Sem que a bola ainda tenha sequer começado a rolar, a temporada 2015/2016 conta já com a sua primeira polémica que coloca em confronto a Federação Portuguesa de Futebol e o Sporting por força da lesão de William Carvalho, que o afastará da competição nos próximos três meses e, pior do que isso no que diz respeito às aspirações leoninas, não jogará a Supertaça, o play-off de acesso à Liga dos Campeões e as primeiras rondas da Liga NOS.

Trata-se de um processo delicado que parece tornar uma vez mais o adágio popular ‘casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão’, sendo que nesta analogia o ‘pão’ é mesmo William Carvalho e ambos os contendores nesta polémica possuem razões para se considerarem um pouco culpados em todo o processo.

Começando pela Federação Portuguesa de Futebol, esta nega de forma veemente o que para quem acompanhou o Europeu sub-21 uma evidência que passou pela utilização de um William Carvalho muito debilitado fisicamente que com entrosamento, espírito de sacrifício e a natural rodagem de vários encontros em poucos dias disfarçou o que começou por denotar-se logo no encontro de estreia perante a Inglaterra, altura em que começou a manifestar queixas.

Não nos deixemos enganar pelo facto de o médio leonino ter sido escolhido pela UEFA para receber o galardão de melhor futebolista da competição. É do conhecimento público que estas escolhas, mais do que condizentes com o que se passou em campo, são acima de tudo políticas e visam corresponder ao que espera o mercado e os seus intervenientes, e como tal ainda antes de ter sequer arrancado a primeira partida se poderia adivinhar que seria William o escolhido.

Prémio de melhor jogador do Euro sub-21 não disfarçou as dificuldades físicas

Poucos dias antes do início da prova, William era rotulado como o jogador mais valioso em termos de valor de mercado entre todos os presentes, colocado inclusivamente na dianteira em relação ao inglês Harry Kane que possui uma previsão especulativa superior à do português, bastando atentar-se às pretensas propostas milionárias que terão chegado ao Tottenham pela sua contratação. Neste caso, William bateu Kane aos pontos nas performances em campo.

No entanto, jogadores como o companheiro de Sporting João Mário ou o guarda-redes José Sá terão atingido um superior patamar de importância para o vice-campeonato conquistado por Portugal, e inclusivamente na vencedora Suécia jogadores influentes como Filip Helander, Oscar Lewicki ou até o benfiquista Victor Lindelof poderiam ter sido escolhas a ter em conta. No fim, ganhou William – e assim ganhou Portugal, que bateu adversários de renome com destaque para a Alemanha, que goleou.

Se já lesionado – ou pelo menos limitado – William estava, tudo se desmoronou com um Europeu em final de época. No entanto, que não pensem os adeptos do Sporting que o clube de Alvalade se pode demarcar de algumas culpas neste processo referentes ao acompanhamento próximo em relação ao estado clínico do jogador.

Sporting poderia ter acompanhado a situação de forma atempada, a exemplo do que faz o Real Madrid

Tanto que assim é que este será um ponto a rever, tendo sido nos últimos dias veiculado que os verde-e-brancos nomearão um responsável com a missão de acompanhar passo a passo o percurso dos atletas ligados ao clube quando ao serviço da FPF. Desconheço, todavia, se esta possibilidade é sequer viável e se o próprio organismo o considerará dentro da legislação.

No entanto, o acompanhamento mais próximo, para além de aconselhável, é elementar, bastando recordar que há anos que o Real Madrid mantém relações próximas da Federação para conhecer ao minuto as situações clínicas de Cristiano Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão.

Inclusivamente nos rivais existem histórias semelhantes nas quais Benfica e FC Porto se impuseram perante as Federações, com os encarnados a questionarem, e a inclusivamente entrarem em conflito, com o Paraguai relativamente a Tacuara Cardozo e ainda esta temporada o FC Porto devido a um problema físico de Bruno Martins Indi. No entanto, e com algumas culpas próprias, será o Sporting o grande prejudicado e acima de tudo Jorge Jesus.

Se já tinha deixado uma lista de reforços antes de partir para férias na qual figurava um médio defensivo (Danilo Pereira, que optou antes pelo FC Porto), agora com os trabalhos já em andamento o treinador exigirá mesmo um 6, mesmo ciente de que no plantel existem soluções imediatas como Oriol Rosell, João Palhinha ou até Simeon Slavchev ou para um ‘duplo pivot’ como Adrien Silva, João Mário, Wallyson Mallmann, André Martins, Ryan Gauld ou Zakaria Labyad. Mas nenhum é William…

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