Se a pré-temporada já reflectia estados de espírito bem diferentes entre Sporting e Benfica, o resultado da Supertaça contribuiu ainda mais para essa realidade com os verde-e-brancos a fazer jus à tonalidade do seu equipamento, exaltando esperança e confiança, já os encarnados revelam algum embaraço e decepção que rapidamente terão de ultrapassar tendo em conta as suas obrigações.

No caso do Benfica, o possível reencontro com a felicidade encontra-se marcado para o próximo Domingo, data na qual a estreia na Liga NOS 2015/2016 colocará o primeiro encontro no Estádio da Luz desde que a equipa se sagrou bicampeã perante um Estoril que desiludiu na época passada pois baixou imenso o seu rendimento com uma qualificação para a Liga Europa que se revelou mais do que a equipa seria capaz de suportar e que por isso poucas expectativas gera e procura agora recuperar o seu rumo.

Curioso: precisamente o pensamento que figura na mente dos adeptos e responsáveis benfiquistas – recuperar o rumo enquanto se mantém uma forte atenção ao mercado para preencher lugares que se encontram no mínimo deficitários e que o recente confronto com o Sporting deixou a nu; noutras, embora exista quantidade, lateja claramente a falta de qualidade imediata como se denota em prestações como a de Sílvio em desastrados ensaio-geral ante o Monterrey e igual desfecho no confronto ante o leão.

Na falta de grandes referências dentro de campo ou até de balneário – ainda recentemente saiu mais um desses jogadores, Rúben Amorim - suspiram os adeptos benfiquistas por uma nova vaga de talentos que necessita de rodar para regressar com perspectivas de se tornar clara opção para o futuro, razão pela qual deve ser acelerado o empréstimo de promessas como Bruno Varela ou João Teixeira, e acima de tudo pela chegada de craques como Fábio Coentrão, que assentaria como uma luva.

Benfica dispensou Amorim (Foto: AFP/Getty Images)


Benfica terá de recuperar a fórmula que o destacava em relação à concorrência

Deve ter-se em conta que os bicampeões nacionais serão chamados à acção para actuar por diversas vezes durante a semana e não apenas para disputar a Taça CTT, o que exige variedade entre a qualidade, e tal como há um ano, até chegar Jonas, o Benfica revela também problemas evidentes na sua frente de ataque ainda que se encontre limitado pelo elevado número de treinos e jogos tendo em conta a precoce fase da temporada.

Tendo em conta que na época passada era precisamente a virtude de possuir um onze-base definido e uma defesa sólida que destacava a águia dos demais adversários, urge portanto voltar a obter o ADN e ideias que permitiram confundir o FC Porto e Julen Lopetegui na época transacta.

Todavia, defende Jorge Jesus, esse ADN e ideias passaram para o Sporting assim que o próprio se mudou para Alvalade. Se estas palavras podem parecer exageradas, em parte o técnico não se encontra desprovido de razão: o seu estilo de futebol atractivo e vertiginoso está a encantar as hostes leoninas e em especial o presidente Bruno de Carvalho.

Jesus foi aposta crucial de Bruno de Carvalho (Foto: AFP)


Para já reina o verde esperança em Alvalade

Nem mesmo o habitual discurso em tom de protesto do líder sportinguista, normalmente apontado às arbitragens, se faz ouvir: esperança é a palavra indicada à entrada para o Sporting, que desde a apresentação do actual técnico vive um período de loucura que ultrapassa mesmo as apresentações de Marco van Basten quando Bruno de Carvalho era ainda candidato (posteriormente derrotado) ou de Domingos Paciência durante o ‘reinado’ de Godinho Lopes.

Se nos referirmos a jogadores, pode comparar-se ao sucedido aquando da chegada de Nani ao Aeroporto da Portela para dar início a uma temporada de empréstimo em 2014/2015. Com um plantel renovado e fortalecido, com destaque para uma defesa que embora não conte com aquela que foi apontada como primeira opção no início do defeso, Ricardo Costa, que optou por assinar pelo PAOK, encontrou para já em Naldo a estabilidade que muitas vezes faltou na época anterior, tudo corre de feição em Alvalade.

Não deve ainda esquecer-se uma equipa B composta por jovens ambiciosos que no entanto terão a sua afirmação adiada ou quem sabe impossibilitada num leão que respira confiança e por esse motivo deverá apostar em unidades mais experientes.

O leão terá como estreia na Liga frente ao recém-chegado após uma justificada festa de arromba pela subida de escalão Tondela, um bom exemplo para o futebol nacional que será ‘apadrinhado’ pelos leões. O momento é de confiança e para que tudo fosse perfeito faltaria apenas que William Carvalho, uma das figuras da equipa e que possui ligação até 2018, se encontrasse disponível. Resta agora esperar pela sucessão de jogos para verdadeiramente tirar o pulso a este promissor leão.