No mínimo curioso perceber que enquanto decorre a quezília entre o Benfica e Jorge Jesus, boa parte dela promovida pelo próprio treinador do Sporting, diga-se, no mesmo sentido que o presidente leonino, Bruno de Carvalho, no panorama internacional os encarnados encontram-se melhor do que nunca e agora alcançam a melhor performance que alguma vez haviam conseguido na fase de grupos da Liga dos Campeões, com 9 pontos em 4 jogos disputados.

Algo que nem Jesus… nem qualquer outro técnico haviam conseguido fazer, um feito conseguido graças a uma merecida vitória sobre o Galatasaray. Com a qualificação para os oitavos-de-final tão perto - dista apenas um ponto - certamente que o presidente Luís Filipe Vieira será um dos homens que mais sorri neste momento pois o Benfica forte e confiante parece estar a regressar.

Desta feita, proporcionando uma noite sólida na qual se superiorizou em termos futebolísticos a este rival directo na luta por um lugar na próxima fase da Champions, não tendo tremido perante a responsabilidade, o Benfica fez jus ao que dizia na época passada Sérgio Conceição, na altura como treinador do Sporting de Braga, que o Benfica «normalmente é um dos clubes que mais dificuldades cria a qualquer adversário em Portugal». Foi isso mesmo que as águias conseguiram fazer e transparecer para o adversário turco essas mesmas dificuldades, assumindo o encontro como lhe competia pela sua maior qualidade e pelo sempre determinante factor casa.

Eliseu ultrapassou erros dos últimos jogos e protagonizou forte asa esquerda com Gaitán

Depois do traumatizante desaire contra o Sporting, rival com o qual vive nesta altura uma relação muito problemática, o Benfica não poderia dar-se ao luxo de voltar a desaproveitar o convívio e carinho que a Luz e a sua massa associativa lhe garantem, e assim fez, dominando sob todos os aspectos naquela que terá sido uma das exibições mais consistentes de toda a época ainda que com direito a alguns sustos no período final, e por culpas próprias.

Sem se ter ainda convencido quanto à titularidade indiscutível na lateral esquerda, uma posição malfadada que ficou marcada pela saída dos anteriores concorrentes e que teima em protagonizar boa parte dos erros da equipa encarnada, Rui Vitória voltou à base ao apostar em Eliseu, que a título de curiosidade vem demonstrando uma bem maior segurança no plano europeu do que propriamente na Liga, prova na qual tem acumulado sucessivos erros.

De regresso à equipa para mais uma noite europeia, Eliseu deu uma boa resposta mesmo perante adversários teoricamente bem mais valiosos do que aqueles com que se tem deparado em termos domésticos, reeditando a habitual asa esquerda com o muito cobiçado internacionalmente Nico Gaitán, que acabou expulso do encontro por acumulação de amarelos e assim contribuiu para um final de nervos que se poderia ter evitado com alguma facilidade depois de uma vez mais ter brilhado.

Apesar da expulsão de Nico, a ala esquerda esteve em grande plano de evidência durante todo o encontro, tendo gerado os golos de bola parada que haveriam de resultar na conquista dos três pontos, uma parceria de sucesso que nem sempre se tem manifestado e que em boa hora voltou a dar-se a conhecer para uma importante vitória à qual se juntou muito sentido colectivo na hora de defender, em especial quando a equipa se viu privada de uma das suas unidades.

Sucesso europeu será importante tónico para a Liga NOS, na qual falhar já não é opção

Tudo somado, a vitória tangencial parece até pouco para o bom nível geral que a águia apresentou, mas expressa bem o suficiente para que o neste momento realmente importa, a liderança do grupo C de forma isolada e a certeza de que apenas uma hecatombe (duas derrotas, frente a Astana e Atlético de Madrid, associadas a vitórias do ‘Gala’ sobre esses dois mesmos adversários) afastará a equipa de uma meta que tem sido uma raridade nos últimos anos.

No final de contas, tão importante vencer bem e com direito a liderança europeia: é também o melhor tónico possível para a Liga NOS, na qual os bicampeões nacionais em título não podem voltar a errar e por isso estarão mais moralizados do que nunca para receber o Boavista.

Um adversário aguerrido que exige confiança máxima pelo facto de certamente promover um encontro fisicamente exigente ao qual apenas se pode corresponder com futebol de qualidade sob pena de um resultado surpreendente. E isso, sabem as águias, não poderá voltar a ser permitido face ao risco de perderem toda esta recuperação mental e desportiva nos diferentes planos em que a equipa se encontra inserida.