entrando assim para os anais do futebol mundial; caso seja a Juventus a consagrar-se, passarão a ser oito as equipas que já realizaram o feito da famigerada «treble»; caso vença o Barcelona, teremos, pela primeira vez, uma equipa a repetir esse feito - relambramos que os catalães atingiram o sucesso máximo, em 2009, ao arrecadar a «La Liga», a Taça do Rei e a «Champions».

A final Juventus x Barcelona é inédita, e, se olharmos para o percurso da História, partilhado por ambos, verificamos que apenas por uma vez uma equipa revelou clara superioridade em relação à outra: falamos do 3-1 da Taça das Taças, em 1990/1991 - triunfo caseiro do Barcelona numa eliminatória (meias-finais) ganha pelos catalães; na segunda mão da mesma eliminatória deu-se a única vitória «bianconeri» no tempo regulamentar (1-0). A Juve viria, em 2003, a bater os catalães novamente (agora nos quartos-de-final da UCL) mas apenas após prolongamento.

Juventus bateu Barcelona em 2003

Onzes prováveis do Juventus x Barcelona

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