Poderão faltar apenas algumas horas para que o Benfica volte a festejar a passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, facto que não se sucede desde a temporada 2011/2012. A 7000 quilómetros de distância de terras lusas, os encarnados entraram em falso na partida e foram os cazaques do Astana a mostrarem superioridade táctica e maior discernimento colectivo durante grande parte do encontro. As Águias quase foram abatidas mas dois golos de Raúl Jiménez evitaram o pior.

Benfica entra em falso, Astana duro de roer em casa

Esperava-se, no Cazaquistão, um Benfica debilitado, na decorrência natural do desaire da Taça de Portugal, ainda fresco na memória da equipa da Luz. Mas ninguém esperava uma total desconcentração colectiva que assolou a equipa e permitiu ao Astana explanar o seu futebol de modo bastente eficaz: Twumasi avisou primeiro e aos 18 minutos atirou a contar, respondendo com assertividade e oportunismo a um centro milimétrico de Kabananga. Na origem do tento, grande passividade de Sílvio e também de Eliseu, que se deixou facilmente bater pela desmarcação do marcador ganês.

É certo que o Benfica sabia que a deslocação ao Cazaquistão seria razoavelmente espinhosa (nem Atlético Madrid nem Galatasaray foram capazes de ganhar no reduto do campeão cazaque) mas o começo de jogo indicava que a tarefa encarnada seria bem mais árdua que o expectável. Tudo se agravou quando, na sequência de um livre longo, Anicic penteou a bola com o ombro e, sem disputa aérea competente por parte de defesa do Benfica, aumentou a contagem para 2-0 à passagem do minuto 31. Desconexo e a jogar aos solavancos, o Benfica tardava em entrar no jogo.

Ao esforço estóico do combativo Gonçalo Guedes (um dos mais activos na vertente ofensiva) juntou-se a garra de Pizzi, mas o remate do português, ainda que potente, esbarrou nas mãos do guarda-redes do Astana, Eric, aos 35 minutos. Cinco minutos depois o Benfica conseguia, finalmente, dar um ar de sua graça: Jonas descaiu para o flanco direito, cruzou com força e Raúl Jiménez, imperial, cabeceou ao primeiro poste, fulminando Eric. Segundo tento do mexicano com a camisola do Benfica, segundo golo marcado de cabeça (o primeiro havia sido contra o Morereirense).

Insegurança defensiva encarnada foi uma constante

Mas a reacção benfiquista não atenuava a ameaça latente que significava a atroz velocidade de rapina do ataque cazaque, que sempre que descobriu clareiras no meio-campo do Benfica, aproveitava para lançar as suas setas (Twumasi e Kabananga), colocando assim em graves dificuldades a dupla de centrais Lisandro López e Jardel - prova disso foi a falta do argentino (consequente cartão amarelo aos 45 minutos) aquando da corrida desenfreada de Twumasi, que ameaçava isolar-se perante Júlio César. A insegurança defensiva do quarteto recuado foi uma constante.

A segunda parte abriu com uma corrida desalmada do jovem estreante Renato Sanches (primeiro jogo a titular com a camisola do Benfica) que culminou com um passe de belo efeito para a desmarcação de Gonçalo Guedes, mas o «keeper» do Astana chegou primeiro ao esférico. E se as contrariedades do Benfica aquando da preparação do jogo já eram muitas (Gaitán castigado e Luisão lesionado, sem falar da prolongada ausência de Semedo), acentuaram-se quando Sílvio caiu, queixoso, no relvado. Rui Vitória fez entrar André Almeida para o seu lugar e lançou Talisca (saindo Samaris) no jogo aos 65 minutos.

Raúl Jiménez bisou e já triplicou número de golos marcados...pelo Atlético

O duelo continou equilibrado, claro, com maior pendor ofensivo por parte do Benfica, que a esta altura tentava a todo o custo chegar ao empate. Ainda assim, o contra-golpe cazaque não adormecia e Kabananga esteve perto de marcar, não fossem os reflexos de Júlio César. Aos 72 minutos, os encarnados finalmente igualaram a partida, através do reincidente Raúl Jiménez, que assim fez o seu primeiro bis com a camisola das Águias - Almeida cruzou rasteiro a partir do flanco direito e o mexicano, com ligeireza, encostou contra o poste. A bola encaminhou-se para as redes e o Benfica celebrava o empate esforçado.

Pizzi voltou a testar os reflexos de Eric, aos 74 minutos, num assomo de motivação encarnada, mas o guarda-redes voltou a levar a melhor; na resposta, Maksimovic quase desfez o empate. Rui Vitória fez descansar Jonas e lançou o médio italiano Bryan Cristante, segurando o meio-campo nos dez minutos finais. O empate revelou-se, no final, um mal menor, permitindo o apuramento caso, no final do dia de hoje, o Galatasaray não seja capaz de bater o Atlético Madrid, no Vicente Calderón.