O super clássico do futebol português terá no próximo domingo entre os postes duas figuras incontornáveis na arte de bem defender. Será Casillas  a parar bolas impossíveis ou será Júlio César a evitar aquele golo quase certo? As  conquistas no Real Madrid e as  glórias na seleção espanhola fazem de Casillas uma lenda viva mas os triunfos no Inter de Milão  e a regularidade na seleção do Brasil  tornam Júlio César um ícone que ninguém esquecerá. No Porto x Benfica, em que os guarda-redes poderão ser a chave do resultado, qual dos dois terá as luvas mais inspiradas para disputar o mega jogo da 5ª ronda da Liga NOS?

Final da Taça das Confederações 2013: Casillas 0 - Júlio César 1

Os atuais donos das balizas de Porto e Benfica irão reencontrar-se no Estádio do Dragão depois de a 30 de Junho de 2013 se terem defrontado pela primeira e única vez. Para testar o relvado do novo Maracana, brasileiros e espanhóis disputaram a final da Taça das Confederações, antecipando o Mundial de 2014  que se viria a tornar trágico para as duas Nações. Nas  redes brasileiras Júlio César e nas redes espanholas Iker Casillas, num confronto inédito que o imperador dos postes do Benfica acabou por superar. Nos 90 minutos a Espanha entrou sem chama e nem mesmo o título de Campeão do Mundo impediu a formação canarinha de levar a melhor. Os brasileiros triunfaram por contundentes 3-0 com golos de Fred por duas vezes e um da estrela Neymar. Neste jogo, Júlio César pouco foi incomodado pelos atacantes espanhóis, mas Iker Casillas, por sua vez não se livrou das críticas por ter sofrido tal humilhação.

O reencontro em Portugal está marcado para domingo em jogo a contar para a Jornada 5 da Liga NOS, mas antes os dois guardiões merecem todo o destaque pelas brilhantes carreiras que ambos têm tido. Para a Liga Portuguesa representa um luxo poder contar com duas glórias que juntos somam 46 títulos ao serviço de clubes e seleções.

Iker e Júlio, o que os une e o que os separa

Em comum os guarda redes revelaram vontade em relançar as carreiras acabando por ingressar nos dois grandes emblemas portugueses. Apesar da qualidade inquestionável, a verdade é que o Mundial de 2014 se tornou um pesadelo para os donos dos postes do Porto e Benfica. Na retina do mundo do futebol estão ainda os 5 golos sofridos por Casillas frente à Holanda e os 7 tiros que Júlio César não parou durante os alemães, o que levantou a polémica em torno da veterania dos guarda redes de Espanha e Brasil. Antes de chegar ao Benfica, Júlio César estava tapado no banco do Queen Park Rangers e o desastre frente à Alemanha levou ao afastamento injusto da seleção canarinha.

Apesar do triunfo da Champions ao serviço do Real Madrid, Casillas não foi poupado às críticas na final quando quase colocou em risco a vitória, ao sair de forma displicente a um cruzamento que deu o golo ao Atlético de Madrid na final de Lisboa que o real ganhou por 4-1. Na época passada o titular da selecção espanhola saiu de campo sem qualquer título mas manteve o posto nos postes da seleção espanhola, posto que Júlio César não mais reconquistou na selecção brasileira. Perante a intermitência que os dois míticos guardiões revelaram, Porto e Benfica não tiveram dúvidas em apostar em dois atletas que apesar de chegarem a Portugal numa fase descendente das carreiras representam qualidade, prestígio e visibilidade ao futebol luso.

Palmarés para dar e vender

O palmarés dos dois jogadores fala por si e 46 títulos, juntando as glórias de ambos, significam uma mais valia para quem se interessa pelo futebol português.Com 25 anos dedicados ao Real Madrid, Iker Casillas chega à cidade Invicta com 34 anos e feitos atrás de feitos. Sob o comando de Vicente Del Bosque, o guardião estreou-se na equipa principal e desde então partilhou o balneário merengue com astros como Figo, Zidane, Ronaldo e, mais recentemente, Cristiano, Benzema e James. No total, Casillas guarda no seu museu pessoal 22 títulos ao serviço do Real Madrid e da seleção espanhola. Com a camisola merengue o guardião soma cinco Ligas Espanholas, duas Copas do Rei, quatro Supertaças espanholas, três Ligas dos Campeões, duas Supertaças Europeias, uma Taça Intercontinental (extinta) e ainda um Campeonato do Mundo de Clubes. A defender as cores do seu país, o mítico portero teve o privilégio de se sagrar uma vez Campeão do Mundo e duas vezes Campeão da Europa e, nos escalões mais jovens, um Campeonato Mundial de Sub-20.

