Num regresso ao 4-4-2 clássico, o Benfica triunfou sobre o Estoril por 4-0, resultado que apesar de justo por aquilo que a equipa de Rui Vitória produziu na meta final da partida, é enganador e demasiado severo para a equipa da Amoreira, que se apresentou na Luz a praticar um futebol interessante, compacto na defesa e criterioso nos momentos ofensivos. A equipa de Fabiano Soares apresentou-se na luz com Kieszek na baliza; na defesa, Anderson Luiz à direita, Diego Carlos e Yohan Tavares no eixo e Mano na esquerda; a meio-campo, Afonso Taira, Babanco e Chaparro; na frente, Sebá, Léo Bonatini e Gerso. os encarnados, com Júlio César; Nélson Semedo, Luisão, Lisandro e Eliseu; Fejsa, o retornado à titularidade Pizzi, Gaitán e Ola John; Jonas e o reforço Mitroglou

Luz expectante viu Júlio César travar Estoril atrevido

53 mil adeptos na Luz assistiram a uma primeira parte muito disputada, com o Estoril a aproveitar alguma intranquilidade da equipa da casa para criar perigo, nomeadamente por intermédio da velocidade do trio da frente, com especial destaque para um lance polémico a envolver Bonatini e Luisão: o «Girafa» colocou o braço nas costas de Bonatini que cai na área benfiquista. Tiago Martins nada assinalou. 

Os últimos 15 minutos da primeira metade revelaram um ascendente encarnado, com o Benfica a criar mais oportunidades de golo, mas sem conseguir fazer o golo. Luisão esteve perto de abrir o activo, mas acabou por ver as suas aspirações esbarrarem na trave da baliza defendida por Kieszek. A primeira parte fechou no entanto com um calafrio para os adeptos da casa: desatenção de Luisão e Pizzi que proporciona a Léo Bonatini isolar-se na cara de Julio César, com o guardião brasileiro a salvar o Benfica de sofrer o 1-0 mesmo antes do intervalo. Na recarga, Sebá atirou por cima.

A segunda parte terminou como acabou a primeira: Bonatini cabeceia para o golo cantado após cruzamento letal vindo da esquerda, com Julio César, em contrapé, a negar o golo ao avançado brasileiro, numa defesa quase por instinto. E até aos 70 minutos, o jogo passou por um período de maior sonolência, com as equipas a não criarem claras oportunidades de golo.

Rui Vitória lançou samba de Talisca e Andrade e mudou o jogo

Após as primeiras alterações, o jogo mudou de tom — dupla substituição de Rui Vitória, que lançou Talisca e Victor Andrade, enquanto que Fabiano Soares respondeu com a entrada de Mattheus e o ex-Benfica Bruno César, e a balança desequilibrou para o lado dos da casa: foi justamente dos pés de Talisca que, aos 74 minutos, saiu um passe de regra e esquadro para Eliseu, que adiantou para Gaitán, com o génio argentino a colocar a bola com precisão na cabeça de Mitroglou, que, como mandam as regras, cabeceou para o fundo das redes. O grego não demorou muito a marcar com a camisola do Benfica, mas apesar disso, é evidente que o avançado precisa de «pré-época», não só do ponta de vista físico como também a nível do entrosamento com os colegas. 

Não tardou o Benfica a dilatar a vantagem, fazendo-o quatro minutos depois, com um remate de ressaca de Talisca após livre batido da direita por Gaitán a ser interceptado pelo braço de Mattheus, que levou Tiago Martins a apontar para a marca de grande penalidade. Na conversão, Jonas não desperdiçou e fez o seu primeiro golo na Liga NOS 15/16. 

Nélson Semedo coroou afirmação com golo de belo efeito

Ao minuto 81, Talisca abriu na direita para Nélson Semedo, que lateralizou ainda mais para Victor Andrade, com o jovem da formação das águias a cruzar com conta, peso e medida para a cabeça de Jonas, que atirou a contar para o 3-0. Tempo ainda para, ao minuto 89, Nélson Semedo ver coroada a sua excelente exibição com um golo, após entendimento entre este, Victor Andrade e Nico Gaitán, com o jovem português a atirar para golo.

Foi nos último quarto de hora que o Benfica resolveu o jogo, com uma eficácia tremenda que esteve ausente durante grande parte da pré-época e no jogo da Supertaça. Justiça no marcador, não em números, mas quanto ao vencedor.

Homem do jogo: Talisca mudou o jogo, Gaitán fez dupla assistência, Jonas bisou e Nélson Semedo até marcou, mas quem agarrou o Benfica quando mais precisava foi Júlio César, com duas defesas impossíveis em momentos cruciais da partida, que negou ao Estoril a oportunidade de, por duas vezes, se adiantar no marcador. Muitas vezes o papel do guarda-redes é negligenciado, mas quanto a mim, é o guardião que merece o título, pela competência, experiência e serenidade que transmitiu, justamente nos momentos em que o Benfica exibiu maior intranquilidade.

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