Das mais recentes prestações do Benfica sobravam as dúvidas, tanto exibicionais como até defensivas com os encarnados a permitirem demasiadas ocasiões de golo e com isso ainda esperavam uma «clean sheet» nesta Liga. Não haveria melhor forma de responder perante o Belenenses ao continuar sem perder em casa desde há 54 jogos, tendo igualado a sua 4ª melhor marca de sempre enquanto visitado que data já de 1973.

Para que se tenha uma ideia, dos últimos 6 encontros entre ambas as equipas na Liga data já de 2013 o último golo apontado pelo Belenenses, o que indiciava uma noite difícil para o emblema da Cruz de Cristo que não foi capaz de impedir o regresso dos bicampeões nacionais às exibições de gala. Agora sim, pode mesmo dizer-se que ‘o campeão voltou’.

«Vamos jogar contra uma equipa que tem a pressão, a responsabilidade de ganhar o jogo», avançava antes do encontro o treinador do Belenenses, Ricardo Sá Pinto, que optou por um estrangeiro, Kuca, na equipa titular, uma raridade nos azuis, que enfrentavam armas como Gonçalo Guedes, que se estreava como titular enquanto sénior pelo Benfica. Após o encontro, o mesmo treinador lamentará a sua sorte numa partida de sentido único e sem qualquer caso de arbitragem.

Ao primeiro lance de perigo… o primeiro golo, conseguido aos 5 minutos pela dupla de goleadores formada por Jonas e Mitroglou com o brasileiro a servir com um cruzamento o grego para uma eficaz finalização na área perante a marcação azul, um marco tendo em conta que se trata do primeiro golo dos encarnados durante a primeira parte esta época, uma faceta que o Benfica revelava com frequência nas goleadas que alcançava nas últimas épocas e que agora parece estar disposto a repetir.



Jonas foi o grande protagonista de uma verdadeira noite de gala encarnada

A partir do golo apontado na fase inicial da partida foi mesmo intenso o domínio benfiquista que indicia novas goleadas num futuro próximo e que esteve patenteado em nova oportunidade aos 16 minutos, novamente com Jonas a servir desta feita Gonçalo Guedes que atirou para defesa de Ventura, guarda-redes que dois minutos volvidos não teve a mesma sorte perante os mesmos intervenientes benfiquistas, chegando a bola à zona de acção de Jonas que desde logo atirou a contar para o 2-0. 

Desde cedo se percebeu que esta seria uma ‘daquelas’ noites de Jonas, claramente o melhor homem em campo ao contribuir com dois golos e duas assistências, sendo que não marcava e assistia no mesmo encontro há já quatro meses e continuava a protagonizar o poderio atacante do Benfica ao voltar a atirar com perigo aos 32 antes de bisar aos 40 concluindo um cabeceamento de Samaris que deixou o brasileiro em zona de golo.

Este bis tem para Jonas um outro significado histórico dado ter-se tornado o quinto jogador mais eficaz em termos de média em toda a História do clube encarnado e o quarto jogador mais influente para os golos da equipa nas últimas duas épocas…  e isto apenas em 45 minutos que indicavam um jogo completamente resolvido, o que levou a que durante a 2ª parte tivesse sido poupado, tendo dado lugar a Pizzi.


Adaptação de Mitroglou também decorre pelo melhor, com golos como se lhe é exigido

Com o jogo em 0-3, pouco se podia pedir ao Belenenses depois de ter visto frustrado o seu plano de jogar com a necessidade do Benfica em vencer e que após o descanso ainda lançou o atacante Luís Leal no entanto sem quaisquer resultados, confirmando-se mesmo a primeira derrota azul, de Sá Pinto como treinador do emblema do Restelo e logo com ‘estrondo’. Maior esse ‘estrondo’ se tornou aos 53 com novo golo de Mitroglou em aproveitamento de um mau alívio de Gonçalo Brandão, tornando-se um dos mais profícuos goleadores benfiquistas nos seus encontros de estreia.

A um natural ritmo de goleada chegou o 5-0 aos 60 minutos através de uma tabela entre Jonas e Nico Gaitán com o brasileiro a assistir o argentino apenas três minutos antes de se estabelecer o 6-0 final com um remate característico de Anderson Talisca, um remate colocado e traiçoeiro de fora da área após ter sido solicitado por Gonçalo Guedes, que com duas assistências foi um dos destaques nacionais de uma águia que não utilizava tantos portugueses em simultâneo há cerca de um ano e quatro meses.

No final de contas, esta foi a segunda goleada de Rui Vitória, tendo ambos os resultados sido conseguidos na Luz, a Catedral na qual repetiu a goleada imposta ao Estoril e que tantos sucessos garantiu ao seu antecessor Jorge Jesus que tanto tem sido ligado ao clube devido a polémicas várias iniciadas com a sua saída do clube, tendo alcançado um total de 15 tentos em apenas 3 encontros como visitado, um feito ao nível da 1ª época de Jesus, na qual o Benfica se sagraria campeão nacional. Bom augúrio para Vitória?