Acordar e chocar contra o muro

Ambas as formações entraram em campo com alterações relativamente aos respectivos jogos da 1ª jornada; no Arouca houve troca de extremos com Artur a entrar para o lugar de Leandro, já no Benfica, e para além do regresso de Luisão, o técnico Rui Vitória deixou Fejsa no banco, dando o seu lugar a Samaris.

Depois dos empates de FC Porto e Sporting no sábado, esperava-se um Benfica motivado e galvanizado pelos milhares de adeptos que preencheram grande parte do Estádio Municipal de Aveiro. Todavia, foi o Arouca, comandado por Lito Vidigal, quem entrou melhor no jogo, e que melhor maneira de entrar numa partida do que com um golo; apenas três minutos jogados e um cruzamento da direita encontra David Simão à entrada da área, o médio serviu da melhor maneira Roberto que, na cara de Júlio César, não perdoou e fez o primeiro e único golo do jogo. 

Atordoados pelo golo madrugador, os encarnados demoraram a reagir, uma demora que podia ter tido consequências graves quando, aos nove minutos, Roberto voltou-se a encontrar com Júlio César, só que desta vez o guardião brasileiro levou a melhor. Foi preciso estar perto de sofrer novo golo para o Benfica dar sinais de vida, perante um Arouca que entregava naturalmente a iniciativa de jogo ao adversário, procurando o erro para lançar o contra-golpe.

A esta reacção se deveu, em muito, à "entrada" na partida de Pizzi; o médio português foi pedra-chave nas rápidas recuperações de bola ainda no meio-campo ofensivo, assim como na transição para o ataque. Assim, e a partir dos vinte minutos, os campeões nacionais tomaram de assalto a área adversária, um cerco de onde resultaram várias oportunidades de golo, todas elas evitadas por um muro chamado Rafael Bracalli, um dos melhores em campo esta noite; e quando o brasileiro não esteve lá, foi Jaílson, já perto do intervalo, a tirar o golo as águias em cima da linha de baliza. O intervalo chegava e tudo indicava que o ritmo do ataque benfiquista se iria manter no segundo tempo. 

Campeão inofensivo

Contudo não foi isso que aconteceu, assim, e apesar de Rui Vitória ter trocado Ola John por Víctor Andrade, os encarnados entraram com um ritmo de jogo muito inferior ao demonstrando nos últimos minutos do primeiro tempo, uma situação que servia perfeitamente ao Arouca, agora mais confortável no seu meio-campo e com mais possibilidades de explorar o contra-ataque. A primeira oportunidade do segundo tempo é mesmo dos arouquenses com Roberto a chegar ligeiramente atrasado a um cruzamento da esquerda.

O jogo tinha apenas o sentido da baliza de Bracalli, contudo, e ao contrário da primeira parte, o Benfica não conseguia chegar com perigo junto da área adversária, mostrando ansiedade e muita desinspiração; a isto soma-se também a boa prestação do sector defensivo do Arouca, onde Velásquez e Hugo Basto, centrais dos nortenhos, estiveram em destaque, limpando quase todas as bolas da sua grande área.

Os minutos iam passando e nas bancadas os adeptos encarnados iam desesperando, já Rui Vitória resolveu arriscar, trocando Eliseu por Carcela, e Samaris por Jiménez, era o tudo por tudo dos encarnados em busca do golo. Até final a partida jogou-se, com raras excepções, nos últimos trinta metros do meio-campo do Arouca, numa altura em que ambos os treinadores tinham atirado o livro das tácticas pela janela, confiando na concentração e coração dos seus jogadores; já em tempo de compensação, Jonas teve na cabeça a derradeira oportunidade, mas a bola saiu a milímetros do poste esquerdo de Bracalli.

Com esta derrota o Benfica, não só não aproveita os deslizes dos mais directos rivais, como perde pontos para os mesmos, já o Arouca sobe à liderança isolada da Liga com seis pontos, sendo a única formação só com vitórias.