«Com as nossas armas vamos tentar contrariar a fortaleza que é o FC Porto e tentar somar pontos», era esta a perspectiva do treinador do Marítimo, Ivo Vieira, sabedor do facto de em sua casa os insulares contabilizarem mais encontros a pontuar do que com derrotas perante os portistas que na sua História venceram nos Barreiros por 17 vezes mas não o fizeram em 18 confrontos.

Em relação aos últimos dois encontros, duas alterações com o lugar deixado vago por Alex Sandro, transferido para a Juventus, a ser ocupado por Aly Cissokho como já havia sido anunciado por Julen Lopetegui, seis anos após a última aparição pelo dragão, e Cristian Tello passou à condição de suplente depois de uma pré-época apagada e uma exibição cinzenta frente ao Vitória de Guimarães por troca com o titularíssimo Yacine Brahimi – no entanto, durante o jogo terá havido quem se tivesse lembrado de Quaresma…

Faltou também um verdadeiro ‘matador' aos comandados de Julen Lopetegui, que antes da partida afiançava que os verde-rubros «são uma equipa tremendamente organizada e que sabe o que faz»- sábias palavras do treinador espanhol ou não tivesse o Marítimo marcado logo na primeira oportunidade de que dispôs ao minuto 5, algo que ao FC Porto não sucedia há quase um ano.

Jogada de envolvimento culminada com um cruzamento pela esquerda de António Xavier para o cabeceamento de Edgar Costa (duas exibições bastante interessantes, assim como o arménio Gevorg Ghazaryan) algo atrapalhado mas não menos eficaz, ao segundo poste, para abrir o marcador e uma vez mais provar que o Marítimo não era o adversário ideal para manter os dragões no momento que mais procuram. 

Talvez ciente de que a História apontava que sempre que o Marítimo marca cedo ao FC Porto no final nunca o conjunto madeirense saiu derrotado, pelo menos em encontros disputados na ‘maldita’ Madeira, o primeiro momento de resposta azul-e-branco teve lugar aos 11 por intermédio de Brahimi, que atirou perto do poste esquerdo.



Primeira parte foi dividida, justificando-se o empate

Os dragões procuravam lutar contra o azar, contra a pressão inerente ao facto de poder começar desde já a criar um atraso pontual em relação ao rival Benfica e também perante a estatística que indicava que a última reviravolta perante o Marítimo com os insulares a lograrem marcar tão cedo datava de há mais de cinco anos e tinha tido lugar no conforto do Dragão… e tinha sido caso único – mas chegou o que parecia ser a solução aos 34 minutos.

Nesse momento Giannelli Imbula serviu de cabeça o companheiro de meio-campo Herrera, que no interior da área atirou para um empate que podia celebrar-se tendo em conta que era um resultado melhor do que os dragões haviam conseguido nas últimas três épocas, fosse no descanso fosse no final das partidas... Certamente um dos adversários nesta Liga que Lopetegui não verá como indicadas para criar ímpeto de vitória.

Apesar de o dragão dominar no plano estatístico em campo e ser conhecida a sua aptidão para os encontros perante adversários da sua ‘igualha’, algo que muitas vezes não sucede perante os restantes adversários da Liga NOS que não o Benfica ou o Sporting, bastaram seis minutos para que a equipa da casa voltasse à carga e novamente por Edgar Costa, que de livre directo atirou ao lado no último lance de real perigo da primeira parte.

Iniciava-se a segunda com uma atitude mais visível por parte do FC Porto, mesmo visivelmente enfadado pelo facto de não conseguir impulsionar no seu futebol a ‘embalagem’ que costuma operar na condição de visitado, embora muitas vezes falível mesmo quando os portistas se encontram na sua zona de conforto: esse assomo partiu de um dos seus jogadores mais influentes pela antiguidade que leva no clube, o extremo Silvestre Varela, que aos 50 minutos não conseguiu melhor do que um remate mal direcionado.

Sempre que incomodado o Marítimo era capaz de responder, muitas vezes pela ala direita, tendo-o feito por Xavier com dois remates no espaço de três minutos, procurando criar maior impacto numa partida que parecia começar a abrir-se com nova investida do FC Porto aos 59 por intermédio de Tello, que havia entrado poucos minutos antes, e Maicon através de um livre rasteiro aos 66.

A reacção dos madeirenses dava-se a partir do banco com a passagem de Edgar Costa para o centro do terreno, no entanto sem resultados práticos, tal como o remate de Vincent Aboubakar aos 78 já na pequena área e apenas com o guarda-redes como opositor, tendo atirado… contra o peito do guardião Salin; aos 85 foi Casiilas quem se manteve atento perante o aparecimento de Dyego Sousa.



Dragões foram incapazes de iniciar a Liga com duas vitórias consecutivas

Tão ‘maltratado’ pela História, o FC Porto procurava agarrar-se ao facto de ter sido a única equipa no espaço de 22 anos a ser capaz de vencer nos Barreiros quando ao minuto 90 se registava um empate… e esse momento esteve perto de acontecer na última jogada do encontro na qual Maxi Pereira cabeceou em direcção da trave, que caprichosamente devolveu a bola ao relvado para cima da linha de golo, deixando o dragão a milímetros da vitória…

Seria provavelmente o fim da maldição que assola o clube sempre que viaja até à Madeira, e agora também os reforços azuis-e-brancos que continuam sem marcar em jogos oficiais e assim se mantêm alvo das objectivas atenções da crítica após um empate que reflecte o 6º encontro consecutivo do emblema da Cidade Invicta sem vitórias no arquipélago da Madeira, sendo que o Marítimo atingiu já o quinto jogo seguido sem consentir qualquer derrota enquanto visitado frente a tão credenciado oponente.

Começam a perfilar-se dois terrenos avessos ao dragão: os Barreiros e a Luz, onde também há quatro anos o FC Porto não vence, com o acréscimo de na última dúzia de anos em praticamente metade deles ter sido incapaz de iniciar a Liga com duas vitórias, o que uma vez mais voltou a acontecer, e neste caso sem desprimor para com o Marítimo uma vez mais frente a um oponente de potencial inferior, para enorme desagrado de Julen Lopetegui.

«Aquele golo não pode acontecer, mas aconteceu. Eles são fortes no seu campo, só que nós reagImos e conseguimos o empate. Embora tivéssemos jogado pouco na segunda parte, nós tivemos as melhores ocasiões para marcar e para conquistar os três pontos,» concluiu o treinador basco perante os primeiros dois pontos perdidos na temporada na casa de um Marítimo que agora poderá solidificar este onze-base.

Esta igualdade e incapacidade para dominar de forma inequívoca vai provando, por outro lado, que tal como nas últimas duas épocas nada pode garantir que este seja um ano de FC Porto campeão, causará certamente apreensão nos responsáveis azuis-e-brancos. E uma vez mais a ‘culpa’ é da Madeira…