À entrada para a 5ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, Benfica e FC Porto encontravam-se numa situação bem semelhante, encontrando-se a uma mera vitória de confirmar a presença nos oitavos-de-final da competição, sendo que um ponto poderia também bastar - no caso dos dragões, até mesmo a igualdade representaria a passagem à fase seguinte. No entanto, 90 minutos depois, o panorama é bem distinto…

Se para o FC Porto um ponto antes parecia próximo, agora parece estar a léguas, tendo em conta que a desconcentração depressa transformada em dessincronização frente ao Dínamo de Kiev levou a uma derrota em tempo inoportuno e à quase obrigação de vencer em Londres frente ao Chelsea, um resultado que obrigará o dragão a jogar ao nível das melhores noites europeias do seu historial mais ainda pelo facto de o campeão inglês parecer em sentido de clara retoma.

Para o dragão o empate pode bastar… ainda que esse cenário não seja provável uma vez que ao Dínamo apenas basta levar de vencida enquanto visitado o já eliminado Maccabi que até ao momento ainda não foi sequer capaz de pontuar quando demonstrou perante o dragão, um conjunto incomparavelmente superior aos israelitas, que se encontram a jogar a um ritmo superior que, diga-se, faz justiça a uma eventual presença na fase seguinte.

Pela primeira vez nesta edição da Liga dos Campeões os azuis-e-brancos sentiram a falta de um goleador como o era Jackson Martinez, tendo contado com um Aboubakar inoperante que nunca colocou em perigo as redes do ‘eterno’ Shovkovskyi, não só pela ausência de remates como mesmo na conquista de livres junto ao último reduto ucraniano, em contraste com o que conseguiu fazer Junior Moraes, o homem mais adiantado na equipa do Dínamo.

Enquanto o FC Porto teve neste encontro uma nulidade em Aboubakar, na equipa visitante o irmão do ex-dragão Bruno Moraes soube sacrificar-se em prol da equipa e das individualidades como Andriy Yarmolenko que se encarregaram de provocar os desequilíbrios e confundir o clube da Invicta que esteve bastante abaixo dos seus ‘píncaros’.

A uma jornada do final da fase de grupos, o Benfica já garantiu a sua qualificação

Alguns deles foram vividos na época passada, na qual chegaram a demonstrar uma amplitude táctica que chegou mesmo a proporcionar defesas com três elementos e muito interessantes prestações defensivas apenas com 10 elementos. Esses feitos chegaram inclusivamente a suceder na Liga dos Campeões. Já ante o Dínamo, a defesa era a quatro, a equipa não perdeu nenhum jogador por expulsão e nem por isso conseguiu controlar as operações…

O problema deste dragão não se encontra na dificuldade em jogar com a bola em seu poder, pois conquista situações de posse de bola continuada com naturalidade; a insuficiência está no momento seguinte e no reduzido número de remates perigosos para quem tanto tem o esférico em seu poder…

Se no Dragão se terá recordado Jackson… na Luz esperar-se-á que o colombiano não regresse inspirado a Portugal pois seria um passo em frente para as pretensões do Benfica que a uma jornada do final da fase de grupos garantiu já a sua presença nos oitavos-de-final e agora disputará em sua casa e em vantagem no confronto directo a primeira posição do agrupamento com o Atlético de Madrid.

Apesar de o empate bastar para que os encarnados vençam o seu grupo, da capital espanhola viajará um adversário bastante respeitável liderado por um… benfiquista de seu nome Tiago, um experiente médio de apurada técnica e uma extrema maturidade que o apresenta como um grande jogador de futebol e uma mais-valia não só para o Atlético como para a própria Selecção Nacional na qual a Federação e os seus companheiros de equipa agradecerão o seu contributo.

Para além da qualidade de Jackson, Tiago, um jogador muito importante na ajuda em todos os momentos nesta equipa, e o próprio poderio do Atlético que, não deve esquecer-se, se trata do finalista vencido desta mesma prova há duas temporadas, o que obriga ao maior dos respeitos e cuidados, ao Benfica exige-se atenção ao nível do equilíbrio entre sectores como sucedeu nos anteriores dois encontros que permitiram a obtenção dos seis pontos possíveis enquanto visitado.

FC Porto com tarefa hercúlea pela frente, tal como a luta do Benfica pela vitória no agrupamento

Recorde-se que esse futebol consciente valeu a supremacia frente a um Galatasaray perigoso e polivalente, mas nem sempre esse equilíbrio técnico e emocional aconteceu na Liga NOS, o que levou á perda de alguns pontos que nesta altura muita falta fazem ao bicampeão nacional assim como da própria Supertaça no início da época, neste caso jogando em terreno neutro.

Até mesmo da Taça no terceiro desaire da época perante um Sporting comandado pelo seu ex-treinador com o qual mantém uma ‘guerra aberta‘, Jorge Jesus, o Benfica foi afastado precisamente por não manter a consistência a toda a linha.

Frente a um Atleti que se faz conhecer pela raça e paixão que emprega ao seu jogo, os encarnados não poderão perder o controlo nem mesmo por um instante. O que separa o Benfica da vitória no Grupo é na verdade apenas um ponto, mas também um Atlético de Madrid muito maduro tacticamente, detentor de um dos ataques mais temíveis entre todos os participantes na Champions e cada vez mais exemplar em momentos como o contra-ataque.

Esse é um aspecto particular que torna este adversário ainda mais letal e digno de uma preparação minuciosa por parte das águias que por seu lado poderão (deverão ter a favor) o facto de terem conseguido uma importante vitória no Vicente Calderón como cartão-de-visita já reforçado no espaço de último ano - basta lembrar por exemplo que mesmo na negativa participação europeia da época transacta o Benfica também derrotou a sensação da competição, o Monaco.

Em suma: na mesma semana, FC Porto e Benfica estarão em foco na derradeira ronda da fase de grupos da prova milionária em duas verdadeiras finais frente a dois colossos europeus como Chelsea e Atlético de Madrid, com o ‘pequeno’ pormenor de a maior responsabilidade estar do lado dos portistas que se não estiverem na plenitude das suas capacidades cairão mesmo para a Liga Europa, cenário do qual as águias se livraram com mérito e justiça.