Foi em dia de homenagem a Peyroteo, onde todos os jogadores apresentavam o nome da lenda leonina nas camisolas, que o Sporting viveu mais uma noite de glória dado que, depois de anos sem conseguir derrotar o rival com tanta consistência, o voltou a fazer esta noite, desta feita pela terceira vez consecutiva esta época e segunda ocasião consecutiva no seu estádio. Vencedor incontestável da partida, o emblema verde-e-branco apurou-se para a próxima eliminatória da Taça Rainha com 2 golos que se devem à perícia de Adrien e Slimani, que não hesitaram em perfurar as redes de Júlio César. Foi o Benfica que começou a ganhar, com um golo de Mitrogolou, mas o ritmo de jogo apontou mesmo o empate e, já no prolongamento, a vitória dos leões.

1ª parte: ritmo foi a palavra de ordem

A primeira parte da partida foi jogada de forma rápida e intensa, com muito ritmo a ser impresso no jogo. Com um Sporting forte e similar ao que se apresentou nos dois últimos “derbys” lisboetas, a iniciativa inicial pendeu sobretudo para os lados da equipa da casa, com o Benfica a destacar-se mais defensivamente e a apresentar uma defesa sólida e eficaz. Prova disso foi Luisão quando, ao minuto 4, impediu uma ofensiva perigosa do Sporting. Depois de João Mário tentar avançar mas sem sucesso, ao ser impossibilitado de prosseguir o ataque pelas intervenções de Samaris e Gaitán, a bola sobrou para Slimani que, perigosamente, correu com a bola numa clara ameaça de jogo, mas o capitão da Luz não se deixou intimidar e cortou com perícia. Segundos depois era a vez de Bryan Ruiz tentar a sua sorte, em conjunto com Slimani, mas o cabeceamento de Slimani resultou com a bola a embater no poste, deixando o resultado a zeros.

Mas não ficou assim por muito tempo. Nada mais foi preciso do que uma primeira incursão do Benfica à área de Rui Patrício para o rumo mudar completamente: um passe de excelência de Gaitán rasgou toda a defesa e sobrou para Pizzi que, com qualidade, dominou a bola de forma impecável e passou para Mitroglou que, implacável, nem teve de pensar para rematar para o primeiro golo da partida. Estava consolidada a vantagem das águias mas não por isso o Sporting perdeu motivação, procurando intensamente pelo golo que achava merecer. Exemplo disso foi Montero quando, ao minuto 13, apareceu na área do Benfica e tentou a sua sorte, mas o cabeceamento saiu defeituoso. Nesta onda, e com iniciativas de parte a parte, ainda que mais leoninas, o jogo mostrou-se emocionante e com ritmo, com uma dinâmica que só um derby consegue ter. Com um Benfica mais fraco no ataque e com mais investimento no bloco defensivo, que se apresentou mais compacto e reforçado, as diversas tentativas do Sporting foram sendo travadas com alguma segurança.

Jogava-se já o minuto 32 quando João Mário e Slimani estiveram perto do empate. Depois do português cruzar para o Argelino, o guarda-redes benfiquista adiantou-se e bateu na bola, que tocou no peito de Slimani e só não entrou na baliza por uma unha negra. Minutos depois, o guarda-redes brasileiro voltou a dar provas e fez uma defesa impecável àquele que foi um remate de craque de Jefferson.

Sem sucesso nos 45 minutos iniciais, e quando se pensava que o Benfica ia chegar ao intervalo a ganhar, eis que chega Adrien e muda as regras do jogo no 2º minuto de compensação. No centro da jogada estiveram Slimani e Júlio César, entre movimentos confusos, mas certo é que a bola sobrou para o leão Adrien que, sem medos, rematou em força para um excelente golo, que ditou o empate. Os sportinguistas celebraram em euforia e foi com o empate a 1 que a primeira parte acabou, deixando as expetativas em alta para o 2º bloco de jogo.

2ª parte: Esteve perto, mas não foi

Se já estava pressionante na primeira parte, o Sporting ainda entrou com mais energia na segunda. Com a defesa também forte, os leões conseguiram manter o Benfica fora dos radares de Rui Patrício tal como Paulo Oliveira, ao minuto 51, provou ao cortar uma boa investida de Mitroglou. Com motivação estava também o ataque da equipa da casa que nem por um segundo descansou da busca pelo tento que poderia tornar a vitória possível. Já do lado das águias Talisca surgiu em destaque, tentando ensaiar algumas jogadas contra a baliza de Rui Patrício sem grande sucesso. Destaque para o minuto 71, quando o benfiquista tentou a meia distância mas Patrício defendeu com a segurança habitual. Poucos minutos depois era a vez de Eliseu tentar a sua sorte, efetuando um grande remate em que valeu e muito a perícia de Rui Patrício, que realizou uma grande defesa ao esticar-se e defender a bola, mais uma vez com toda a segurança.

Contrariando um bocadinho o que mostrou na maioria do jogo, notou-se uma ligeira subida do Benfica na segunda metade do segundo bloco de jogo, com mais ataques ofensivos a serem ensaiados e mais jogadores a procurarem o golo. Ainda assim, o Sporting não perdeu o seu ritmo e por 3 ocasiões seguidas esteve perto do golo da vitória. Começando no 86, passando no 88 com uma extraordinária defesa de Júlio César e acabando no 89, em que Slimani por pouco não aproveitou o passe de Gelson para aumentar o marcador, a vitória estava cada vez mais perto para o Sporting, mas o tempo regulamentar não foi suficiente. No fim dos 3 minutos de compensação o resultado era o empate a 1 e, por isso, o passe seguinte foi claro: prolongamento.

Prolongamento: Foi manter e sucesso ter

Talvez pelo cansaço, o prolongamento não foi tão ritmado como o resto do jogo, mas não foi por isso que boas ocasiões não se conquistaram. Exemplo disso foi o minuto 100, quando Gaitán rematou fortíssimo mas Rui Patrício foi brilhante na resposta. Com o Benfica mais em destaque na primeira parte do prolongamento, este chegou à pausa com o resultado igual. A troca de balizas foi efetuada e tudo se pôs a postos para continuar a partida, e desta feita quem entrou em destaque foi o Sporting. Tal como o minuto 106, em que Gelson fintou Eliseu com perícia e fez um bom cruzamento, mas que Sílvio soube intercetar, outras jogadas dos leões procuravam resolver a partida sem recorrer às grandes penalidades. Mas as tentativas rapidamente se tornaram em oportunidades quando, ao minuto 112, Slimani rematou para o derradeiro golo que ditou a vitória dos leões. Adrien rematou com força de fora da área e o herói Júlio César defendeu, mas a bola foi para a frente e, sem qualquer receio, Slimani agarrou a oportunidade e fez o segundo golo do Sporting, que pôs os verde e brancos em vantagem que só teriam de aguentar por alguns minutos.

Assim foi e, quando Jorge Sousa apitou para o final da partida, foi Alvalade que celebrou a passagem à próxima fase da Taça de Portugal, com o bónus de conseguir mais uma vitória ao rival do outro lado da 2ª circular. O mérito foi dos leões que tudo fizeram para vencer e assim o conseguiram, carimbando o passaporte para a continuação na competição. Já o Benfica fica por aqui, perdendo o 3º derby consecutivo e sendo posto de lado da competição.