Um Clássico que não fica na memória do público mas que parece ter sido desenhado para os analistas de futebol e diversos especialistas na matéria uma vez que colocou em confronto dois estilos completamente contrastantes mas igualmente em bom plano, o que até ao minuto 86 poderia indiciar que haveria mesmo lugar a um empate. No entanto, um golo oportuno, num timing excelente e até perfeito possibilitou ao FC Porto somar os três pontos em disputa.

Olhando para a abordagem dos dragões saltou à vista a aposta no principal produto da sua formação desde há alguns anos a esta parte, caso de Rúben Neves, que no entanto com o passar dos minutos se revelaria frustrada pois principalmente na primeira parte não foi capaz de suplantar a acção dos seus rivais directos no centro do terreno.

Por outro lado, Maxi Pereira jogou ao seu estilo autoritário e muitas vezes no limiar da violência (ficaram por mostrar dois cartões amarelos por conduta violenta sobre Mitroglou e Jonas, dois lances que apenas escaparam à atenção de Artur Soares Dias apenas por terem decorrido em zonas e momentos de difícil de análise para o árbitro), e representou o maior caso de arbitragem numa noite em que nesse prisma o dragão não terá qualquer razão de queixa.

No que respeita ao plano desportivo Maxi voltou a mostrar uma mentalidade férrea e esteve a alto nível nas suas incursões. Essa é a virtude que impede o surgimento de qualquer tipo de pressão pelo facto de ter pela frente o emblema que representou durante oito temporadas e no qual deixou companheiros e amigos.



Benfica especulou em demasia na 2ª parte, pagando por isso a factura já no final

Dureza excessiva à parte, o maior elogio que pode fazer-se à prestação de Maxi é que foi capaz de secar Nico Gaitán, o jogador mais virtuoso da Liga NOS, fazendo uso à experiência que o torna indispensável também para o Uruguai.

Numa perspectiva colectiva, pode dizer-se que o dragão saiu vencedor deste encontro precisamente pelo respeito que demonstrou pelo seu arqui-rival como não o fez em determinadas etapas da época passada. Deve aprender-se com os erros cometidos e foi neste caso o que sucedeu com o FC Porto, que assim conseguiu aumentar distâncias sobre o rival por se ter mantido fiel aos seus processos de jogo ao contrário de um Benfica que na segunda parte abusou da aposta na especulação.

A segunda metade das águias foi recordando dissabores vividos num passado recente por terem procurado em demasia o encaixe no futebol do seu adversário depois de uma primeira parte promissora e personalizada.

Pode até dizer-se que ao contrário da questão extradesportiva na qual o Benfica procura dissociar-se do relacionamento que manteve com Jorge Jesus a génese da preparação para uma parte desta partida foi cometer o erro de tentar encaixar a equipa na forma de jogar dos dragões que por várias vezes trouxe problemas de sobra – e derrotas, ao passo que o FC Porto parece ter testado perante o Dínamo de Kiev pela Liga dos Campeões a melhor forma para persistir á cobertura de um meio-campo forte.



Muitas e boas opções nas alas ofensivas do FC Porto – Tello nem sequer entrou…

Depois de não terem vencido em Kiev quando merecia a vitória, frente ao Benfica os azuis-e- brancos chegaram à vitória quando já poucos o esperariam e o empate até se ajustava pelo equilíbrio de forças; o triunfo foi apenas possível graças à continuidade da intermediária que não só não soçobrou como foi capaz de intensificar a pressão, o que valeu uma reviravolta (não consumada) na Ucrânia e a vitória sobre as águias.

Nas alas ofensivas, Brahimi esteve ao seu nível e Varela entrou para fazer exactamente o que dele Julen Lopetegui esperava, o que tornou desnecessária a utilização de Cristian Tello que assim terá de esperar para eventualmente poder fazer o que a escassa utilização em Barcelona terá impedido quando ainda se encontrava em Espanha.

Quanto ao Benfica, apesar da derrota ficou a certeza de que para jogar o futebolista português apenas necessita de mostrar que o quer, o que fica bem claro com as prestações regulares dos laterais Nélson Semedo e Eliseu, especialmente o primeiro por ter ainda recebido alguma formação como jogador na equipa B encarnada.

Um factor importante para os bicampeões nacionais, que deixaram indicações interessantes, é certo, mas agora terão de lidar com um atraso de quatro pontos para o seu rival numa Liga na qual os ‘grandes’ poucas vezes são verdadeiramente incomodados ao ponto de perder pontos com frequência – importante adiantamento para o FC Porto, mas este Benfica mostra consistência para continuar a lutar.