O Santiago Bernabéu pasmou-se esta tarde com a debilidade gritante do Real Madrid e com a quase pornográfica dominância do Barcelona - quatro golos «blaugrana» derrubaram um plácido, adormecido, entorpecido Real, que foi completamente cilindrado pela mestria de craques como Andrès Iniesta, Neymar e Luis Suárez

Sem a estrela «culé» Lionel Messi, que se sentou no banco neste regresso após lesão, mas também sem craques míticos como Xavi Hernández ou Iker Casillas, o famigerado «El Clásico» arrancou com o tiki-taka do Barcelona a controlar as incidências a meio-campo. Com Sergi Roberto, Ivan Rakitic (vindo de lesão) e Iniesta a expandirem o seu futebol de forma eficaz e manipuladora, a formação forasteira libertava Neymar e Suárez com facilidade.

O golo inaugural surgiu através de uma deliciosa trivela do uruguaio matador, aos 11 minutos, após assistência do jovem médio Sergi Roberto, que mostra ter todo o potencial para ser um dos pilares do futuro Barcelona. A desorganizada defesa do Real Madrid, facilmente desmontada pela engenharia «blaugrana», dava sinais de estar numa péssima forma. E o pior estava ainda para vir...que o digam Raphael Varane e Sergio Ramos.

O segundo golo surgiu aos 39 minutos, já depois da forçada saída de Javier Mascherano (por lesão na virilha) e da estupenda defesa de Claudio Bravo, parando o tiro de meia-distância de James Rodríguez, efectuado aos 28 minutos de jogo. O ilusionista Iniesta descobriu Neymar na meia esquerda, este fugiu à marcação e bateu Keylor Navas. E aos 45+2 minutos, o terceiro esteve à vista de todos, mas Marcelo salvou, de cabeça e em cima do risco de golo, aquele que seria o segundo tento de Suárez.

Na segunda parte o Real Madrid entrou em campo com uma atitude renovada mas com os mesmos erros sistémicos. Marcelo e James Rodríguez colocaram Claudio Bravo em sentido mas foi o Barcelona a festejar - Iniesta e Neymar construíram uma triangulação perfeita que resultou num tiro certeiro do médio espanhol à entrada da área «merengue». Pesadelo no Bernabéu, com o sector recuado madrileno a mostrar fragilidades embaraçosas (especialmente os centrais).

Rafa Benítez tirou James e lançou Isco, numa tentativa de readquirir o meio-campo, enquanto Luis Enrique poupou Rakitic e colocou em campo Messi. O Real esteve perto de reduzir a desvantagem mas Cristiano Ronaldo, perfeitamente lançado por Isco, encontrou a mancha de Bravo, que defendeu o remate do português com a cabeça. Bravo, em grande plano, viria novamente a ser imparável, impedindo Karim Benzema e Ronaldo (cabeçadas perigosas) de fazerem o 1-3.

O quarto golo surgiu por intermédio de Luis Suárez, que, isolado, sentou o costa-riquenho Keylor Navas e aumentou a humilhação aos 74 minutos, deixando o Santiago Bernabéu ainda mais silenciado. O uruguaio voltou a fazer mossa ao Real e a expor as debilidades tácticas dos «merengues». Houve ainda tempo para a expulsão de Isco (84 minutos), por entrada agressiva sobre um dançante Neymar que espalhava magia e insolência pelo relvado. O Barcelona fica assim com 6 pontos de vantagem sobre os madrilenos na Liga BBVA.