Com um percurso recheado de sucessos, Júlio César atingiu o ponto alto da sua carreira quando José Mourinho treinou o Inter de Milão. Com o treinador português, Júlio César ganhou tudo o que havia para ganhar e tem sido com regularidade que defende tanto os clubes por onde passa como a selecção brasileira. Em termos globais o guarda-redes tem 24 títulos, destacando-se quatro Campeonatos brasileiros, cinco Ligas Italianas, três Taças Italianas e três Supertaças Italianas, e ainda uma Copa dos Campeões Regionais (extinta). Mais recentemente o guardião conta já com uma Liga Portuguesa e uma Taça da Liga. O título europeu ao serviço do Inter de Milão, em 2009/2010, foi o ponto alto da sua carreira, e nesse mesmo ano o brasileiro viria ainda a conquistar também o mundial de clubes. Pela seleção canarinha o guarda-redes soma duas Taças das Confederações, uma Copa América e uma Copa Mercosul (extinta).

Os números são impressionantes e as conclusões são no mínimo curiosas. Se de um lado Casillas leva clara vantagem na conquista de Ligas dos Campeões e no Mundial de Selecções, por outro lado Júlio César soma no global mais dois títulos do que o rival portista, com a particularidade de ter sido a conquista na Liga Portuguesa e na Taça da Liga a desempatar este duelo de títulos entre os históricos guardiões.

Clássico de Domingo: Júlio César com ligeira vantagem sobre Casillas

A favor de Júlio César está a experiência de um ano no futebol português, onde se adaptou de forma extraordinária depois de ter ultrapassado as lesões que o impediram de jogar no início da temporada passada (2014/2015). Desde então o guarda-redes tem demonstrado segurança, elasticidade e uma voz de comando que aos 35 anos o torna uma das peças mais importantes para Rui Vitória dentro e fora do relvado. O título de Campeão Nacional alcançado na época transata deve-se em larga escala à experiência e à qualidade deste conceituado guarda-redes, e para este clássico frente ao Porto de Casillas partirá em ligeira vantagem. A

té ao momento Júlio César soma um jogo na Supertaça frente ao Sporting, quatro jogos no Campeonato e uma partida na Liga dos Campeões. No tento sofrido frente ao Sporting, Júlio César não teve qualquer culpa, e no Campeonato sofreu apenas três golos, tendo mantido a baliza a zeros na partida frente ao Astana. O brasileiro tem sido um dos melhores jogadores do novo Benfica de Rui Vitória, tendo sido fundamental na partida frente ao Estoril e frente ao Moreirense onde claramente esteve diretamente ligado na conquista desses 6 pontos no Campeonato.

O efeito Casillas, que trouxe euforia aos adeptos portistas, tem-se revelado, ainda que de forma precoce na temporada, positivo, embora se note ainda alguma instabilidade que o espanhol já revelava ao serviço do Real Madrid. Em termos de experiência, o guardião tem oferecido ao último reduto dos dragões confiança e nas primeiras quatro jornadas do Campeonato apenas o Marítimo e o Arouca o conseguiram destronar, tendo apenas dois golos sofridos. Se no Campeonato Casillas leva ligeira vantagem sobre Júlio César em termos de golos sofridos, a verdade é que no recente embate para a Liga dos Campeões (Casillas igualou Xavi com 151 jogos na prova) frente ao Dinamo de Kiev o guarda-redes não ficou isento de culpas nos dois golos sofridos que acabaram por ditar o empate na Ucrânia.

Em termos globais os dois míticos guardiões sofreram quatro golos e no jogo de domingo entrarão em campo para demonstrar dentro das quatro linhas que o palmarés, o passado e a experiência não são as suas únicas valências. Apesar da veterania, contar com as luvas prestigiadas destas lendas das redes mundiais deve ser encarado como um motivo de orgulho para o futebol português e fica um último recado: Aboubakar e Jonas vão ter que suar bastante. 

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