O Benfica saiu derrotado, ontem, em plena na Luz, perante o Atlético Madrid, e falhou o objectivo acessório de terminar a fase de grupos na liderança do seu grupo, facto que iria permitir aos encarnados fugirem à maioria dos tubarões europeus a enfrentar nos oitavos-de-final. Mas, apesar do jogo aguerrido, o Benfica ficou aquém das exigências e não foi capaz de anular a vantagem madrilena, construída em cima de dois clamorosos erros defensivos das Águias. Raúl Jiménez e Mitroglou ainda polvilharam o jogo com a expectativa do empate, mas o segundo tento não chegaria.

Benfica, seguro mas curto, sofreu com descoordenações defensivas

Montado num 4-2-3-1 com Jonas como único avançado, o Benfica, cauteloso (e reforçado no meio-campo), entrou bem na partida, circulando a bola com tranquilidade e obrigando o Atlético Madrid a persegui-la constantemente. Mas cedo se percebeu que a manta táctica dos encarnados era curta para as intenções ofensivas da equipa - com tracção atrás, o Benfica segurava o Atlético mas sempre que queria aventurar-se no ataque encontrava-se, impreterivelmente, distante das redes do antigo «keeper» das Águias, Jan Oblak.

Sem surpresa, o primeiro aviso foi do Atlético Madrid: num contra-ataque rápido, os «colchoneros» aproveitaram o espaço deixado no corredor central e dispararam, de meia-distância, um tiro que levava o selo de golo: Saul Ñíguez rematou, Júlio César voo e defendeu para canto (21 minutos de jogo); o segundo aviso chegou por intermédio de Filipe Luís, num remate de fora da área, novamente sacudido pelo guardião brasileiro (22 minutos de jogo). À terceira foi de vez: aproveitando um mau posicionamento de Eliseu, Vietto furou a linha defensiva e assistiu Saul, que bateu César com facilidade (33 minutos de jogo).

Na segunda parte, o Benfica levou apenas um minuto a criar o perigo que nunca causara em 45 minutos: Mitroglou, já em campo, penetrou na área madrilena e rematou com perigo, fazendo a bola rasar o poste. Mas foi o Atlético a chegar ao 2-0, aos 55 minutos, novamente graças à descoordenação defensiva dos encarnados: Ferreira-Carrasco ganhou o flanco e assistiu Vietto, que, na pequena área, foi mais lesto que os dois centrais da Luz, encostando para o fundo das redes. Rui Vitória adicionou Raúl Jiménez ao ataque e retirou Jonas (actuou sem apoio), passando a espraiar-se num 4-4-2.

Renato Sanches foi a tocha que iluminou a Luz, Mitroglou viu o caminho do golo

À medida que os minutos passavam, o Benfica perdia fulgor mas um elemento das fileiras encarnadas permanecia idómito, incansável e irreverente: Renato Sanches. O jovem de 18 anos nunca virou a cara à luta, e, com espectacularidade, foi o grande pilar do meio-campo da Luz, ganhando duelos atrás de duelos, recuperando bolas e emprestando dinâmica à transição da equipa. Foi ele que impulsionou o Benfica para a frente numa altura em que a equipa se comiserava com a desvantagem de dois golos - arrancou dois amarelos (a Godín e a Saul) e foi, de longe, o melhor em campo da turma encarnada.

O golo do Benfica viria a surgir aos 75 minutos de jogo, e seria o mote para uma recta final endiabrada da formação das Águias. Raúl Jiménez assistiu Mitroglou, que, no coração da área, rodopiou e enquadrou-se com a baliza, batendo Oblak com precisão. Já com Carcela em campo, os últimos 15 minutos de jogo seria totalmente dominados pela equipa da casa, com tentativas de Renato Sanches (79 minutos), Raúl Jiménez (de cabeça, aos 84) e Eliseu (disparo aos 87) a causarem pânico na retaguarda madrilena. O golo do empate, que daria o 1º lugar no grupo, no entanto, nunca chegou.