Quer aqueles que concordem com o elevado investimento do Sporting para esta época quer os restantes que apelidam a estratégia leonina de ‘loucura financeira’, certo é que este novo Sporting está mais forte e acima de tudo mais ambicioso, liderado por um Jorge Jesus que por estas alturas ‘põe e dispõe’ no clube dentro e fora do campo como ficou bem notório na saída de Augusto Inácio pedida por ambas as partes face a diferendo já antigo.

Pelo menos para já, este leão em novo figurino mostrou, em especial no recentemente disputado Troféu Cinco Violinos, que está bem desperto para aquilo que dele se espera. Falta agora em competição provar que a equipa apresenta soluções suficientes para não depender em grande parte do mediatismo e capacidade do seu treinador que em caso de urgência poderá ser determinante para suprir qualquer limitação ou problema que possa surgir.

Assim, muito embora tenham sido muitos os reforços e alguns deles sonantes, a estrela do Sporting 2015/2016 chama-se Jorge Jesus, a contratação mais valiosa não só por ter sido resgatado ao grande rival Benfica como pelo condão que teve de lançar dúvidas sobre o adversário com o qual se confrontará no próximo Domingo, dividindo opiniões face à existência de uma falange que consideraria mais ajuizada a sua continuidade na Luz.

Muito depende do acerto das decisões e planeamento de Jesus o sucesso deste leão que parece pelo que demonstra e pela capacidade que se reconhece às qualidades do seu trabalho ser candidato. Discutir o título até ao final é uma obrigação, o posicionamento nos dois primeiros lugares parece um objectivo altamente provável.

Eventual conquista da Supertaça representaria um importante impulso para a restante época

Comparar a construção desta equipa com o grupo que se formava na temporada passada ilustra que o plantel claramente se fortaleceu - no entanto, com um perigo que poderá surgir na perda de referências da formação do clube, que paulatinamente irão perder o seu espaço perante aqueles em quem o clube investiu capital, sendo que alguns deles possuem a sua importância e o estatuto de capitães e líderes de balneário.

Poderá o Sporting viver com isso e evitar algo semelhante ao que sucedeu ao FC Porto na época transacta, uma descaracterização do balneário que terá sido fulcral para um ano de hiato? Talvez sim, dependendo de como Jesus adapte as suas contratações e apostas pessoais aos elementos que já se encontravam no grupo. Caso esse processo não tenha sucesso, os frutos poderão não ser os esperados, podendo uma eventual conquista da Supertaça servir como primeiro tónico.

Não havendo espaço para as referências nacionais no grupo, muito menos o deverá haver para os valores provindos da formação - isto apesar das qualidades que Jorge Jesus estará a encontrar em jogadores como Rúben Semedo, João Palhinha, Wallyson Mallmann e Gelson Martins, sendo que apenas o último deverá constituir aposta regular por parte do técnico.

Vencendo ou não no Domingo, este Sporting candidato apenas poderá prosperar caso se mantenha  a harmonia entre todos num tranquilo início de época e em especial entre Jesus e um Bruno de Carvalho, um dirigente que entrou no futebol nacional para ‘agitar as águas’ mas que agora terá de saber distanciar-se e acima de tudo saber coibir-se no seus comentários facebookianos e de viva voz; provavelmente até mais do que no básico do futebol, a performance dos seus atletas.

Para além da Liga, caberá aos leões defender o título conquistado na Taça de Portugal

O que falta ao emblema de Alvalade para que passe de um interessante projecto para um possível campeão em potência? Atendendo a esse prisma, aos verde-e-brancos pedir-se-á uma maior estabilidade emocional para que não perca pontos desnecessários frente aos oponentes que disputam a manutenção e que por essa diferença de potencial não poderão constituir uma ameaça para um conjunto que aspira à conquista do título.

Resumindo, exige-se a este leão que resolva esse tipo de problemas, e cedo de preferência - a 1ª jornada da Liga NOS frente ao Tondela será um claro exemplo. Todo o plantel terá de estar fisicamente capaz de responder ao desafio até porque, recorde-se, o Sporting defende também a Taça de Portugal conquistada como despedida da época anterior face ao Sporting de Braga. Espera-se por isso uma época extremamente exigente e a obrigar a equipa a uma consistência defensiva que jogadores como Maurício ou Naby Sarr eram na época transacta incapazes de transmitir.

Juntando a existência de vários elementos de confiança na defensiva aos restantes sectores também compostos, parecendo certo que ainda chegará mais um reforço para o ataque depois de se terem frustrado eventuais alvos como Eduardo Vargas ou Kostas Mitroglou, Jesus certamente promoverá a rotatividade que tanto aprecia, em especial em provas como a Taça. Caso todas estas premissas se cumpram, este Sporting será mesmo um muito sério